domingo, 23 de outubro de 2022

Morreu Adriano Moreira


Condecorado pelo Presidente da República em junho com a Grã-Cruz da Ordem de Camões, Adriano Moreira cumpriu 100 anos de idade a 6 de setembro, tendo a data sido marcada com um celebração que juntou família e figuras políticas.

Adriano Moreira destacou-se não só como estadista e político, mas também como professor universitário e pensador em matérias de Relações Internacionais e de Educação. Ex-membro do Conselho de Estado indicado pelo CDS-PP, Adriano Moreira teve um percurso académico e político dividido entre dois regimes, tendo sido ministro do Ultramar no Estado Novo, de 1961 a 1963, e presidente do Centro Democrático e Social (CDS) em democracia, de 1986 a 1988.

Professor universitário com dezenas de obras publicadas, fortemente ligado ao atual Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), que dirigiu e ajudou a reformar antes do 25 de Abril, foi também deputado, entre 1980 e 1995, e vice-presidente da Assembleia da República no seu último mandato parlamentar.

"A minha vida foi a escola, sobretudo. A intervenção política foi mais por obrigação cívica", afirmou Adriano Moreira, numa entrevista à agência Lusa, em 2012.

Adriano José Alves Moreira nasceu em Grijó, Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, em 06 de setembro de 1922, filho de António José Moreira, que foi subchefe da Polícia de Segurança Pública (PSP) no porto de Lisboa, e de Leopoldina do Céu Alves.

Em Lisboa, morou em Campolide, estudou no Liceu Passos Manuel e licenciou-se em Ciências Histórico-Jurídicas pela Faculdade de Direito de Lisboa, em 1944. Recém-formado, começou a exercer a advocacia e o seu envolvimento num processo contra o então ministro da Guerra, Fernando dos Santos Costa, valeu-lhe uma detenção.

No Aljube, de onde foi libertado passados cerca de dois meses, conheceu Mário Soares: "Até então, só o conhecia de nome. Era um jovem que muita gente apreciava, porque tinha uma certa alegria e também porque era muito determinado e consistente para a idade. Mas defendíamos posições inteiramente contrárias", relatou, citado pela Visão, em 1995.

Entretanto, ingressou no corpo docente da antiga Escola Superior Colonial, que passaria a Instituto Superior de Estudos Ultramarinos - o atual ISCSP, pelo qual se doutorou, assim como pela Universidade Complutense de Madrid - e que, com a sua intervenção, seria integrado na Universidade Técnica de Lisboa.

A sua tese "O Problema Prisional do Ultramar", editada em 1954, foi premiada pela Academia das Ciências de Lisboa. Entre 1957 e 1959, Adriano Moreira fez parte da delegação portuguesa às Nações Unidas: "Aí pude ouvir pela primeira vez em liberdade as vozes dos povos que eram tratados como mudos ou como dispensáveis. E isso mais avivou a minha ideia de que tínhamos de transformar completamente o ensino".

António de Oliveira Salazar chamou-o então para o Governo, primeiro para subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, em 1960, e depois para ministro do Ultramar, em 1961. Estalavam as primeiras revoltas em Angola contra a colonização portuguesa.

Segundo o próprio Adriano Moreira, Salazar convidou-o para que pusesse em prática um conjunto de reformas de que falava nas suas aulas, mas posteriormente pediu-lhe para mudar de política e a sua resposta foi: "Vossa excelência acaba de mudar de ministro".

"Fui ministro de Salazar, mas fui o ministro que fui: revoguei o Estatuto do Indigenato e aboli as culturas obrigatórias nas colónias", disse ao Expresso, em 1983.

Quando deixou o Governo, em 1963, voltou ao ensino e casou-se em 1968 com Mónica Isabel Lima Mayer, com quem teve seis filhos, António, Mónica, Nuno, Isabel, João e Teresa. Foi presidente da Sociedade de Geografia.

Após o 25 de Abril de 1974, foi saneado das funções oficiais e esteve exilado no Brasil, onde foi professor na Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Em 1980, regressou à política ativa, como candidato a deputado nas listas da Aliança Democrática (AD). Filiou-se no CDS, que acabaria por liderar, entre 1986 e 1988, e continuou deputado até 1995.

Em 2014, Adriano Moreira foi uma das 70 personalidades que defenderam a reestruturação da dívida pública como única saída para a crise.

 in: Sapo 24

Evento no Pavilhão Ciência Viva na Expo, onde a CTMAD de LISBOA, homenageou o Professor, por altura do seu centésimo aniversário.


                                         O TRANSMONTANO

Nunca disse "não" a Trás-os-Montes. E, por essa razão, não existe um transmontano que hoje não tenha vertido uma lágrima pelo desaparecimento do Professor. O Presidente Marcelo, lembrou hoje o orgulho transmontano de Adriano Moreira. O seu nome ficou ligado a várias iniciativas transmontanas. A Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa criou em 2018 o Prémio Literário Adriano Moreira. Recentemente, por altura do seu Centésimo Aniversário, a agremiação sediada em Lisboa, homenageou-o em vários eventos, e por cada ano de vida do professor, distinguiu 100 ilustres transmontanos, destacados civicamente em várias áreas da actividade humana.


                                Nota de Pesar


A Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro após ter realizado a única cerimónia oficial do centésimo aniversário do Professor Doutor Adriano Moreira, no passado dia 06 de Setembro, lamenta a perda de um dos maiores filhos das Terras de Trás-os-Montes! A CTMAD endereça à família, aos amigos e aos sócios desta Casa Regionalista as mais sentidas condolências!
 
https://youtu.be/ETObm9KReH8


Saudações Transmontanas e Alto Durienses
 
        O Presidente da Direção,

              Dr. Hirondino Isaías


Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro
Tel: 217939311 Tlm: 916824293
Campo Pequeno, 50 - 3º Esq.
1000-081 Lisboa
http://ctmad.pt/

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