JORGE LAGE
Artistas e artífices do
Séc. XVIII – nas periferias: transmontana, beirã e Duriense – É mais um livro do investigador, Armando Palavras
(AP), numa área da História d’Arte, tendo como base e objecto de estudo o seu
percurso académico, culminando, com sucesso, no seu doutoramento: «igrejas e capelas da região
duriense, transmontana e beira transmontana». Entre as várias igrejas e capelas sobre as quais assestou a sua
investigação foi a igreja dos Avantos, próxima do Romeu - Mirandela. Na foto da
capa reproduzem-se muitos dos caixotões, com rica talha dourada e pintados com
cenas bíblicas, da «Igreja de Sedielos – Régua».
A contracapa dá-nos uma breve
radiografia do trabalho de investigação e divulgação que «inclui um conjunto de
artistas e artífices que, durante o século XVIII,» deixaram «a sua marca em
obras de talha, carpintaria, alvenaria e pintura, tanto em edificações
públicas, como religiosas». Refere, ainda, AP, que o edificado objecto de
estudo da margem direita do rio Douro pertencia às antigas províncias de
Trás-os-Montes e Alto Douro e, geralmente, ao arcebispado bracarense e, na
margem esquerda, à Beira Transmontana e ao padroado da Universidade de Coimbra.
Além dos cerca de 120 artistas e artífices em destaque, são, ainda, referidos
mais algumas dezenas de outros que se lhe associaram na execução dum basto
trabalho arquitectónico e criativo. Esta publicação, ao referir o seu trabalho,
dá-lhes uma nova vida e contribui para uma maior valorização do património
humano e artístico das regiões em estudo. Desta pesquisa só 11 artistas e
artífices, não foram descobertos, pelo investigador, «na poeira dos baús da
memória documental». Nesta narrativa descritiva e figurativa, chamou-nos em
especial à atenção o artista castelhano-leonês, «Damião Rodrigues Bustamante
(Francisco Manuel Alves - Abade de Baçal – refere-o, indevidamente, por
Bustamonte – uma das incorrecções na obra do Abade), natural de Valladolid,
construiu no ano de 1759, (…) a fachada e todo o corpo da igreja de Santa Cruz
de Miranda do Douro. Em 1773, (…) a pintura da capela-mor da igreja de Avantos»
(p. 7/8). Damião Rodrigues Bustamante (DRB), casado com Manuela Rodrigues
Garcia, tinha residência em Morais (Macedo de Cavaleiros) e o seu filho, João
Rodrigues Bustamante, foi pintor como o pai. DRB pintou (e assinou) a óleo um
painel na igreja de Azibeiro (1758); dourou e pintou um retábulo de Soutelo
(1758-65); um retábulo na igreja de Sta Cruz de Miranda do Douro (1767); um
retábulo em Argozelo (1768); pintou e dourou a capela-mor da igreja matriz de
Soutelo da Pena Mourisca (1768); em 1768, concluiu a pintura de oitenta
painéis, do tecto e paredes da sacristia do santuário de Santo Cristo em
Outeiro, onde deixou o seu auto-retrato, assinando-o: «1773 Damião Valisoleti»
e terra de origem, escrevendo, ainda, na pintura dum caixotão: «Pictor
valisoletamus 1768 etatis 57», traduzindo: «Pintor validolidense 1768 com a
idade de 57 anos».
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