sexta-feira, 28 de julho de 2023

“AS MULHERES NOS EVANGELHOS CANÓNICOS”

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Por  JORGE  GOLIAS


Com este título, o quinto livro do Doutor Armando Palavras, especialista em História da Arte, investigador dedicado à arte sacra, leva o subtítulo A sua representação na Periferia Duriense.

Profusamente ilustrado, com fotos e imagens diversas, mas muitas das igrejas durienses, o autor sustenta com esta poderosa iconografia uma leitura curiosa dos livros sagrados, sobretudo da Bíblia, convocando constantemente autores importantes que percorreram estes caminhos do conhecimento humano, afinal o caminho da Vida de Jesus!

Desta vez fez questão de inscrever no tema principal um objecto literário com grande carga sociopolítica: o papel da mulher no discipulado de Jesus. E abre o livro explicando que é falsa a ideia, por muitos defendida, de que a mulher, dada a sua condição social, não tinha cabimento nesta saga bíblica. E prova, com exemplos que enchem o livro, que esta tese está profundamente errada.

Ora esta ideia, que aqui o autor defende, vem ao encontro do pensamento e da vontade de mudança do Papa Francisco que, felizmente, tem vindo a propor ao mundo religioso e laico a recuperação do papel da mulher nas tarefas religiosas, em paridade com o homem.













                                        Pode ser adquirido AQUI e AQUI.

E para nosso contentamento, escolheu para ilustrar este ensaio histórico 21 municípios Transmontanos e Alto-Durienses e da Beira Transmontana [1], cujas igrejas ilustram a influência das mulheres, que povoam muitos destes quadros, que o autor apresenta com identificação do local, do artista, da cena ilustrada e algumas vezes dos mecenas.

A certa altura Armando Palavras para fixar bem a sua tese escreve o seguinte: “As mulheres judias podiam viajar, mesmo junto dos homens, desempenhavam funções de escribas, anciãs, estudavam a Torá, tinham profissões, etc. E quanto às mulheres do Cristianismo Primitivo, foram missionárias, profetizas (como Ana), mártires, diaconisas, teólogas, mestras e escritoras. Foram apóstolas, administradoras, viúvas consagradas, administradoras, sacerdotisas e bispas. Isto demonstra que as atitudes de Jesus face às mulheres não eram invulgares para a época, mas sim uma parte do pluralismo do judaísmo primitivo”.

O autor ao promover os bons exemplos cuidou de colocar em lugar de destaque figuras do nosso conhecimento como: Isabel (o anjo da visitação), Maria (mãe de Jesus), Ana (a profetiza), a Samaritana (o exemplo mais citado pela arte sacra), a Mulher Adúltera, Hirodias e Salomé, Maria Madalena (Maria de Magdala, que pode ser “uma mescla de três Marias diferentes”), Suzana, que Jesus curou e que ela protegeu, etc., num desfile significativo de muitas mulheres que, servindo e seguindo, foram companheiras da vida de Jesus.

Apenas dei uma ligeira ideia da diversidade de quadros bíblicos desta bela obra de arte sacra, que eu classifico como a sua melhor obra, em razão do que aqui deixo uma saudação e felicitação ao autor, amigo e conterrâneo, Professor Doutor Armando Palavras.

Carnaxide, 26 de Julho de 2023

Jorge Sales Golias



[1] Mesão Frio, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Sabrosa, Alijó, Murça, Mirandela, Alfândega da Fé, Freixo e Espada à Cinta, Figueira de Castelo Rodrigo, Mêda, Penedono, Vila Noca de Foz Côa, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, São João da Pesqueira, Tabuaço, Armamar e Lamego.


2 comentários:

  1. Parabéns ao autor e a Jorge Golias.Felizmente que há quem investigue e esclareça ideias erradas sobre o papel da mulher na Igreja. Num era em que se luta pela igualdade e se reconhecem tantos erros /pecados cometidos pelos homens que servem a Igreja, as mulheres, com vocação, deveriam ter espaço para ajudar a reconstruir uma nova imagem da Igreja. Foram muitas as que manifestaram a sua Fé e constam da/na História da Igreja. Por que não devem, então, as mulheres dar o seu testemunho de humanidade, humildade e de compaixão, servindo Deus? Obrigada, a quem desbrava mentalidades!
    Júlia Serra

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  2. Um tema aliciante e actual com uma tese que vai conquistando cada vez mais adeptos, ansiosos de que vingue o posicionamento do Papa Francisco e que se julga vir a ser vertido nas conclusões do próximo Sínodo.

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