JORGE LAGE
Por exemplo: «do cerejo ao castanho bem me amanho, mas do castanho ao cerejo, mal me vejo». Isto para dizer que a colheita dos frutos, em Portugal, começa com a cereja o período de abundância, e termina com a castanha. Mascarenhas é a «terra das cerejas», daí chamarmos aos seus habitantes de cerejeiros, por vezes depreciativo. As cerejas exerciam um fascínio sobre as crianças e jovens nos anos cinquenta e sessenta.
Algumas, na feira dos três em Mirandela, vinham em
raminhos ou pauzinhos de cerejas, como novidade, que eram a loucura das
crianças e jovens. Ora bem, ao colher as mágicas cerejas deste ano dou comigo
em cima duma cerejeira a sonhar e a deleitar-me e a pensar distribuir por
amigos e vizinhos. Quando início a descida e tropeço num ramico, projecto-me
para a frente com violência e a sangrar. Preferi pensar na felicidade das
famílias a quem chegaram as cerejas. Mas, o bom senso recomenda sossego na
velhice. (fotografia das minhas cerejas - Jorge Lage)
Jorge
Lage – jorge.j.lage@gmail.com
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