quinta-feira, 8 de abril de 2021

O 25 de Abril. Onde e como eu o Vivi (4)


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Reflexões JBM_ABRIL_2021

J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Univ do Minho


Voltando agora às várias peripécias do 25 de Abril vou referir as consequências de algumas das muitas das “Acções Revolucionárias” implementadas. Claro que não foram só as dos bancos a serem nacionalizados. Para a gestão das herdades alentejanas nacionalizadas por Decreto em Lisboa, eram enviados militantes do PCP que nada sabiam de Agricultura. Como os donos e gestores tinham sido obrigados a sair do país, só os “gestores” comunistas davam ordens aos “trabalhadores”. Em cada época do ano o gestor tinha de indicar quais a parte da herdade onde devia ser semeado trigo; a parte da herdade onde devia ser semeado grão de bico, etc. etc.. e muitas outras acções próprias da Agricultura, e, também no ramos de produção de animais, ovinos, caprinos, porcos, etc.. Como o novo gestor nada sabia disso, aconteceu que todos os trabalhadores” ficaram parados como próprio gestor comunista.

O que faziam era irem abatendo gado para comerem, bem como cozendo pão com a farinha que havia nas arcas. Desse modo rapidamente acabava o “maná” e eles tinham de vir para Lisboa reclamar, em “Manifs” dinheiro para poderem comprar algo que existisse no mercado para poderem comer. 

Curiosamente, lembro-me de um colega meu que possuía uma herdade próxima do Montijo (Alentejo). Esse resolveu não emigrar. Ficou na direcção da propriedade. Ele vivia em Lisboa e todos os dias ia para o escritório dela na herdade. Aconteceu o mesmo no exterior do escritório: teriam de ser os trabalhadores a decidir o que produzir e onde produzir. Mas, nenhum deles era “Chefe” que desse as devidas ordens. De modo que também aí o “maná” acabou. Então, os trabalhadores cercaram o escritório, tendo dentro o dono, exigindo que ele lhe desse dinheiro. E ele sempre respondia: “Sou eu quem tem o livro de cheques”. Ele ficou um dia inteiro cercado, mas no dia seguinte os trabalhadores voltaram, mas para lhe pedirem que indicasse o que produzir e onde produzir. Claro que, com esse acordo e os trabalhadores a trabalharem, o meu colega resolveu o problema. Este foi um “final feliz”, mas tal não aconteceu em todos os locais. Lembro-me das nacionalizações do Samora Machel em L Marques. Eu tinha lá o Engenheiro Roxo Leão um colega do meu curso cujo Pai (RLP) era dono de uma herdade a uns 20km de LMarques. (RLP) tinha recebido o terreno da herdade só com capim. A custa dele montou uma herdade onde produzia “produtos frescos” (couves tomates, alfaces, etc.) com os quais abastecia o mercado em LMarques. Também tinha animais de capoeira, ovinos, caprinos, porcos, e algumas vitelas, etc. O Samora Machel nacionalizou a herdade e os trabalhadores tomaram conta dela. Aconteceu o mesmo que nas herdades alentejanos. Nada produziram e foram abatendo gado para irem comendo. Entretanto, o Pai do Roxo Leão morreu de desgosto com grande depressão. Os trabalhadores abandonaram a herdade já coberta de capim.

O Engenheiro Roxo Leão era dono de uma fabriqueta de vigotas de betão armado pré-esforçado e blocos de cimento para pavimentos e tectos de edifícios, (FVP) na Matola. Aí os decisores de Samora Machel foram mais inteligentes: Nomearam o Engenheiro Roxo Leão como funcionário Público.

DIRECTOR da FVP, propriedade do ESTADO. E Roxo Leão tinha um bom salário mensal.

 Outro caso vivido pela nossa família brasileira. Ela tinha duas fazendas, uma (FS) a sul de São Paulo onde iam todas as semanas, e outra onde costumavam passar férias (FF). Ambas as fazendas tinham sido apenas áreas de capim que o chefe da família, com muito trabalho e muita despesa, transformou em magníficos locais, com gados, etc.. Na fazenda FS tinham um caseiro que lá vivia com a respectiva família, pois até tinha, a poucos Kms a cidade (de nome CUNHA) para educação dos filhos. Um belo dia (ou noite) os “SEM TERRA” assaltaram e ocuparam a Fazenda FF. Isso aconteceu quando Lula da Silva, apoiado pela anterior PR Dilma Rousseff , Chefe do Grupo Comunista Che Guevara, deu luz Verde para os “SEM TERRA” ocuparem fazendas dos ricos.

Mas os “SEM TERRA” NADA produziram. Apenas foram comendo do que havia e pertencia à nossa família brasileira. Pouco tempo depois já nada havia Fazend FF para se comer e os “SEM TERRA” abandoaram essa fazenda e procuraram fazer o mesmo noutra fazenda com “Teres e Haveres”.

Voltando a outras “peripécias” do 25 de Abril: durante o período das “Actividades Revolucionárias, surgiram vário Partidos e movimentos do 25 de Abril; MRPP (Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado), SUV (Soldados Unidos Vencerão); A União Democrática Popular (UDP); Partido Socialista Revolucionário (PSR); Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT).

Para animar este arrazoado, vou referir uma ocorrência que aconteceu em Coimbra, salvo erro: Durão Barroso e outros do MRPP fizeram uma grande algazarra às portas do Teatro Gil Vicente em Coimbra. Então, Otelo Saraiva de Carvalho, dirigente do COPCON mandou prendê-los. E a 1ª coisa que os prisioneiros tiveram de dizer foi o nome dos seus Pais e o de suas Mães.

Nome do Pai: E eles responderam: “ Otelo Saraiva de Carvalho. Nome da Mãe: Rosa Coutinho (o bem conhecido Almirante Vermelho acima citado). E não saíram daí, até que foram soltos.

O percurso político de Durão Barroso, Jurista e Professor Universitário, foi espectacular: Presidente do PSD; exerceu funções como Deputado, Ministro e Chefe de Governo em Portugal e, posteriormente 11.º Presidente da Comissão Europeia; actual Presidente não-executivo do Banco Goldman Sachs International.

Estes pequenos partidos e movimentos do 25 de Abril e Pós 25 de Abril tinham militantes que apenas pintavam paredes com Slogans defensores dos seus ideais e, juntos, faziam “Manifs” com o mesmo objectivo. Essa “amálgama” deu origem ao actual partido BE (Bloco de Esquerda). A palavra “BLOCO” quer exactamente significar a variedade de partidos e ideais inclusos. Como consequência o BE pouco tem a ver com PCP (Partido Comunista Português) que é Monolítico, defensor de um governo de DITADURA.

Na base do BE (sem ninguém, hoje o dizer) existe o ANARQUISMO uma ideologia política que se opõe a todo o tipo de hierarquia. Portanto, o País não deveria ter Polícias de qualquer espécie, nem Forças Armada, nem sequer Aparelho Judicial (os “bandidos” seriam julgados e punidos na “Praça Pública”)

Daí que o BE seja contra Portugal pertencer à NATO, etc..

(Continua)


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