Poeta Henrique Pedro, de Vale de Salgueiro - Mirandela
Era pelo Estio que se perdia a virgindade
Recordo aquele
dia de Estio deleitoso
perfumado de
feno, pinho e alecrim
o recanto
umbroso do rio da mocidade
escondido entre
fraguedos
guardiões da
verdade
Aquela tarde
sem fim
em que fui
Fauno por encanto
e a minha doce
companhia
uma Dríade
lendária
quando sem
sombra de mal
nos entregámos
a inocentes
e aquáticos
folguedos
sem maldades ou
medos
Recordo as
fugas simuladas
por entre
giestas e fragas
as dissimuladas
perseguições
o bater aberto
dos corações
a ternura dos
abraços
o beijo
apaixonado
até então nunca
experimentado
E recordo o
momento mais ardente
em que nos
demos por vencidos
tomados de
paixão emergente
já
completamente despidos
Virgens?!
… éramos os
dois..
...E depois!?
Ninguém se deu
conta
que naquela
tarde de Estio perfumado
em que o amor
desponta
sadio
perdêramos
ambos a virgindade
levada para
sempre
na limpidez da
água corrente
Tudo ocorreu
com naturalidade
com a
correnteza da verdade
na mais pura e
santa inocência
Não houve
choros
nem ranger de
dentes
nem palmas
nem traumas
ninguém
levantou a voz
muito menos nós
a tal fizemos
referência
Era pelo Estio
nas águas do
rio da mocidade
que se perdia
a virgindade
In Mulheres de
amor inventadas (1.ª Edição, Outubro de 2013)
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