Fernando Pessoa |
Cartaz de promoção de autosuficiência (1942) |
A actual situação de bancarrota em que o País se afundou em seis anos, não é situação nova como é do domínio público. O que é novo é a gravidade do problema. Esta bancarrota é muitíssimo mais gravosa que as outras. Sabemos que além desta, na época democrática já por duas vezes o FMI tinha intervindo na reestruturação do País. No fundo é o retrato da elite politica nacional que nos tem “governado”[1]. E os resquícios de um passado não muito longínquo. Finais do século XIX. Nessa altura um grupo de intelectuais como Guerra Junqueiro, Eça de Queirós ou Ramalho Urtigão, souberam elevar a voz para retratar o estado da Nação. O próprio Fernando Pessoa, já em pleno século XX, lançou a público um pequeno opúsculo[2], publicado na Acção[3] e intitulava-se precisamente Como Organizar Portugal.
Cartaz de promoção de autosuficiência (1942) |
Abre com uma apreciação sobre a Alemanha. A sua força provinha da sua organização, diz o poeta. Adiante, critica as ideias da Revolução Francesa e dos bolchevistas. Acrescenta uma teorização sobre a organização social de um Estado, principalmente sobre Portugal. Distingue as três partes dessa teorização[4] relembrando as obras de Aristóteles (A Política) e de Maquiavel (O Príncipe), não esquecendo (na segunda parte) de alertar para que os lugares nessa organização devem ser ocupados pelos mais competentes.
Cartaz de promoção de autosuficiência (1942) |
Cartaz de promoção do consumo da fruta |
Analisa dois tipos de forças: a progressiva e a conservadora. E é no equilíbrio entre ambas que “reside a vitalidade de uma Nação”. Da perda do mesmo resultam a quebra da coesão social, baixando a vitalidade nacional e a desnacionalização. Acontecendo isto, as forças progressivas tornam-se “servilistas e idiotas” e o “País cai na anarquia”. E as forças conservadoras estagnam a Nação. A sociedade entra então em decadência.
A solução então, para Pessoa, é uma transformação profissional. “E como se trata de um país atrasado, e todos os países atrasados são predominantemente agrícolas, é evidente que a única transformação profissional a fazer, e que preenche todas as condições exigidas, é a industrialização sistemática do país”.
Isto foi escrito há 92 anos! Em 1919!
[1]Portugal possui, actualmente, a pior dívida pública dos últimos 160 anos (mesmo não incluindo PPPs e empresas públicas); pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (duplicou em 6 anos); maior dívida externa dos últimos 120 anos; dívida externa bruta em 1995 de 40% do PIB; dívida externa bruta em 2010 de 230% do PIB; dívida externa líquida em 1995 de 10% do PIB; dívida externa líquida em 2010 de 110% do PIB; dívida pública em 2005 de 82.000.000.000€; dívida pública em 2010 de 170.000.000.000€; nos últimos 10 anos, Portugal tem sido o 3º país do mundo com pior crescimento económico; nos últimos 10 anos tem sido o 4º país do mundo com maior contracção de dívida; em 2011 só Portugal, Grécia e Costa do Marfim estarão em recessão no Mundo; em 2012 só Portugal estará em recessão no Mundo (estes dados foram-nos fornecidos via Internet. Normalmente não os usamos por não garantirem total fiabilidade. Mas desta vez a fonte é segura).
[2] Agora reeditado pela Ática.
[3] Nº I, Lisboa, 1919.
[4] Limita-se ao estudo das sociedades civilizadas.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarComo já é hábito, de há longos anos para cá, todos os políticos se embeiçam pelo POTE. Uns comem mais que outros, mas todos comem. Como diz Pepetela "você até pode ser o homem mais sério da zona, mas quando entra na política fica aldrabão", só assim sobrevive. O problema deste país, é continuar a ter crédito, por sinal sempre muito interessado e solícito de todos aqueles que continuam a SUBJUGAR-NOS. Sem excepção continuamos a baixar a CORNADURA... e se continuarmos impávidos e serenos, iremos continuar a ser ENGANADOS! Muito bom blogue, parabéns!
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