Chegar
demasiado cedo a um encontro, provoca alguma inquietação que se traduz,
normalmente, na constante verificação dos ponteiros do relógio. Para a colmatar
procura-se um quiosque, compra-se o jornal e espera-se sentado a lê-lo pelos
respectivos convivas. Foi o que nos aconteceu um dia destes.
Como
ali não havia nenhum quiosque, entramos numa livraria. Dirigimo-nos para uma
rima de autores portugueses. E o que logo nos veio à mão foi “A Cidade e as
Serras” de Eça. Como nos lembramos do já mítico “pensativo cigarro”,
fumado por José Fernandes (de Noronha e Sande), antes do almoço, levámo-lo
porque custava tanto como o jornal. E assim (revisitando Jacinto e Zé Fernandes
nas suas deambulações por Paris com sede no 202, e ao mesmo tempo os meandros
do nosso antigo Liceu Alexandre Herculano, no Porto), com 2.50 euros levamos
247 páginas (cerca de 32 m de papel) de excelente literatura, com uma
introdução de Carlos Reis. Fizemos o mesmo que o Eterno da visão de Zé Fernandes “que lia Voltaire, numa edição
barata, e sorria”. Nós lemos Eça, e também sorrimos.
Bem
nos veio à memória Karl Popper, para quem o “milagre grego” se devia, em grande
parte, à revolução editorial assistida na Grécia Clássica.
Armando Palavras
Desfrutem desta pérola. São seis páginas retiradas desta
publicação. Setenta e dois centímetros de papel com uma prosa suprema!
QUEIRÓS, Eça, A Cidade e as Serras (texto integral),
Biblioteca Ulisseia de autores portugueses, 6ª ed., Braga,
2001
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