https://www.rtp.pt/play/p8163/sexta-as-9
BARROSO da FONTE
Nunca falei, nem conheci pessoalmente, esta grande Senhora da
Televisão Pública. Mas como jornalista, com 68 anos de tarimba e ex-diretor da
extinta Direção-Geral da Comunicação social do norte, conhecedor dos cantos e
recantos do Palácio Foz e serviços afins distribuídos pela cidade de Lisboa,
rendo pública homenagem a esta equipa que durante dez anos incomodou
muita gente, denunciando verdadeiros «escarros» da democracia e ensinando aos
jornalistas, aos comentadores e aos líderes políticos, os caminhos da verdade,
da justiça e da reconciliação social.
Todos os docentes e discentes que exercem o ensino da
comunicação que conduz ao aprofundamento da verdade, da justiça e da paz, devem
exaltar as técnicas, os métodos e os falares
destas equipas que palmilham terrenos bravios, para chegarem às origens
do crime; e, perante o abismo, pegam no bisturi e relatam os factos, com
a transparência, o rigor e a vivacidade narrativa.
Sandra Felgueiras aproveitou o último programa para mencionar
exemplos de outros jornalistas que se têm destacado nestes 47 anos de liberdade
democrática, muito mais irritante do que no Estado Novo.
A equipa do programa "Sexta às 9" questiona a Direção
de Informação da RTP, sobre as razões do inesperado fecho do programa, cujo fim
de contrato deveria terminar em 17 de dezembro. Mas o último episódio foi
exibido em 26 de Novembro. E aquela jornalista, que desde há 22 anos tinha
contrato com a RTP, denunciou, «as barreiras à liberdade de imprensa».
Nesses dez anos de programa houve tempo bastante para debater, com imagens
cirúrgicas, diálogos vivos e argumentos, com direito ao contraditório. Para
confirmar que as barreiras à liberdade de imprensa, foram reais, volumosas e
indesmentíveis.
Sandra Felgueiras, abordou três exemplos contra os três
jornalistas mais castigados, pelos líderes das contravenções à ética
democrática. Deu imagem e voz a esses três jornalistas: José António Cerejo, Luís
Rosa e Sérgio Pratas. Apontou-os como jornalistas exemplares, carregados de
investigações severas, como se exige a todos os profissionais. Sujeitaram-se a
submissões, a trabalhos forçados e a reverências de inusitados personagens, de
duvidosa conduta social.
Desde o «lapso inexplicável» com o autarca de Aguiar da
Beira, ao «saco azul» que envolveu Isaltino de Morais e Sérgio Pratas, carregado
de verdade, de competência e de razão. Todos se viram-se vulgarizados pela
ditadura de quem tudo fez para que esses valores objetivos, fossem barrados
pela dureza dos agentes da lei do mais forte.
Pelos vistos as dezenas de milhares de opinadores que nos entram
em casa, nas ruas, nos serviços e, sobretudo, nos canais televisivos, não se
aperceberam da extinção do melhor programa que durante dez anos chamou os bois
pelos nomes. A mentira, o poder democrático e a corrupção ficaram a rir-se dos
crimes mais hediondos que o Sexta às 9 demonstrou.
Barroso da Fonte
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