segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Zamora inaugura busto do Rei fundador

 http://dinisribeiroescultor.pt/2022/10/05/dom-afonso-henriques-vai-a-zamora-vimaranenses-por-detras-desta-intencao/


Por  BARROSO  da  FONTE



Em 28 de Maio de 1143 D. Afonso Henriques armou-se Cavaleiro

Zamora inaugura busto do Rei fundador

 

Na Idade Média, Zamora foi o centro urbano do Reino de Leão com maior proximidade ao Condado Portucalense. Foi na sua catedral que D. Afonso Henriques se armou cavaleiro, a si próprio, quando completava 14 anos de idade. Dezoito anos depois, aí decorreu a assinatura do Tratado de Zamora que foi um diploma resultante da conferência de paz entre Afonso Henriques e seu primo, Afonso VII de Leão, em 5 de Outubro de 1143. Alguns historiadores consideram a assinatura desse tratado como a declaração de independência de Portugal e o início da dinastia Afonsina.

Em 24 de Junho de 1128 teve lugar a Batalha de S. Mamede, entre os apoiantes de D. Afonso Henriques e os apoiantes da Mãe, D. Teresa, que se deixara seduzir pelos irmãos Trava, galegos leais ao Reino de Leão. D. Afonso Henriques saiu vencedor e cuidou de administrar o segundo Condado Portucalense. Até à batalha de Ourique foram necessários grandes e renhidos esforços para gerir o território recém-conquistado. Em 1139, ao vencer os cinco reis mouros, ele próprio se considerou rei. Mas só em 1143, o imperador o intitulou Rei. Contudo, 36 anos depois, a 23 de maio de 1179, o Papa Alexandre III, através da bula Manifestis Probatum e da destreza do arcebispo D. João Peculiar, D. Afonso Henrique se libertou «dos meandros diplomáticos para obter a separação e a primazia dos domínios de Santiago de Compostela».

Nascimento da Grã Ordem Afonsina

Em 2019 nasceu, em Guimarães, a Associação Grã Ordem Afonsina – Vida e Obra do Rei Fundador, a pensar na comemoração, em 2028, dos nove séculos do nascimento de Portugal, fruto da vitória na batalha de S. Mamede. É certo que então foram precisos 51 anos para chegar a bula Manifestis Probatum, do Papa Alexandre III, para oficializar o processo autonómico do Condado Portucalense. Mas foi nos campos de S. Mamede que, em 24 de Junho de 1128, se deu o pontapé de partida para a existência de Portugal.

A pandemia do covid surgiu, quase em simultâneo, com a criação da Grã Ordem Afonsina. Esta foi ganhando adesão, interna e externa, e tudo fez para, num concelho com mais de 300 associações, difundir, em 24 de Junho de 2020, em parceria com a Câmara de Guimarães e com doze Associações com personalidade jurídica que subscreveram, em 2021, a “Estrutura de Missão” com vista à reconciliação com a História e com o estatuto iniciático do novo reino.

No último dia 24 de Junho, Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães, proclamou essa Estrutura de Missão, que havia sido aprovada, com os votos favoráveis das doze associações concelhias que assumiram esse projeto conducente à celebração condigna dos 900 anos da fundação da nacionalidade, em 2028. Entretanto houve eleições autárquicas e a vice-presidente Adelina Pinto, que estivera de acordo com aquela Estrutura de Missão na reunião de 24 de Junho de 2020, realizada no auditório Diogo Freitas do Amaral, manteve-se nas mesmas funções, pelo que deverá dar continuidade ao projeto, rumo aos nove séculos da Fundação de Portugal.

Essa Estrutura de Missão foi criada para cumprir uma tripla estratégia no dizer de Florentino Cardoso, presidente da atual direção da Grã Ordem, cuja narrativa deve ter, como alvos, os públicos municipais e nacionais. Desta exigência se devem conjugar os preconceitos que resultam das várias hipóteses cronológicas, como sejam: o 24 de Junho de 1128, que deveria já ter sido consagrado como o dia da Fundação da Nacionalidade Portuguesa, ou «Primeira Tarde» como José Mattoso sugeriu. Lamentavelmente, estamos a comemorar, anacronicamente, o “dia da Raça”, confirmado pela democracia que se seguiu à ditadura, sabendo todos nós que o Estado Novo findou na Revolução de Abril. Uma verdadeira contradição porque foi esse mesmo regime que, apressadamente, se serviu do dia e do ano da morte de Luís de Camões para glorificar o autor dos Lusíadas. Por mais grandiosa que seja a obra de Camões, antes dele vir ao mundo e de escrever essa monumental epopeia poética, em Língua Portuguesa, já muitas gerações de homens e de mulheres tinham prodigalizado todo o tipo de feitos e de factos que fizeram grande e façanhoso o império que nos levou a todos os recantos do globo.

A UNESCO já reconheceu, à Língua Portuguesa, o dia mundial, em 5 de Maio de cada ano. Fernando Pessoa resumiu esse prodígio e excelência à Pátria que nos identifica. Por que não abrem os olhos aqueles que querem ver e tiram dos ouvidos a cera que não os deixa ouvir?

Todos sabemos que somos um dos mais antigos países da Europa. E sabemos também que somos dos muito poucos que não celebramos a data do nascimento da sua pátria no dia certo, assim como não celebramos o aniversário do Rei Fundador.

É preciso corrigir a História e a cronologia dos acontecimentos mais relevantes.

Em 2021 o Presidente da República recebeu, da Grã Ordem Afonsina, durante uma visita à Cidade Berço, uma réplica da espada de D. Afonso Henriques. Entendeu-se que esta oferta ao mais alto magistrado da Nação, no dia 24 de Junho, simbolizaria a representação material do património intangível, constituído pela figura de Afonso Henriques e pela Fundação de Portugal.

DINIS  RIBEIRO
Foi neste contexto que decorreu no passado dia 5 de Outubro, na Pousada de Santa Maria da Costa, em Guimarães, um jantar de trabalho, entre a direção da Grã Ordem Afonsina, três empresários locais e José Luís Prada, representante da Fundação Rei Afonso Henriques, com sede em Zamora. A Grã Ordem Afonsina e a Fundação Rei Afonso Henriques já vinham trocando conversações, incluindo o ex-Presidente da Câmara de Bragança, António Jorge Nunes, acerca do estreitamento de relações e contactos entre as duas Instituições culturais, cujos objetivos são semelhantes. Através do arquiteto Abel Cardoso, vice-presidente da Grã Ordem, e o escultor vimaranense Dinis Ribeiro, sonharam com «uma escultura de Afonso Henriques, em Zamora». Os três empresários comprometeram-se a custear a obra. A Câmara de Guimarães dará o apoio institucional. Os representantes das duas Associações concordaram «com esse projeto que será uma oportunidade para iniciar aquilo que é de todos. É consensual o reforço e a iniciativa de constituir um dos desafios que Zamora quer abraçar, levando vimaranenses a Zamora» e vice-versa. O Turismo tem muito a esperar.

O entendimento que houve nesse jantar/reunião resultou na ideia de erigir uma escultura alusiva a D. Afonso Henriques, cuja inauguração solene deverá ocorrer em Zamora, em 28 de Maio próximo. Foi nesse dia, mas do ano 1125, quando tinha 14 de idade, que Afonso Henriques se armou cavaleiro, a si próprio, naquela catedral. Era, e ainda é, dos mais importantes dias do Calendário religioso: dia do Pentecostes. Dezoito anos depois, em 5 de Outubro de 1143, e na mesma cidade, foi assinado o diploma da conferência de paz entre D. Afonso Henriques e seu primo Afonso VII de Leão. São duas excelentes razões históricas para estabelecer uma forte ligação entre Guimarães e Zamora, assim como uma espécie de geminação entre a Grã Ordem Afonsina e a Fundação Rei Afonso Henriques.

 

Barroso da Fonte


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