domingo, 26 de junho de 2022

Portugal é um circo



22 Junho, 2022

O SNS está em frangalhos há vários anos e só um idiota inútil acredita na bizarria de tal situação calamitosa não ser consequência directa da incúria, incompetência e amiguismo do governo socialista. Marcelo Rebelo de Sousa acha que o problema é “estrutural” e não deste governo, o que demonstra e ilustra perfeitamente a bondade da adjetivação que usei na frase anterior.

De resto a situação no país é a habitual: o gigantesco stock da dívida pública continua a aumentar, a inflação dispara à custa das políticas do BCE e da União Europeia que António Costa considera maravilhosas, a TAP continua uma vergonha de serviço e um espantoso sorvedor de dinheiro dos contribuintes.



Na comunicação social nada de novo. A RTP, sustentada com rendimentos subtraídos aos portugueses, tem o desplante de assumir a sua condição de organização de propaganda de narrativas fanático-tremendistas e nomeia uma editora de acção climática que não faz jornalismo nem tem vergonha na cara de subverter o primeiro preceito do código deontológico da profissão. O Público, que é há muito um pasquim escatológico, continua a voluntariamente a se entregar às causas LGBT e da ideologia do género. O Expresso, destacou um rapaz para escrever um novo manifesto anti-Chega travestido de notícia e de forma imunda e torcida sugere que André Ventura promove teorias da conspiração que resultam em massacres de pessoas.

O desgraçado e ridículo presidente da Associação Empresarial de Portugal em vez de pedir que o Estado saia da frente dos negócios privados e deixe os empresários trabalhar e arriscar, suplica tão tristemente quanto um janado pela mão protectora do Estado. Diz o homem que o governo deve dar às empresas 26 mil milhões de euros, dinheiro este – para quem não se lembre – que é retirado através de impostos aos contribuintes europeus.

Entretanto, alheios à penúria do país e gastando o que não é deles, os chefes de banda locais fazem-se passar por gente arejada e moderna. Bacalhau Coelho e Cabrita (“Reis”, de apelido) entenderam-se. O primeiro, presidente da Câmara de Faro, pagou 200.000 euros por uma escultura do segundo, artista. No passado recente, a Câmara de Matosinhos já tinha também adjudicado a Cabrita Reis, mas por valor superior, uma espécie de estendal de roupa para a marginal de Leça de Palmeira, obra que jaz agora enferrujada frente ao oceano para gaudio dos carapaus da costa.

Também em Alijó, uma pequena terra no Douro, não podia faltar uma exposição com 15 mamarrachos de pessoa com grande peso artístico: Joana Vasconcelos. Por uns módicos 100.000 euros, organizou-se uma mostra que durou três meses e terminou Domingo passado. Não sei quantas pessoas terão visitado a exposição, mas se tivesse sido feita uma vaquinha entre toda a população do município para pagar a conta, dava só 10€ a cada. O curador desta mostra justificou o evento como uma insurgência contra uma “realidade comezinha e o fado predestinado de um país remediado, condicionado do ponto de vista económico.”

O Presidente da República, sempre atento aquilo que é importante, assinalou ontem o que ele próprio considerou uma “efeméride”: o dia internacional do Ioga. Marcelo escreveu um comunicado a propósito da data “saudando o crescente número de portugueses que aderem a esta prática ancestral originária da Índia”.

Portugal é um circo e os palhaços somos nós que assistimos ao espetáculo.

A minha crónica, em vídeo, aqui:

1 comentário:

  1. Se está em frangalhos, não será, propriamente, de admirar, especialmente dado resultado da forma como escolhemos selecionar o que e quem temos para admirar.
    Refleti, hoje, um pouco sobre o assunto a propósito de uma definição pouco conhecida da autoria de Vitorino Nemésio. À leitura do que escrevi, tenho o gosto de o convidar em https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2022/06/vitorino-nemesio.html, ficando grato pelo que lá quiser comentar.
    Votos de um bom Domingo!

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