Por JORGE GOLIAS
Profusamente ilustrado, com fotos e imagens diversas, mas
muitas das igrejas durienses, o autor sustenta com esta poderosa iconografia
uma leitura curiosa dos livros sagrados, sobretudo da Bíblia, convocando
constantemente autores importantes que percorreram estes caminhos do
conhecimento humano, afinal o caminho da Vida de Jesus!
Desta vez fez questão de inscrever no tema principal um objecto literário com grande carga sociopolítica: o papel da mulher no discipulado de Jesus. E abre o livro explicando que é falsa a ideia, por muitos defendida, de que a mulher, dada a sua condição social, não tinha cabimento nesta saga bíblica. E prova, com exemplos que enchem o livro, que esta tese está profundamente errada.
Ora esta ideia, que aqui o autor defende, vem ao encontro do pensamento e da vontade de mudança do Papa Francisco que, felizmente, tem vindo a propor ao mundo religioso e laico a recuperação do papel da mulher nas tarefas religiosas, em paridade com o homem.
Pode ser adquirido AQUI e AQUI.
E para nosso contentamento, escolheu para ilustrar este ensaio histórico 21 municípios Transmontanos e Alto-Durienses e da Beira Transmontana [1], cujas igrejas ilustram a influência das mulheres, que povoam muitos destes quadros, que o autor apresenta com identificação do local, do artista, da cena ilustrada e algumas vezes dos mecenas.
A certa altura Armando Palavras para fixar bem a sua tese
escreve o seguinte: “As mulheres judias podiam viajar, mesmo junto dos homens,
desempenhavam funções de escribas, anciãs, estudavam a Torá, tinham profissões,
etc. E quanto às mulheres do Cristianismo Primitivo, foram missionárias,
profetizas (como Ana), mártires, diaconisas, teólogas, mestras e escritoras.
Foram apóstolas, administradoras, viúvas consagradas, administradoras,
sacerdotisas e bispas. Isto demonstra que as atitudes de Jesus face às mulheres
não eram invulgares para a época, mas sim uma parte do pluralismo do judaísmo
primitivo”.
O autor ao promover os bons exemplos cuidou de colocar em
lugar de destaque figuras do nosso conhecimento como: Isabel (o anjo da
visitação), Maria (mãe de Jesus), Ana (a profetiza), a Samaritana (o exemplo
mais citado pela arte sacra), a Mulher Adúltera, Hirodias e Salomé, Maria
Madalena (Maria de Magdala, que pode ser “uma mescla de três Marias
diferentes”), Suzana, que Jesus curou e que ela protegeu, etc., num desfile
significativo de muitas mulheres que, servindo e seguindo, foram companheiras
da vida de Jesus.
Apenas dei uma ligeira ideia da diversidade de quadros
bíblicos desta bela obra de arte sacra, que eu classifico como a sua melhor
obra, em razão do que aqui deixo uma saudação e felicitação ao autor, amigo e
conterrâneo, Professor Doutor Armando Palavras.
Carnaxide,
26 de Julho de 2023
Jorge Sales
Golias
[1]
Mesão Frio, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Sabrosa, Alijó,
Murça, Mirandela, Alfândega da Fé, Freixo e Espada à Cinta, Figueira de Castelo
Rodrigo, Mêda, Penedono, Vila Noca de Foz Côa, Torre de Moncorvo, Vila Flor,
Carrazeda de Ansiães, São João da Pesqueira, Tabuaço, Armamar e Lamego.
Parabéns ao autor e a Jorge Golias.Felizmente que há quem investigue e esclareça ideias erradas sobre o papel da mulher na Igreja. Num era em que se luta pela igualdade e se reconhecem tantos erros /pecados cometidos pelos homens que servem a Igreja, as mulheres, com vocação, deveriam ter espaço para ajudar a reconstruir uma nova imagem da Igreja. Foram muitas as que manifestaram a sua Fé e constam da/na História da Igreja. Por que não devem, então, as mulheres dar o seu testemunho de humanidade, humildade e de compaixão, servindo Deus? Obrigada, a quem desbrava mentalidades!
ResponderEliminarJúlia Serra
Um tema aliciante e actual com uma tese que vai conquistando cada vez mais adeptos, ansiosos de que vingue o posicionamento do Papa Francisco e que se julga vir a ser vertido nas conclusões do próximo Sínodo.
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