COSTA PEREIRA |
E feita esta abordagem que faltava, vamos deixar a
urbana freguesia de Santa Cruz que, segundo os Census/2001, alberga 6.171
habitantes e como sabemos envolve em si toda a cidade da Praia da Vitória, para
das restantes oito freguesias rurais do concelho fazermos uma resumida
apresentação monográfica. Comecemos então pela parte sul do concelho, do lado
de quem vem de São Sebastião ou do Porto Novo, para darmos destaque à mais nova
freguesia da ilha - Porto Martins ou
"Porto Martim", na sua antiga designação. Recentemente desanexada da
freguesia do Cabo da Praia, mesmo enquanto curato, o Porto Martins teve sempre
uma vida própria, dada a distância a que se encontrava da matriz. Tinha e tem
uma linda igreja, agora paroquial, que consagrada a Santa Margarida festeja,
desde finais do séc. XV, no quarto Domingo de Setembro. Mas esta benjamim
freguesia emancipou-se sobretudo "
pelo facto de ser uma das mais importantes zonas de veraneio, uma localidade de
interesse turístico afirmado, com diversos restaurantes e uma piscina natural
muito apreciada. O Porto Martins é também uma zona que foi sempre muito
procurada para a construção, um interesse que tem vindo a crescer ao ponto de
se tornar quase proibitivo a aquisição de terreno ali ". Se afamada
por zona de cultura da vinha e árvores de fruta, também o é como único lugar da
Terceira onde se cultiva a oliveira. E não menos é conhecida como local
piscatório com tradição.
Sobranceira a
Porto Martins, mais para o interior da ilha, fica a Fonte do Bastardo, cujo
topónimo se deve a uma fonte desse nome, que se tornou mais notável devido à
escassez de água na localidade. Com uma igreja de grandes proporções,
consagrada a Santa Bárbara, a maioria da população desta freguesia, pelos
Census/2001, com 1.156 habitantes, dedica-se à agricultura, já que é " um dos melhores lugares da ilha para
a pastagem e a cultura da vinha e da fruta. Existem várias pequenas industrias
ligadas à construção civil e diversas actividades ligadas ao comércio. Nesta
freguesia criou-se, em 1976, a primeira cooperativa de consumo na ilha, onde
muita gente de outras localidades se desloca a abastecer-se".
Para levar a
eito a descrição prometida, vamos descer da encosta Este da Serra do Cume, pela
Canada do Lajedo, até ao Cabo da Praia,
hoje mais conhecida por nela se situar o porto da Praia e o forte de Santa
Catarina (?). Este lugar tornou-se paróquia em 1470, logo nos inícios do
povoamento. A sua igreja, consagrada a Santa Catarina, mártir de Alexandria, é
um templo de três naves, do séc. XVIII, que "para
além da talha dos altares têm interesse várias imagens dos séculos XVII e XVIII
e as quatro pias de água benta do século XVII". A propósito do terreno agrícola desta
freguesia rezam os antigos anais ser "O
lugar do Cabo da Praia, assaz aprazível da ilha, em tanto que a vegetação dos
cereais e plantas nela se ostenta mais vigorosa e rápida, de forma que os
frutos amadurecem antes que nas outras partes".
Seguindo daqui, pela cidade da Praia da Vitória, no
sentido de Sul para Norte da ilha, encontramos mais adiante uma outra próspera
freguesia rural do interior, as Fontinhas,
nome que teve origem na existência de muitas fontes de pouca água. Tem como
padroeira Nossa Senhora da Pena, cujas festas ocorrem no segundo Domingo de
Agosto. A sua primitiva igreja que remontava ao séc. XV, foi derrubada por um
ciclone em 1925. Reedificada a seguir, em dimensões mais amplas, é o orgulho de
uma freguesia criada ainda no séc. XV, mas que "foi destruída por dois sismos de grande intensidade, um em 1614 e
outro em 1841". Talvez por isso, uma população de 1541 habitantes
ainda hoje seja das mais religiosas da Terceira. Lugar fresco e fértil da
encosta da serra, os seus terrenos e construções antigas denunciam um bom
exemplo da prosperidade do Ramo Grande, com óptimos terrenos de pastagens e
pomares. A seguir há mais.
Costa Pereira
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