São, pelo menos, 47
concelhos onde haverá (no mínimo) outras tantas escolas com
casos positivos de Covid-19. O levantamento foi feito pela Fenprof — que há 10 dias falava em 16 locais e agora acresecenta à
lista 31 regiões — e anunciado pelo
seu secretário-geral no Dia Mundial do Professor. No imediato, a federação pede
transparência ao Governo e um mapa completo de situações nas
escolas, bem como das medidas acionadas em cada uma delas. Já
no passado dia 25 de setembro, os professores tinham requerido ao Ministério da
Educação informação sobre as escolas onde surgiram casos de Covid-19,
documentação que, até à data, não receberam.
“Em nome da transparência, exige-se a divulgação do mapa completo de situações nas
escolas e quais as medidas tomadas em cada caso. A ocultação
não tranquiliza as comunidades educativas e desrespeita a lei, pois esta
reconhece, designadamente às organizações sindicais, o direito à informação
sobre as condições de segurança e saúde nos locais de trabalho”, disse o líder
da Fenprof no seu discurso no auditório do Seminário do Vilar, no Porto,
durante as celebrações do Dia Mundial do Professor.
Mário Nogueira afirmou que “a
insuficiência das medidas previstas”, no arranque do ano letivo, para as
escolas pela tutela “saltava à vista, desde logo por não acompanharem as da
Direção-Geral da Saúde”, lembrando que isso mesmo levou a Fenprof a solicitar
reuniões ao Ministério da Educação. “Só que estes não assinalaram, sequer, a
receção do pedido, como impõem as regras de boa educação e de relacionamento
institucional democrático. Também a Direção-Geral da Saúde, parecendo mais
preocupada com o interesse político do que com a saúde pública, não quis reunir
(e não foi por falta de pedidos de reunião), evitando esclarecer se validava
[ou não] as orientações enviadas pelo ME às escolas”, acrescentou.
Assim, o sindicalista aponta 47 concelhos
(“entre outros”) onde há casos de Covid-19 nas escolas, sem, no entanto, nomear
as escolas ou os agrupamentos onde os casos aconteceram. Também não esclareceu
se foram casos positivos de alunos, professores ou pessoal não docente.
Os concelhos apontados pela Fenprof são:
·
Ponte de Lima, Braga, Guimarães,
Barcelos, Lixa, Guarda,
Seia, Trancoso,
·
Vila Real, Bragança, Penedono, Viseu, Vila
Nova de Paiva, Felgueiras, Lousada, Lourosa, Espinho,
·
Marco de Canavezes, Santo Tirso, Póvoa de Varzim, Porto, Gaia,
Valongo,
·
Aguiar da Beira, Castelo Branco, Fundão,
Coimbra, Leiria,
Santarém, Entroncamento, Torres Novas, Ourém, Lisboa,
Loures, Mafra, Sintra, Cascais,
·
Castelo de Vide, Reguengos de Monsaraz,
Cuba, Faro,
Portimão, Lagos, Loulé, Olhão, Castro Marim, Vila Real de Santo António
Ainda sobre os contágios nas escolas,
Mário Nogueira criticou que, na maioria delas, a solução tenha sido manter os
professores a dar aulas mesmo depois de alunos seus terem testado positivo e
serem enviados para quarentena.
“Por estranho que possa parecer, num país
em que vigoram protocolos tão apertados como os que se aplicam ao futebol ou a
atividades ao ar livre – sejam festivas, políticas ou religiosas (e não os
pomos em causa) –, no caso das escolas a norma tem sido, quando surgem casos
positivos em alunos, manter os respetivos
professores ao serviço sem realizar qualquer teste, pondo em
causa a saúde destes, dos seus alunos e de quem vive com eles. Só
excecionalmente a decisão foi diferente”, sublinhou.
Falta de professores nas escolas
No seu discurso, Mário Nogueira lembrou
ainda as falhas que existem na colocação de professores nas escolas e os
problemas que começam a surgir em alguns grupos de recrutamento.
“Hoje, 5 de outubro, menos de um mês após
o início das aulas, já há 30 grupos de recrutamento
com falta de professores. São já 803 docentes que estão em
falta a que se somam mais 148 técnicos especializados. O pódio por disciplina é
ocupado por Informática, Geografia e Inglês; por distrito temos Lisboa, Setúbal
e Faro”, sublinhou.
O líder da Fenprof deixou também uma
palavra para o ensino à distância: “Apesar do esforço realizado, que foi
acompanhado por alunos e famílias, o ensino a distância, que
alguns aclamaram como o admirável mundo novo da Educação, revelou-se um flop, levando
ao agravamento de desigualdades que penalizaram mais os já mais penalizados”.
Por isso mesmo, congratulou-se com o regresso do “insubstituível ensino
presencial”, ainda que em condições “muito complicadas, também inéditas, neste
tempo marcado pelas dúvidas em relação ao futuro.”
Do rol de exigências deixadas pelo
secretário-geral da Fenprof, no Porto, fazem parte a atribuição de um
financiamento público para a Educação que corresponda a 6% do PIB, tendo
Nogueira assinalado que na quinta-feira, 8 de outubro, os professores vão
entregar a todos os grupos parlamentares as suas propostas para o Orçamento do
Estado para 2021.
E voltou a lembrar velhas lutas: a recuperação do tempo em que as
carreiras estiveram congeladas, a necessidade de rejuvenescer a profissão e de
permitir que os professores mais velhos se reformem segundo um regime de
aposentação especial.
Comentário:
Percebe-se, num país com um governo nepotista. Mas os sindicatos deviam ter evitado que se formassem turmas com 30 alunos. Quanto ao ensino à distância, tem as suas virtudes e os seus defeitos. Aliás, como o ensino presencial.
Sem comentários:
Enviar um comentário