O
Forte remonta ao Convento franciscano com o nome de Convento de Nossa Senhora
do Rosário, erguido no início do século XVI. De acordo com uma escritura
celebrada com Frei Rodrigo de Morais, em 1446, terá sido o arquiteto Mestre
Ioannes de Cibrão que projetou a abóbada do Convento.
No
contexto da Guerra da Restauração da independência, reconhecendo-se a
importância da posição estratégica da cidade, junto à fronteira, impôs-se a
modernização das suas defesas medievais. Visando evitar que as colinas vizinhas
fossem ocupadas por baterias de artilharia inimiga, estas posições foram
guarnecidas.
Os
trabalhos desenvolveram-se sob as ordens do Governador das Armas da Província
de Trás-os-Montes, D. Rodrigo de Castro, conde de Mesquitela, entre 1658 e
1662. Os trabalhos de defesa de Chaves foram complementados com a construção de
novos panos de muralha ligando o forte aos antigos muros medievais, reforçados
ou reconstruídos na ocasião, envolvendo-se os bairros que se haviam expandido
extra-muros medievais.
No
início do século XIX, quando da Guerra Peninsular, Chaves e suas defesas não
estavam em condições de defesa. Após diversos embates com as tropas
napoleónicas sob o comando do General Soult, as tropas portuguesas, sob o
comando do General Francisco da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira, recuaram
para pontos estratégicos, deixando a cidade com uma pequena guarnição sob o
comando do Tenente-coronel Pizarro. Estas forças, assim como a de milicianos
que enfrentou o inimigo, foram aprisionadas e depois libertadas. O Forte de São
Francisco foi utilizado como quartel-general dos franceses na ocasião e, nessa
qualidade, foi alvo da contra-ofensiva do General Silveira, em Março de 1809.
Após seis dias de violentos combates, a guarnição francesa rendeu-se e Chaves foi
libertada.
Em 1994 as dependências do forte foram requalificadas como uma unidade hoteleira, empreendimento promovido pela Sociedade Forte de S. Francisco, Hotéis, Ldª, com projeto do Arquiteto Pedro Jalles. Dado o historial deste valioso monumento, o Forte de São Francisco Hotel, inaugurado em 19 de Maio de 1997, encontra-se classificado com quatro estrelas e disponibiliza cinquenta e oito quartos aos visitantes, assim como bar e restaurante, court de ténis, piscina e sauna, entre outros serviços. No início de 2019, o Hotel sofreu um grande conjunto de obras de remodelação e decoração, acrescentando modernidade e conforto sem perder todo o seu contexto histórico.
A
Casa de Portugal de São Paulo foi uma das suas interferências Lusóficas,
culturais e políticas. Praticamente fez daquela instituição luso-brasileira o
cérebro da sociedade transfronteiriça.
Em
1960 fundou uma sociedade que chegou aos confins do Brasil. A empresa
ramificou-se e, com os irmãos Frederico dos Ramos e João Batista, formaram um
império. A fama e bom nome trespassou fronteiras, negociando em todo o enorme
país-irmão que logo se rendeu ao seu dinamismo industrial e comercial.
Todos
os Presidentes da República cumpriam os seus compromissos, de ida e de volta,
com medalhas e medalhões, títulos e afins para engrandecer a Lusofonia. Mário
Soares, Cavaco Silva, Sampaio e Marcelo foram oratórios de passagem obrigatória
na Casa de Portugal em S. Paulo.
Em
26 de Julho último, a Embaixada de Portugal em Brasília divulgou a mensagem de
condolências à Família e aos associados da Casa de Portugal pela morte do
grande líder da Portugalidade, o comendador António dos Ramos.
Escrevo esta nota ao fim do dia em que morreu o nosso cantor Marco Paulo. Merecidamente chorado.
Barroso
da Fonte
RAMOS,
António dos
Nasceu
em Vilarelho da Raia, concelho de Chaves, em 19.1.1942. Chegou ao Brasil em
1959, com ape¬nas 17 anos de idade. No ano seguinte (1960) fun¬dou a firma Ramos
Repre¬sentações, Lda., na qual iniciou a activida¬de como vendedor ambulante no
ramo de peças para automóveis. Três anos depois (1963), fundou com os irmãos:
Frederico dos Ramos e João Baptista dos Ramos a Ginjo Auto Peças, Lda.,
distribuidora de pe¬ças para viaturas auto ligeiras, camiões e tractores, em
todo o Brasil. Essa firma man¬tém se hoje e é uma das maiores daquele país,
dentro do seu ramo. Aí desempenha o cargo de Director Executivo de Negócios.
Entretanto casou com Selene Fátima de Oliveira Ramos, natural de Anadia
(Portu¬gal), de quem teve duas filhas: Ana Caro¬lina e Flávia. Em 1985 foi
eleito Presidente da Casa de Portugal, em S. Paulo. Desde 1991 é o Presidente
do Conselho da Comu¬nidade Portuguesa do Estado de S. Paulo. E em 10.9.1997 foi
eleito Presidente do Conselho da Comunidade Portuguesa do Brasil (naquela
cidade). É também o Vice- Presidente da Federação das Associações Portuguesas e
Luso Brasileiras. Em 1987, aquando da visita do Presidente da Repú¬blica, Mário
Soares, ao Brasil foi António dos Ramos condecorado com a Comenda Medalha do
Infante Dom Henrique. Nesse mesmo ano foi igualmente condecorado pelo Governo
Brasileiro com a Medalha de Honra ao Mérito do Trabalho. Em 1994 a Câmara
Municipal de São Paulo atribuiu-lhe o título de cidadão Paulista. Mas não se
limita ao Brasil a sua acção. Quis, com os irmãos, homenagear a sua Cidade Mãe,
recuperando o histórico Forte de S. Fran¬cisco, fazendo dessa antiga fortaleza
uma unidade hoteleira de nível europeu. O acto inaugural, com a presença do
Presidente da República, constituiu um acontecimento raro para Chaves e pouco
vulgar no país.
(In
Dicionário dos Mais Ilustres Transmontanos e Alto Durienses, vol. 1, pág.
514/5, 1998)
Sem comentários:
Enviar um comentário