Adriano Moreira destacou-se não só como estadista e político, mas também
como professor universitário e pensador em matérias de Relações Internacionais
e de Educação. Ex-membro do Conselho de Estado indicado pelo CDS-PP, Adriano
Moreira teve um percurso académico e político dividido entre dois regimes,
tendo sido ministro do Ultramar no Estado Novo, de 1961 a 1963, e presidente do
Centro Democrático e Social (CDS) em democracia, de 1986 a 1988.
Professor universitário com dezenas de obras publicadas, fortemente ligado
ao atual Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), que
dirigiu e ajudou a reformar antes do 25 de Abril, foi também deputado, entre
1980 e 1995, e vice-presidente da Assembleia da República no seu último mandato
parlamentar.
"A minha vida foi a escola, sobretudo. A intervenção política foi mais
por obrigação cívica", afirmou Adriano Moreira, numa entrevista à agência
Lusa, em 2012.
Adriano José Alves Moreira nasceu em Grijó, Macedo de Cavaleiros, no
distrito de Bragança, em 06 de setembro de 1922, filho de António José Moreira,
que foi subchefe da Polícia de Segurança Pública (PSP) no porto de Lisboa, e de
Leopoldina do Céu Alves.
Em Lisboa, morou em Campolide, estudou no Liceu Passos Manuel e
licenciou-se em Ciências Histórico-Jurídicas pela Faculdade de Direito de
Lisboa, em 1944. Recém-formado, começou a exercer a advocacia e o seu
envolvimento num processo contra o então ministro da Guerra, Fernando dos
Santos Costa, valeu-lhe uma detenção.
No Aljube, de onde foi libertado passados cerca de dois meses, conheceu
Mário Soares: "Até então, só o conhecia de nome. Era um jovem que muita
gente apreciava, porque tinha uma certa alegria e também porque era muito
determinado e consistente para a idade. Mas defendíamos posições inteiramente
contrárias", relatou, citado pela Visão, em 1995.
Entretanto, ingressou no corpo docente da antiga Escola Superior Colonial,
que passaria a Instituto Superior de Estudos Ultramarinos - o atual ISCSP, pelo
qual se doutorou, assim como pela Universidade Complutense de Madrid - e que,
com a sua intervenção, seria integrado na Universidade Técnica de Lisboa.
A sua tese "O Problema Prisional do Ultramar", editada em 1954,
foi premiada pela Academia das Ciências de Lisboa. Entre 1957 e 1959, Adriano
Moreira fez parte da delegação portuguesa às Nações Unidas: "Aí pude ouvir
pela primeira vez em liberdade as vozes dos povos que eram tratados como mudos
ou como dispensáveis. E isso mais avivou a minha ideia de que tínhamos de
transformar completamente o ensino".
António de Oliveira Salazar chamou-o então para o Governo, primeiro para
subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, em 1960, e depois para
ministro do Ultramar, em 1961. Estalavam as primeiras revoltas em Angola contra
a colonização portuguesa.
Segundo o próprio Adriano Moreira, Salazar convidou-o para que pusesse em
prática um conjunto de reformas de que falava nas suas aulas, mas
posteriormente pediu-lhe para mudar de política e a sua resposta foi:
"Vossa excelência acaba de mudar de ministro".
"Fui ministro de Salazar, mas fui o ministro que fui: revoguei o
Estatuto do Indigenato e aboli as culturas obrigatórias nas colónias",
disse ao Expresso, em 1983.
Quando deixou o Governo, em 1963, voltou ao ensino e casou-se em 1968 com
Mónica Isabel Lima Mayer, com quem teve seis filhos, António, Mónica, Nuno,
Isabel, João e Teresa. Foi presidente da Sociedade de Geografia.
Após o 25 de Abril de 1974, foi saneado das funções oficiais e esteve
exilado no Brasil, onde foi professor na Universidade Católica do Rio de
Janeiro.
Em 1980, regressou à política ativa, como candidato a deputado nas listas
da Aliança Democrática (AD). Filiou-se no CDS, que acabaria por liderar, entre
1986 e 1988, e continuou deputado até 1995.
Em 2014, Adriano Moreira foi uma das 70 personalidades que defenderam a
reestruturação da dívida pública como única saída para a crise.
in: Sapo 24
Nota de Pesar
https://youtu.be/ETObm9KReH8
Saudações Transmontanas e Alto Durienses
O Presidente da Direção,
Dr. Hirondino Isaías
Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro
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