quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Tragédia no Lar da Misericórdia

 

JORGE  LAGE



Tragédia no Lar da Misericórdia
A infausta notícia, do incêndio no Lar da Misericórdia de Mirandela, dia 16 de Agosto, entrou-nos pela caixa mágica como uma tragédia. Recebi-a com mais tristeza por ser na minha terra e com a minha gente. Foram ceifadas sete vidas. Quase não foi notícia nacional, a tragédia. 

Não se pediu a cabeça de ninguém da Misericórdia ou da Câmara (o Presidente é o responsável máximo pela Protecção Civil) talvez por serem velhos, se fossem cães ou gatos, havia mais ruído por esse Portugal abaixo. Sete velhos transmontanos era para morrerem, dizem, e já foram. Na tragédia do Elevador da Glória, em Lisboa, que sempre vi como mais seguro descer a calçada a pé e a subir testava a minha capacidade de vencer o obstáculo, morreram pouco mais do dobro. A notícia das horrendas mortes no lar foi um «aih» que ecoou e se apagou num ápice. Nos funerais das vítimas não houve a presença dos media, do Presidente da República ou Primeiro-Ministro. Dizem que com um bom plano de segurança activo o incêndio tinha sido combatido logo no início. Algumas perguntas: Já foi revisto o «Plano de segurança contra incêndios», neste Lar e nos mais de Mirandela? O que falhou na detecção rápida do incêndio? Dormiam os detectores e as vigilantes nocturnas? A comunicação social apontou algum culpado? Se a resposta for o silêncio e a indiferença, deduz-se que os velhos de Mirandela são gente de quinta linha, servindo para fazer a cruz no dia das eleições. Como foi possível a tragédia com esta dimensão e não haver responsáveis? O Senhor Presidente da República está ausente deste quadro negro. O Presidente do Município e o Provedor responsabilidades assumiram com as falhas do plano de emergência (se é que existe). Pedir desculpas às famílias e aos mirandelenses é o mínimo e tornar mais improvável outras tragédias. Diz o povo que quem cala consente e a tragédia deve envergonhar-nos a todos. Aqui a culpa deve morrer solteira?

 

 

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