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Senhora da Graça - Mondim de Basto
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BARROSO da FONTE |
Nasceu no lugar de Bobal, freguesia de Bilhó,
concelho de Mondim de Basto, em 30 de Janeiro de 1932. É um autodidacta sem
complexos de qualquer espécie, integrando-se perfeitamente em qualquer ambiente
cerimonioso, festa popular ou mera convivência. Ao longo dos 82 anos que leva
de vida, dando continuidade ao ruralismo de que proveio, nem por isso se isolou
no seu Bobal de Bilhó, na encosta do Alvão, sítio dantesco, de onde se
vislumbram o Monte Farinha, as Fisgas de Ermelo e o Marão. Inconformado com o
rigor dos invernos e com o isolamento geográfico, depois «ter conciliado o bornal, a moca e as cabras,
com a escola, da qual saiu com a terceira classe, a conselho de um tio que
morava em Ribeira de Pena, foi para Vila Pouca de Aguiar aprender o ofício de
alfaiate. A partir dos 15 anos passou a dedicar-se ao banjolim, à viola e ao
violão». Com essa tendência e gosto, mais o entusiasmo da juventude, com outros
jovens do seu tempo, fundou a «Tuna de Bobal». Em 1963, com a influência de
pessoas da vizinha freguesia de Ermelo, de seu irmão padre e do pároco, José
Ferreira Real, dão o pontapé para a criação da Casa do Povo, sendo Joaquim de
Carvalho designado como que o encarregado geral. A sua força de vontade e o
desejo de expandir Bobal até ao centro do mundo, fez das funções de supervisão
dessa Comunidade, o motor de arranque para grandes voos. Passou a colaborar na
imprensa local e regional, onde falava dos seus projectos.
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MARÃO |
E assim liderou, em
toda a sua trajectória de vida, o progresso local. Criou o Rancho Folclórico. Juntamente com a Tuna
operacionalizou a animação que se estendeu à periferia e aos concelhos
vizinhos. Enquanto colaborador de vários jornais da região foi um persistente
mensageiro das necessidades daquela zona montanhosa e menos propensa para a
fixação de pessoas e de desenvolvimento industrial. Conseguiu, com esse combate
acessos que nunca haviam existido, segurança social, electrificação, tudo o que
era básico e de interesse público. Foi autarca, foi representante na Assembleia
Municipal e, utilizando sempre, em deslocações, os transportes públicos ou
familiares, por sua conta e risco, uma
presença viva e activa desde que estivessem em causa os interesses da
comunidade. Este é o protótipo de Transmontano que move montanhas, fazendo das
tripas coração. Dedicou-se às causas públicas, mais do que a si próprio. Foi
solidário, altruísta, tolerante, empenhado, humilde, bom chefe de família,
incapaz de faltar aos seus compromissos, pontual, bairrista, um ser humano que
a si se fez e pelos outros trabalhou, sem que o erário público, alguma vez,
fosse lesado.
Na cidade de Vila Real, em Mondim de
Basto, em actos públicos, em festas, em romarias, em actos religiosos da sua
área de convivência, com chapéu preto,
baixo, de corpo franzino, de nariz atento,
de olhos bem abertos e ouvidos em escuta ao que de interesse público
possa escutar; com pasta debaixo do braço, cheia de recortes para oferecer aos
amigos, aí o temos. É sempre o primeiro a chegar, mesmo que tenha de
levantar-se às quatro da madrugada, alugar um táxi, ou na primeira
camioneta. Não há muitos como ele. Por
isso o trago a esta crónica para perguntar aos políticos se alguma vez se
lembraram dele, imitando-o nas causas públicas, seguindo-o nos bons exemplos de
trabalho, de honestidade e de persistência. E já agora: - quando se lembram de
perpetuar esse exemplo num dos muitos caminhos, vias municipais, ou outras
serviços públicos que, à sua maneira de ser e de estar, se ficaram a dever?
Barroso da Fonte
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