JORGE LAGE
Não se pediu a cabeça de ninguém da
Misericórdia ou da Câmara (o Presidente é o responsável máximo pela Protecção
Civil) talvez por serem velhos, se fossem cães ou gatos, havia mais ruído por
esse Portugal abaixo. Sete velhos transmontanos era para morrerem, dizem, e já
foram. Na tragédia do Elevador da Glória, em Lisboa, que sempre vi como mais
seguro descer a calçada a pé e a subir testava a minha capacidade de vencer o
obstáculo, morreram pouco mais do dobro. A notícia das horrendas mortes no lar
foi um «aih» que ecoou e se apagou num ápice. Nos funerais das vítimas não
houve a presença dos media, do Presidente da República ou Primeiro-Ministro. Dizem
que com um bom plano de segurança activo o incêndio tinha sido combatido logo no
início. Algumas perguntas: Já foi revisto o «Plano de segurança contra
incêndios», neste Lar e nos mais de Mirandela? O que falhou na detecção rápida
do incêndio? Dormiam os detectores e as vigilantes nocturnas? A comunicação
social apontou algum culpado? Se a resposta for o silêncio e a indiferença, deduz-se
que os velhos de Mirandela são gente de quinta linha, servindo para fazer a
cruz no dia das eleições. Como foi possível a tragédia com esta dimensão e não haver
responsáveis? O Senhor Presidente da República está ausente deste quadro negro.
O Presidente do Município e o Provedor responsabilidades assumiram com as
falhas do plano de emergência (se é que existe). Pedir desculpas às famílias e
aos mirandelenses é o mínimo e tornar mais improvável outras tragédias. Diz o
povo que quem cala consente e a tragédia deve envergonhar-nos a todos. Aqui a
culpa deve morrer solteira?


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