O diagnóstico do estado da nação, segundo Miguel Poiares Maduro, no Expresso:"Somos menos, mais pobres, mais
desiguais, menos inovadores e menos confiantes nas nossas instituições e na
democracia. É este o estado da Nação. (…). Sabemos que a nossa economia é
frágil e pouco competitiva e que temos uma sociedade desigual e pouco coesa.
Estamos piores. (…) um dos países europeus cuja economia mais regrediu, mas
também um daqueles em que o Estado menos apoios concedeu. Temos o maior volume
de moratórias de crédito num país com níveis de endividamento público e privado
já muito preocupantes, empresas profundamente descapitalizadas e um sistema
financeiro muito frágil. Ficámos também a saber esta semana que descemos sete
lugares no Ranking Europeu da Inovação (valores pré-pandemia). (…).
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HOJE no JN |
Esta semana
também nos trouxe a confirmação do nosso drama demográfico. Pela primeira vez
desde a década de 1960-1970, vive menos gente em Portugal. Esta crise
demográfica não se limita a reduzir as nossas hipóteses de inverter a
estagnação económica, ela coloca em causa até a sustentabilidade do pouco que
temos. É também uma crise que confirma a crescente desigualdade territorial,
com um país cada vez mais concentrado em Lisboa e no Porto. Uma desigualdade
que acresce a uma desigualdade social de décadas e a uma crescente desigualdade
entre gerações. (…). Estamos há 20 anos em quase permanente estagnação
económica. (…). Já éramos pobres. Estamos cada vez mais próximos de ser os mais
pobres. (…) Apesar de sermos um dos países europeus que mais incentivos diretos
oferece às empresas, não conseguimos introduzir nestas uma cultura de inovação.
(…) Sem termos a garantia de um Estado isento e imparcial, nada nos garante que
os investimentos e apoios do Estado irão realmente servir para financiar os
projetos mais inovadores e de maior valor acrescentado. (…). No último ano, a
satisfação com a democracia caiu 16% e a confiança no Governo 14%, de longe as
maiores quedas de toda a União Europeia. (…) O estado da nossa Nação também é descrente,
magoada e polarizada. (…) O pior do estado da Nação pode vir a ser a maioria já
não se interessar por ele."
Miguel Poiares Maduro, “Os estados da nação”, Expresso, 30-07-2021, p.3.
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