terça-feira, 30 de maio de 2023

Isto é que vai por aí uma «precaridade»!

 

Por   Domingos Gonçalves Dias


            Uma pessoa muito conhecida usa frequentemente esta palavra, que o dicionário não regista, com um sentido que ela não tem, pois, se observarmos a formação da mesma, derivada por prefixação, ela apenas exprime um estádio anterior à “caridade” (pre+caridade), ficando muito longe daquilo que o renitente e reincidente autor quer exprimir.

            Vejamos o que acontece se levarmos um pouco mais além este raciocínio de formar palavras para expressar o que o “inventor” deseja: “precaridade” derivaria do adjectivo “precaro” (que não existe); “discricionaridade”, do adjectivo “discricionaro” (que não existe); “notoridade”, do adjectivo “notoro” (que não existe); “solidaridade”, do adjectivo “solidaro” (que não existe); “contraridade”, do adjectivo “contraro” (que não existe); “propridade”, do adjectivo “propro” (que não existe). Portanto, partindo de um raciocínio errado, não se aproveita o adectivo nem o substantivo de qualidade que, a partir dele, se formou.

            Para evitar tal confusão, convém reter que, a partir de alguns adjectivos terminados em –“rio”, podemos formar substantivos de qualidade, substituindo o “o” de -rio pela vogal de ligação “e” + mais o sufixo –“dade”.

           Exemplos: precário…… precariedade; discricionário…… discricionariedade; notório…… notoriedade; solidário…… solidariedade; contrário….. contrariedade; próprio….. propriedade, etc.

          Agora, sim, isto é que vai por aí uma precariedade, sem apelo nem agravo!

           

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