Por Domingos Gonçalves Dias
Uma pessoa muito conhecida usa frequentemente esta palavra, que o dicionário
não regista, com um sentido que ela não tem, pois, se observarmos a formação da
mesma, derivada por prefixação, ela apenas exprime um estádio anterior à
“caridade” (pre+caridade), ficando muito longe daquilo que o renitente e
reincidente autor quer exprimir.
Vejamos o que acontece se levarmos um pouco mais além este raciocínio de formar
palavras para expressar o que o “inventor” deseja: “precaridade” derivaria do
adjectivo “precaro” (que não existe); “discricionaridade”, do adjectivo
“discricionaro” (que não existe); “notoridade”, do adjectivo “notoro” (que não
existe); “solidaridade”, do adjectivo “solidaro” (que não existe);
“contraridade”, do adjectivo “contraro” (que não existe); “propridade”, do
adjectivo “propro” (que não existe). Portanto, partindo de um raciocínio
errado, não se aproveita o adectivo nem o substantivo de qualidade que, a
partir dele, se formou.
Para evitar tal confusão, convém reter que, a partir de alguns adjectivos
terminados em –“rio”, podemos formar substantivos de qualidade, substituindo o
“o” de -rio pela vogal de ligação “e” + mais o sufixo –“dade”.
Exemplos: precário…… precariedade; discricionário…… discricionariedade; notório……
notoriedade; solidário…… solidariedade; contrário….. contrariedade; próprio…..
propriedade, etc.
Agora, sim, isto é que vai por aí uma precariedade, sem apelo nem agravo!
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