Requiem pelo Alex
Os meus filhos e os meus netos chegaram de uma
ausência de meses e meses a Catarina e de mais de dois anos o Tiago. Quase tudo
parou para mim. Foi o Jerónimo Pinto que me deu a triste notícia:
- Morreu o filho do Jorge Golias!...
Depois de um pesado silêncio prosseguiu: - Não sabias!
Outro barranco de silêncio e avancei: - Estou a saber
agora!
E continuou: - O Jorge pediu para não o incomodarem,
nem com telefonemas. Só quer estar ele a assistir à cremação.
Pouco mais falámos.
Depois, foi o voltar-me para a memória do meu amigo e
do seu simpático e atencioso Alex.
Fixei-me na dor do Jorge e da Teresinha porque do Alex
só a memória.
Depois, pensei naquele poema fabuloso de Santo
Agostinho, que não nos tira o mar de Dor, meus caros, Jorge e Teresinha, mas é
uma almofada para a tristeza e a dor sem fim, ajudando-nos a prosseguir a
caminhada da vida.
Grande Abraço sentido e amigo, Jorge e Teresinha, meu
e da Isabel, que só não estive aí convosco porque sabia que essa era a vossa
vontade.
O belíssimo poema de Santo Agostinho para adornar o
vosso poema de vida:
Não morri, só estou do outro lado do
caminho.
A morte não é nada
Apenas passei ao outro mundo.
Eu sou eu. Tu és tu.
O que fomos um para o outro ainda o somos.
Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a um triste ou solene.
Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.
Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.
Que o meu nome se pronuncie em casa
Como sempre se pronunciou.
……
Sem nenhum ênfase, sem rosto de sombra.
A vida continua significando o que significou:
Continua sendo o que era.
………
O cordão que nos unia não se quebrou.
Porque eu estaria fora dos teus pensamentos, apenas
porque estou fora da tua vista?
…….
Não estou longe,
Somente estou do outro lado do caminho.
Já verás, tudo está bem.
Redescobrirás o meu coração,
E nele redescobrirás a ternura mais pura.
……
Seca tuas lágrimas e se me amas,
não chores mais.
Santo Agostinho.
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