sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Futura Mãe de Manuela Criner





Manuela Criner

O ra hoje vou contar um pequeno episódio sobre a minha "futura Mãe".
 Há alguns anos- não sei se esse hábito ainda se mantém - quando havia uma tourada aqui na Figueira, era certo e sabido que andaria algures um touro à solta. Passado pouco tempo viam-se os campinos a mostrarem a sua arte. Ora a casa onde nasci, que era do meu Avô, situava-se mesmo frente ao mar e, embora esteja no mesmo sítio, é das raras antigas que ainda perduram, visto que foi construída com enormes blocos de pedra e não com tijolo como as construídas agora, para chegar ao mar é preciso atravessar uma enorme avenida com ruas duplas e jardim a dividi-las e depois até ao mar, um areal imenso que mais parece o deserto do Sahará.
 Naquele tempo e já no meu tempo de adolescente e até eu ir para Moçambique com vinte e três anos, o mar chegava até às casas, sobretudo nas marés altas, no Inverno. Parece que estavam à espera que me fosse embora para transformarem tudo. Agora há até uma espécie de passadeira de madeira, um pouco mais alta, para chegar às barracas e ao mar.
 Andava a minha "futura Mãe" a passear na praia, em frente da casa, com uma amiga, que tinha vindo do Ribatejo passar uns dias com as três manas - a minha "futura" e as minhas duas tias" - quando ao longe avista um ponto negro. Instantaneamente fez-se luz:-"Foge, que vem aí um touro!-" Qual foge! A moça era gordinha, rechonchuda...e, quando muito, andava...mas correr...não era muito o seu género. Enquanto uma era baixa e gorda, a minha "futura" era alta e magra. E o ponto negro já era uma bola...de bola passou...anda depressa...agarrou-lhe a mão para ajudá-la a ir mais depressa...e já se percebia que era um touro. Vem...se não corremos somos apanhadas...e a moça arfava com o esforço e...saltam-lhe os seios para fora do decote. Ficou muito aflita com o facto e...deixa as mamas em paz...corre, que está quase aqui...e a Olivinha, uma vez mais, quase a arrasta, elas chegam a casa, que tem umas escadas de lado...o touro chega, mas já não as apanha...por muito pouco.
 O touro viera da ponta da praia sul até ali, tendo-as como ponto de referência, e se a minha "futura Mãe", que só o seria daí a uns anos e ainda nem o meu Pai conhecia, não tivesse avistado aquele pontinho preto ao longe e não soubesse que era dia de tourada, eu não estaria aqui hoje a dizer-vos - Olá, Amigos! ! !
 Havia uma pergunta que eu fazia aos meus Pais quando era muito pequena e que me punha a cabeça à roda :-"Mãezita, se a minha Mãe não fosse a minha Mãe e o meu Pai não fosse o meu Pai, como é que eu era? A minha cara era a mesma ou era outra -?" Pergunta difícil e resposta nada fácil e a minha Mãe contornava-a, para meu descanso... mas até hoje não sei a verdadeira resposta, embora ela me afirmasse que Eu seria sempre Eu. E se não me chamassem Nelita já não poderia ser Eu...Mas tu és tu, não és? Então não te preocupes! E pronto ! Faz uma pessoa perguntas, aflita da vida, receando que aquela que era Eu, poderia ser outra...que confusão...e continuo nesta agonia.
 E pronto, Amigo, mais um pequeno episódio dos muitos que escrevi no falado mas não editado livro.
Outro dia contarei uma estória de caça...mas não posso contar tudo, não é? Boa noite, bom descanso e um abraço do ♥ da Manuela Criner.



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