Por BARROSO da FONTE
Em 28 de Maio de 1143 D. Afonso Henriques armou-se Cavaleiro
Zamora inaugura busto do Rei fundador
Na
Idade Média, Zamora foi o centro urbano do Reino de Leão com maior proximidade
ao Condado Portucalense. Foi na sua catedral que D. Afonso Henriques se armou
cavaleiro, a si próprio, quando completava 14 anos de idade. Dezoito anos
depois, aí decorreu a assinatura do Tratado de Zamora que foi um diploma
resultante da conferência de paz entre Afonso Henriques e seu primo, Afonso VII
de Leão, em 5 de Outubro de 1143. Alguns historiadores consideram a assinatura
desse tratado como a declaração de independência de Portugal e o início da
dinastia Afonsina.
Em 24 de Junho de 1128 teve lugar a Batalha de S. Mamede, entre os apoiantes de D. Afonso Henriques e os apoiantes da Mãe, D. Teresa, que se deixara seduzir pelos irmãos Trava, galegos leais ao Reino de Leão. D. Afonso Henriques saiu vencedor e cuidou de administrar o segundo Condado Portucalense. Até à batalha de Ourique foram necessários grandes e renhidos esforços para gerir o território recém-conquistado. Em 1139, ao vencer os cinco reis mouros, ele próprio se considerou rei. Mas só em 1143, o imperador o intitulou Rei. Contudo, 36 anos depois, a 23 de maio de 1179, o Papa Alexandre III, através da bula Manifestis Probatum e da destreza do arcebispo D. João Peculiar, D. Afonso Henrique se libertou «dos meandros diplomáticos para obter a separação e a primazia dos domínios de Santiago de Compostela».
Nascimento da Grã Ordem Afonsina
A pandemia do
covid surgiu, quase em simultâneo, com a criação da Grã Ordem Afonsina.
Esta foi ganhando adesão, interna e externa, e tudo fez para, num concelho com
mais de 300 associações, difundir, em 24 de Junho de 2020, em parceria com a
Câmara de Guimarães e com doze Associações com personalidade jurídica que
subscreveram, em 2021, a “Estrutura de Missão” com vista à reconciliação
com a História e com o estatuto iniciático do novo reino.
No último dia 24
de Junho, Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães, proclamou essa Estrutura
de Missão, que havia sido aprovada, com os votos favoráveis das doze
associações concelhias que assumiram esse projeto conducente à celebração
condigna dos 900 anos da fundação da nacionalidade, em 2028. Entretanto houve
eleições autárquicas e a vice-presidente Adelina Pinto, que estivera de acordo
com aquela Estrutura de Missão na reunião de 24 de Junho de 2020, realizada no
auditório Diogo Freitas do Amaral, manteve-se nas mesmas funções, pelo que
deverá dar continuidade ao projeto, rumo aos nove séculos da Fundação de
Portugal.
Essa Estrutura de
Missão foi criada para cumprir uma tripla estratégia no dizer de Florentino
Cardoso, presidente da atual direção da Grã Ordem, cuja narrativa deve ter,
como alvos, os públicos municipais e nacionais. Desta exigência se devem
conjugar os preconceitos que resultam das várias hipóteses cronológicas, como
sejam: o 24 de Junho de 1128, que deveria já ter sido consagrado como o dia da
Fundação da Nacionalidade Portuguesa, ou «Primeira Tarde» como José Mattoso
sugeriu. Lamentavelmente, estamos a comemorar, anacronicamente, o “dia da
Raça”, confirmado pela democracia que se seguiu à ditadura, sabendo todos nós
que o Estado Novo findou na Revolução de Abril. Uma verdadeira contradição porque
foi esse mesmo regime que, apressadamente, se serviu do dia e do ano da morte
de Luís de Camões para glorificar o autor dos Lusíadas. Por mais
grandiosa que seja a obra de Camões, antes dele vir ao mundo e de escrever essa
monumental epopeia poética, em Língua Portuguesa, já muitas gerações de homens
e de mulheres tinham prodigalizado todo o tipo de feitos e de factos que
fizeram grande e façanhoso o império que nos levou a todos os recantos do
globo.
A UNESCO já
reconheceu, à Língua Portuguesa, o dia mundial, em 5 de Maio de cada ano.
Fernando Pessoa resumiu esse prodígio e excelência à Pátria que nos identifica.
Por que não abrem os olhos aqueles que querem ver e tiram dos ouvidos a cera
que não os deixa ouvir?
Todos sabemos que
somos um dos mais antigos países da Europa. E sabemos também que somos dos
muito poucos que não celebramos a data do nascimento da sua pátria no dia
certo, assim como não celebramos o aniversário do Rei Fundador.
É preciso corrigir
a História e a cronologia dos acontecimentos mais relevantes.
Em 2021 o
Presidente da República recebeu, da Grã Ordem Afonsina, durante uma
visita à Cidade Berço, uma réplica da espada de D. Afonso Henriques.
Entendeu-se que esta oferta ao mais alto magistrado da Nação, no dia 24 de
Junho, simbolizaria a representação material do património intangível,
constituído pela figura de Afonso Henriques e pela Fundação de Portugal.
DINIS RIBEIRO |
O entendimento que
houve nesse jantar/reunião resultou na ideia de erigir uma escultura alusiva a
D. Afonso Henriques, cuja inauguração solene deverá
ocorrer em Zamora, em 28 de Maio próximo. Foi nesse dia, mas do ano 1125,
quando tinha 14 de idade, que Afonso Henriques se armou cavaleiro, a si
próprio, naquela catedral. Era, e ainda é, dos mais importantes dias do
Calendário religioso: dia do Pentecostes. Dezoito anos depois, em 5 de
Outubro de 1143, e na mesma cidade, foi assinado o diploma da
conferência de paz entre D. Afonso Henriques e seu primo Afonso VII de Leão.
São duas excelentes razões históricas para estabelecer uma forte ligação entre
Guimarães e Zamora, assim como uma espécie de geminação entre a Grã Ordem
Afonsina e a Fundação Rei Afonso Henriques.
Barroso
da Fonte
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