PIETER BRUEGEL, O Provérbio Do Ladrão de Ninhos, 1568. |
Há cerca de 20 anos, um grupo de fanáticos institucionalizou aquilo que se iniciara uns anos antes e que ficou conhecido como “armazéns escolares”. Foi a seita de Maria de Lurdes Rodrigues e José Sócrates ( que deu origem aos actuais problemas da educação).
À época, meia dúzia de solitários,
aqui e ali, comentavam que a coisa iria provocar vários problemas nos
estudantes. Diziam estes solitários que as crianças precisavam (ao contrário do
que os fanáticos defendiam), mais do que estar encerradas em salas de aulas de
substituição, de aleijar os joelhos, rasgar as calças e subir às árvores, ir aos ninhos como o menino de Pieter Bruegel.
Diziam mais: que era necessário treinar a memória, quando esses fanáticos
defendiam a exclusão da tabuada. Não se enganaram.
O PCP, na
altura, fez como os outros: escondeu a cabeça na areia.
Passados
20 anos, com estudos internacionais e nacionais a darem razão a essa meia dúzia
de solitários, tomaram, agora, uma atitude decente, ao apresentarem este
projecto de resolução:
Projecto de Resolução N.º 142/XVI/1.ª
Valorizar os
recreios, promover o seu papel pedagógico, lúdico e social
3 Junho 2024
Exposição de
Motivos
Têm vindo a ser
desenvolvidos e divulgados estudos que demonstram que a exposição excessiva de
crianças e jovens a ecrãs lúdicos tem graves consequências para a sua saúde
(obesidade, problemas de visão, músculo-esqueléticos, cardiovasculares,
ansiedade, depressão e perturbações no sono), no comportamento (agressividade
problemas de socialização e adição), no plano cognitivo (linguagem,
concentração e memorização), bem como no aproveitamento escolar. As consequências
aumentam na razão direta do número de horas a que as crianças e jovens estão
expostos.
Os ecrãs estão
presentes cada vez mais cedo na vida das crianças, em quase todos os espaços
que frequentam e na forma como os adultos os usam. A Direcção-Geral de Saúde e
diversas sociedades de pediatria internacionais têm divulgado recomendações,
dirigidas sobretudo às famílias, quanto a limites de tempo de exposição a ecrãs
por faixa etária, procurando promover estilos de vida saudáveis, que incluam
atividade física e estar ao ar livre, combatendo o sedentarismo e o isolamento.
No plano
internacional, e também no nosso país, crescem as dúvidas e preocupações quanto
ao tempo e aos espaços que as crianças e os jovens têm para brincar e conviver,
bem como quanto às consequências do recurso excessivo às tecnologias digitais
nos sistemas educativos.
As crianças têm
falta de tempo livre, tempo para brincar livremente, para socializar com
família e amigos, tempo e espaços diversificados para aproveitar o ar livre, facto
indissociável da degradação das condições de trabalho, da desregulação dos
horários dos pais, dos tempos perdidos em deslocações pendulares, muitas vezes
aumentadas pelas dificuldades no acesso à habitação, da precariedade na vida e
no trabalho, mas também da falta de condições das escolas e da diminuição de
espaços onde podem socializar. Brincar é estruturante no desenvolvimento global
das crianças e privá-las desse direito tem graves consequências no seu
desenvolvimento. (o sublinhado é nosso).
FONTE: https://www.pcp.pt/valorizar-recreios-promover-seu-papel-pedagogico-ludico-social-0
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