| ANTÓNIO MAGALHÃES Técnico Aeroespacial Sheffield |
É ter fome, é ter sede de
infinito!
Por elmo, as manhãs de
oiro e cetim…
É condensar o mundo num
só grito.
(Florbela Espanca – Ser
Poeta)
Esta é a pergunta que
faço a mim mesmo. O que define um Poeta. O que é ser Poeta.
Provavelmente Florbela
Espanca soube-o definir no seu poema, Ser Poeta.
“É
ser mendigo e dar como quem seja
Rei
do Reino de Aquém e de Além dor”
Para mim, no fundo é isto
que define um Poeta. O rico é nas ostentações que se define, o doutor, nos
diplomas que alcançou, o tipo de sucesso nas conquistas que vai amealhando, e o
Poeta, que também pode ser isso tudo, (não há nada de errado em ser rico,
doutor, ou o tipo de sucesso) é a verdadeira essência do
que é ser um ser-humano, aquele mendigo despido de títulos e ostentações, que
dá como se fosse Rei do Reino de Aquém e Além dor.
É aquele onde a fé na alma humana se deposita como um raio de esperança. É aquele que tem essa alma inquieta, num corpo aparentemente calmo. É aquele que torna a dor suportável e que fala do amor com sofrido encanto.
O Poeta encontra-se a si
mesmo na poesia. Ela é o diagnóstico perfeito da sua vida e da sua vivência
nela. É onde se encontra aquele que por existir, quiçá por vezes em momentos da
sua vida quase perdido, nem sempre os que consigo coabitam o veem. E por essa
razão, o Poeta desmascara-se a si mesmo através da sua poesia.
Por essas e outras razões
é que, é sempre com muito agrado quando recebo uma oferta de um livro, neste
caso de poesia, e essa oferta faz um longo caminho desde o sul de Portugal até
ao norte de Inglaterra.
Desta vez do Poeta Elmiro
Barbeiro que teve a gentileza de me enviar uma cópia do seu recente livro de
poesia, “Fragmentos de Vida”.
“Fui ao baú de memórias
À procura de recordações
Encontrei lindas
histórias
Carregadas de emoções”
Elmiro de Jesus Barbeiro
nasceu a 20 de Setembro de 1948, em Lagoaça, Concelho de Freixo de Espada À
Cinta.
Confessa-se um verdadeiro
apaixonado pela leitura, em especial a poesia, e neste livro reuniu um conjunto
de poemas que foi escrevendo ao longo da sua vida nas mais diversas situações e
por esse motivo se vai desvendando algumas das suas emoções e sentires em
relação ao amor, à saudade, à verdadeira essência da família, mas também ao bom
sentido de humor com que, em alguns versos recorda situações e vivências de
outros tempos, que demonstram um modo de viver muito particular das gentes
transmontanas.
Alguns dos seus versos
referem a sua aldeia em Trás-os-Montes, Lagoaça, e descrevem algumas das
paisagens únicas deste pequeno paraíso transmontano, como um verdadeiro
testemunho de beleza e encanto paisagístico.
O Poeta Elmiro Barbeiro
escreve com grande paixão e sentimento, mas também com sentido de humor, o que,
na minha modesta opinião como apaixonado pela leitura e com um carinho especial
pela poesia, se encaixa naquela definição de Florbela Espanca,
“É ser mendigo e dar como
quem seja
Rei do Reino de Aquém e
de Além dor”
é a verdadeira essência
do que é ser um ser-humano, aquele mendigo despido de títulos e ostentações,
que dá como se fosse Rei do Reino de Aquém e Além dor.
Fragmentos de Vida é isso
mesmo, um livro onde o Poeta se encontra a si mesmo nas poesias que escreveu ao
longo de uma vida e algumas delas as reuniu neste livro.
“Não sei como cavalgar
Esta distância que nos
separa
Não sei como esconder
Este desejo que me
acalenta
Não sei como encontrar
A paragem do destino
A estrela que me guia
A musa que me inspira
A luz que ilumina o meu
caminho
Não sei
Sei apenas que
O meu pensamento não pára
E entre pedras de granito
seculares
Saltito e grito
E choro de alegria
E revejo-me
Como se ainda fosse uma
criança
(Do livro – Fragmentos de
Vida – Elmiro Barbeiro)
De salientar também que
este livro de poemas, “Fragmentos de Vida” tem uma serie de fotografias a
acompanhar muitos dos poemas, fotografias essas desde o sul de Portugal -
Alvor, Elvas, Campo Maior, Beja, Troia, Setúbal ao norte Transmontano, com
especial destaque para Lagoaça.
“A sua vida quotidiana
tipicamente rural, os seus recantos e soalheiras de Inverno, a pureza bucólica
do seu ar e da sua paisagem, fazem de Lagoaça uma aldeia rural transmontana
apetecida por muitos e que é o orgulho dos seus naturais.
O Miradouro da Cruzinha
coloca-a sobranceira ao rio Douro num declive acentuado, onde a nossa vista se
enche de espaço e respeito contemplativo da natureza.” (excerto de um texto da
junta de Freguesia de Lagoaça.)
O livro Fragmentos de
Vida retrata toda essa beleza de maneira bem explicita e bela.
António Magalhães
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