A lenda das sete irmãs, conhecemo-la (há muitos anos) em publicação editada em 1961 pela Imprensa Nacional de Lisboa. O seu autor, já falecido, o padre Dr. António Maria Mourinho, havia começado a redigir Nossa Alma I Nossa Tierra, no ano de 1941, e em 1945 estava concluída. Depois de “ter batido a muitas portas”, como narra o autor, a sua publicação, após 16 anos da sua conclusão, apenas foi possível pela intervenção de um transmontano: o Dr. Joaquim Trigo de Negreiros, à altura Ministro do Interior. Ao autor e ao mecenas devem os transmontanos (e o País), uma obra fundamental em língua mirandesa.
Em 2011, esta primeira edição (e única) faz 50 anos. Julgamos que reeditá-la, em fac- símile, honraria os mirandeses, a sua cidade e região. Haja mecenas que a patrocinem.
O padre Mourinho inicia assim a descrição da lenda: Corre voz em todo o distrito de Bragança e em algumas terras fronteiriças espanholas que os sete santuários marianos mais altos do distrito são habitação das Sete Senhoras irmãs.
Ao que parece, como narra o investigador, os santuários avistam-se todos uns dos outros. Por isso o povo diz que as Senhoras se vêem umas às outras. E se falam todas as manhãs. Chamam-lhes as Sete Irmãs. Duas pertencem ao concelho de Miranda do Douro: a Senhora da Luz em Constantim, e a Senhora do Naso, muito venerada por portugueses e espanhóis; uma, pertence ao concelho de Bragança, Senhora da Serra (Serra de Nogueira); uma ao concelho de Vinhais, Senhora da Saúde de Vale de Janeiro; uma ao concelho de Vila Flor, Senhora da Assunção (Vilas Boas); uma no concelho de Alfandega da Fé, Senhora das Neves.
A sétima pertence a Espanha, em Prenha, província de Salamanca, terra marginal do Douro, em frente a Peredo de Bemposta. É a Birge del Castielho.
Diz a tradição popular portuguesa que foi encontrada por espanhóis ou mouros nas arribas do Douro, dentro de um seixo. Que a levaram para a povoação e a colocaram virada para Espanha. Afiança ainda a tradição que cada vez que a viravam para Espanha, a Virgem se voltava para Portugal.
in: Negócios de Valpaços, nº 361, 30 de Abril de 2010
in: Negócios de Valpaços, nº 361, 30 de Abril de 2010
Armando Palavras
[1] Em mirandês, ao “O” de “Nossa”, assim como ao “E” de “Tierra” ou ao primeiro de “siete”, acrescenta-se-lhes um assento circunflexo (^) invertido ( ˇ ) – por baixo da letra. Por impossibilidade técnica não nos foi possível apresentarmos o título em epígrafe correctamente.
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