Por BARROSO da FONTE
Foi
em 18 de Março de 1982 que a ANCU (Associação Nacional dos Combatentes do
Ultramar), deu o pontapé de partida para se fundar uma coletividade de âmbito
nacional que deveria abrir as portas a todos aqueles que prestaram serviço
militar, em qualquer espaço geográfico do planeta.
Era
evidente que durante os treze anos de guerra - e sem se saber quando e como
essa guerra iria terminar - nenhum dos três ramos das Forças Armadas (Exército,
Força Aérea ou Marinha) criou este tipo de instituições jurídicas que permitissem,
acolher, apoiar e dirimir justas causas assistenciais, após o regresso à vida
social.
A
Liga fora criada, em 1923, para esses mesmos fins. Mas só depois da primeira
guerra os políticos e comandos militares, (1914-1918) a fundaram para atalhar
aos muitos e diversificados problemas.
O
país já estava debilitado e pior ficou. Nessa altura a Liga veio dar à
sociedade civil e militar, leis, benefícios estruturais e sociais para garantir
aos doentes os auxílios imprescindíveis. Portugal não entrou na segunda guerra
mundial.
Em
1982 o signatário desta nota de leitura, em viagem do Minho para
Trás-os-Montes, escutou na rádio nacional, uma entrevista na qual declarava que
ele próprio liderava um movimento de militares do quadro que pretendiam fundar
uma Associação que se chamaria 25 de Abril e que iria reunir todos aqueles que
assumiram o espírito do 25 de Abril. Nessa altura, os canais televisivos e
algumas rádios de âmbito nacional, negavam-se a dar voz aos discordantes do
processo revolucionário. Era natural que no decurso do PREC, e de atitudes
generalizadas que nesses primeiros anos, pós-revolução, não se sentissem
apoiantes de tudo o que a política difundia. Vasco Lourenço que reunia o maior
consenso e que foi, até hoje, o capitão de Abril, mais mediático, referia-se a
essas vozes contestatárias, incluindo milicianos, que a nova Associação,
ameaçava silenciar.
O
signatário que já era jornalista e que solicitara ao ministério da Defesa,
autorização para, durante a comissão de serviço em Angola, exercer esse direito,
publicado na Ordem de Serviço do Batalhão, não se conformou com o teor daquela
entrevista e, de imediato, lançou mãos à obra. Criou a ANCU, em Guimarães, onde
constituiu Família, em 1967.
Esta
declaração pública, é escrita no mês em que completa 70 anos de Jornalismo (23
de Janeiro de 1953). E exara esta declaração, para confirmar que, como sócio
número 1 da ANCU, do Movimento 10 de Junho e sócio no 15 da AOE (Ranger), foi o
porta-voz da ideia da construção do Monumento aos Combatentes do Ultramar, em
Lisboa. Foi o saudoso Duval Bettencourt Gomes, militar Açoriano, membro da
Associação dos Combatentes do Ultramar e, mais tarde, presidente da Comissão
Nacional em Memória dos Mortos no Esforço da Guerra Ultramarina. "Os
mortos não devem ser desprezados e ninguém deve ter vergonha de ter cumprido o
serviço militar nas colónias. [...] O monumento não é contra ninguém, mas a
favor do orgulho e do prestígio de Portugal".
Erradamente, os mass media que nestes 29 anos, desde a inauguração, muito pouco escreveram sobre o tema, nunca se preocuparam com a verdade. Veneram os militares do quadro, atribuindo-lhes as iniciativas alheias. É por isso que neste dia 15 de Janeiro de 2023 nem um espirro deram para lembrarem este vigésimo nono aniversário da inauguração do Monumento aos cerca de 9 mil combatentes que ali estão arrolados, e, pelos vistos, esquecidos dos poderes públicos.
Barroso
da Fonte
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