Por BARROSO da FONTE
Ocorre-me recorrer a este linguarejar na
precisa data em que completo setenta anos de jornalismo militante. Nestas sete
décadas que me conferem o epíteto de decano do jornalismo, muitas foram
as circunstâncias em que deles me socorri, para sintetizar causas ou
circunstâncias de diversa natureza.
O contributo do prefaciador é uma espécie
de complemento explicativo de cada um dos dezasseis capítulos, ou partes, em
que a obra se desenvolve para melhor compreensão do leitor.
Prefaciador e autor são, como pretendo
dizer no título, dois cidadãos nascidos no concelho de Mirandela, na mesma
década, ambos coronéis, um formado na Academia Militar, na arma de Transmissões
e licenciado em Engenharia Eletrónica e por isso do quadro permanente; o outro
miliciano, com a mesma patente e licenciado em História, na Faculdade de Letras
do Porto. Um e outro militam no pelotão da frente da literatura Portuguesa. Têm
o mesmo nome: Jorge; o mais velho tem o apelido de Golias, o mais novo de Lage.
O mais idoso distinguiu-se na Guiné e no Movimento dos Capitães de Abril, o menos
idoso especializou-se no processo da Castanha. São dois talentosos
Mirandelenses e Transmontanos, da mesma geração, com imensa obra editada e
ainda com frescura mental para altos voos nas letras e na cidadania.
Conhecem-se bem e louva-se o exemplar entendimento cívico, literário,
jornalístico, telúrico e associativo. Este livro foi escrito ao longo de anos,
em laivos regionalista, sempre com odores etnográficos e linguísticos. Quem ler
as quatro páginas do prefácio desta mais recente obra de Jorge Lage, percebe
facilmente que ambos competiram, positivamente, na preocupação de recolherem
pedaços de vida campesina, a partir do passado para o presente. Foi desse
passado, e por entre as muitas etapas sofridas dessas vivências seculares, que
nos chegaram estas fragrâncias geracionais que nos unem, nos mesmos propósitos,
nos mesmos gostos e mesmas preocupações. Compreende-se que Jorge Golias,
conhecendo, por experiência própria, os méritos desta recolha etnográfica,
tenha vibrado com este volume tão bem servido em doses suaves, no espaço e no
tempo.
JORGE GOLIAS |
No mês em que completo 70 anos de
Jornalismo e jurei, a mim mesmo, cessar funções, honro-me saudar esta dupla de
intelectuais transmontanos com os quais muito aprendi.
Barroso da Fonte
"Diziam os antigos"... - Já não se fabricam mais «Barrosos da Fonte»... Desses já não há mais!!
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