A LIBERDADE ASSUSTA QUANDO SE PERDEU O HÁBITO DE A USAR ( Robert Schuman)
SILERE NON POSSUM
(Não me posso
calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.”
(Alexandre
Soljenitsyne)
Carta aos meus amigos – nº 77
BRAGA , 15 – FEVEREIRO - 2024
+
PAX
Portugal tem
medo da Liberdade? Então não vamos comemorar 50 anos do “ 25 de Abril”? … Mas
temos medo e de que modo! Por exemplo? Quando não somos capazes de nos mobilizar
pela Liberdade de Educar por parte dos Pais. Continuamos a ter um Ensino
tendencialmente e efectivamente estatista. Esta Liberdade humana, exarada na
Declaração Universal dos Direitos do Homem e até na nossa Constituição, é
desprezada no nosso país. E pelos pais!
Em pleno
período eleitoral, que tenho acompanhado com algum cuidado, já ouvi e vi
debater muito sobre o Ensino, carreira docente e outras coisas afins mas muito
pouco sobre o exercício da liberdade de educar. E há opções para todos os
gostos. Porém, não vi (estarei distraído?) que se tenha defendido a Liberdade
de escolha de escola por parte dos Pais e Encarregados de Educação em IGUALDADE
DE CIRCUNSTÂNCIAS com insistência e clareza. Não posso deixar de lamentar.
No
suplemento LUZ, de 9 de Fevereiro corrente, do semanário “ NASCER do SOL”, Inês
Teotónio Pereira, num acutilante artigo – “ A IDEOLOGIA E OS COLÉGIOS” – faz
uma defesa muito bem estruturada da Liberdade de Educar que não existe em
Portugal para todos os cidadãos.
Escreve,
no citado artigo a autora: Ideologia
na educação levou à criação de um sistema perverso: quanto pior é a escola
pública maior é a fuga para os privados. Mas só podem “ fugir” os que
têm dinheiro, o que é uma discriminação intolerável! Tanto mais intolerável
quanto mais os políticos passam a vida e o tempo a “ falazar” sobre uma “
sociedade inclusiva” que chega ao extremo prático de obrigar à aplicação da
ideologia do Género e do Cancelamento como doutrina oficial do Estado que fazem
lembrar o nazismo e o comunismo.
Esta “
guerra cultural” travo-a há mais de cinco décadas e já não tenho novas ideias
ou argumentos novos. Recordo que, acabado de vir da Guiné ( 1972), onde durante
dois anos cumpri o Serviço Militar Obrigatório, a primeira palestra que fiz, no
Porto, foi precisamente, sobre este tema. Que mais terei a acrescentar?
Repetir-me pois a situação não só não melhorou como se afunda cada vez mais!
Dizia Voltaire: “ Menti, menti, que da mentira algo há-de ficar!”. Creio que o
mesmo se aplica à verdade, sobretudo quando esta faz parte do Direito Natural,
como é o caso vertente: os pais são os primeiros e principais educadores dos
seus filhos e o Estado tem um papel subsidiário e colaborar com os pais no
exercício desse direito e não a substituí-los. O estado só deveria criar as
condições de liberdade de opção como o faz noutros campos como os media. Que
direito têm os políticos de decidir como educar as novas gerações?
Infelizmente,
não tenho assistido a movimentos de massa a lutar pela LIBERDADE DE EDUCAR, mau
sintoma que se manifesta nesta Democracia doente.
Nunca
deveríamos deixar que o Estado se substitua aos pais neste campo que é o de
preparar um futuro mais livre e plural. Criança não é frango de aviário nem
truta de aquário!
Que
Democracia é esta que, entre outros campos, obriga a pagar os impostos que pagam (muito
mal) o ensino público de que nem todos usufruem e optar pelo ensino
privado/cooperativo pagando outra vez aqueles que , no seu direito, fazem outra
opção? Está mal este país, também neste campo, um campo de futuro. Os nossos
eleitores têm consciência deste abuso cometido pelo Estado de ser e assumir-se
abusivamente de ser o educador das crianças e jovens?
Como
disse um dos pais fundadores da Europa moderna, Robert Schuman:
«A
Liberdade assusta quando se perdeu o hábito de a usar».
Nunca me
calei sobre este tema. A Liberdade não me assusta nem nunca me assustou. Nunca
perdi o hábito de a usar!
… E não é
agora que me vou calar.
SILERE
NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes
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