O título escolhido para este trabalho foi-me sugerido pelos versos de uma emblemática cantiga das segadas da minha terra, mas corresponde também ao apelo secreto de regresso, que o tempo e as circunstâncias da vida vão disfarçando mas não conseguem apagar. Regresso às origens, às raízes, ao húmus que me fez crescer, às vivências sem as quais seria hoje, fatalmente, diferente do que sou - provavelmente menos rústico, seguramente mais ignorante.
Esse desejo de regresso tem uma forte componente física a que não são estranhos os montes, as casas, a terra, as árvores, os caminhos, os gostos, os cheiros.
Mas tem também, e não menos apelativa, uma vertente espiritual povoada de pessoas e gestos, de amores e desamores, de afectos, de recordações. E se a concretização da primeira não se compadece com a distância, à segunda basta a memória para a tornar presente.
É este regressar sem regresso, alicerçado apenas em vivências antigas e em doces e indeléveis recordações, que vou tentar partilhar, certo de que pouco do que fui anotando ao longo de quase 50 anos, resta hoje.
Na verdade, tudo quanto se refere aos hábitos, trabalhos e vivências, há meio século que se vem perdendo e subsiste apenas na memória dos poucos mais velhos que ainda resistem aos invernos que já passaram e à saudade amarga da vida a esgotar-se. (...)
Quem me dera naqueles montes - MEMÓRIAS...e outras ...
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Grémio Literário Vila-Realense |
Ÿ Dia 13 de Junho de 2014, às 18h30, na Livraria Traga-Mundos (Rua Miguel Bombarda, 24 – Vila Real):
– Apresentação do livro Contos no Terreiro ao Luar de Agosto, de Júlia Ribeiro, por Maria Hercília Agarez.
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