J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Universidade do Minho
Os “donos” da Turquia sempre entenderam que deviam ser “donos dos dois
continentes Ásia e Europa. Quanto a “civilizações” existe o estreito de Bósforo que liga o Mar Negro e o Mar da Mármara
a separar a Europa, Civilização Ocidental da Ásia, da Civilização Oriental. Na
chamada “Parte Velha” de Istambul impera a Civilização Oriental. e a Religião
Muçulmana. Do outro lado do Bósforo está a parte Europeia da cidade que
já não é “imperatriz” na Turquia. A Basílica de Santa Sofia dita Hagia Sophia (ou Divina Sabedoria) fica do lado
asiático de Istambul.
Como disse Bruno Vieira Amaral» Expresso Revista» 18-7-2020 pg E|10, Hagia Sophia, como igreja, mesquita ou museu, foi
sempre instrumento e símbolo do poder vigente. E assim continua. Vem isto a
propósito da da decisão de Recep Tayyip Erdogan em transformar Hagia Sophia de
novo numa mesquita abrindo-a aos fiéis e mantendo-a acessível aos visitantes,
fora do período das orações, o que é, mais do que um retrocesso, um arriscado
acto de funambulismo político e religioso. O Presidente turco escudou a decisão
na conquista de Constantinopla pelo Império Otomano em 1453—os demagogos
servem-se sempre da História a seu bel-prazer A condenação unânime –de Putin à
UNESCO, da Igreja Ortodoxa à Igreja Católica—não deve desencorajar Erdogan. Pelo
contrário, quanto mais isolado ficar, maior será a força da sua
retórica-nacionalista, como diz Bruno Vieira Amaral.
Eu acrescento: Erdogan é hoje um verdadeiro criminoso internacional
pelos crimes que já praticou dentro e fora do seu País. Há umas duas dezenas
de anos, numas eleições livres Fethullah Gulen, um Muçulmano verdadeiramente moderado e grande
investigador da Religião Muçulmana e das Outras, ganhou-as.
Erdogan arranjou um
grupo armado , declarou
falsamente ter havido
um “Golpe de Estado “ militar que deu a
vitória nessas eleições a Fethullah Gulen, Tentou matá-lo, mas ele fugiu a tempo para os EUA. Com
essa mesma falsa razão, depois de tomar o Poder, Erdogan, conseguiu aprisionar
e matar soldados e oficiais do Exército Turco que lhe poderiam ser
desfavoráveis no uso do Poder. Noticia-se que mais de 7,5 mil foram presos após
“tentativa de golpe “ E, passo a passo, continuando a usar o “esquema” até
meteu na prisão muitos juízes que, num julgamento justo o poderiam condenar a
prisão.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse então:”não há nenhum atraso no uso
da pena de morte após a tentativa de golpe. ...
de notícias Reuters um ex-oficial
militar
com conhecimento dos eventos.
Erdogan mandou (e manda) prender
jornalistas estrangeiros com a desculpa que eram espiões ao serviço do PKK, (Partido dos Trabalhadores Curdos),
pois os curdos ocupam 1/3 do território da Turquia do lado poente da fronteira
da Turquia com o Iraque
Várias vezes Erdogan
tem mandado aviões de guerra turcos bombardear não só
as populações curdas do lado curdo da
fronteira, mas também as populações curdas do lado do Iraque com o argumento de que essas populações dão
abrigo a elementos do PKK. . Com isso morrem de cada vez centenas de
curdos inocentes.
E Erdogan, para completar a destruição,
invade com tropas o território do Iraque, as quais incendeiam todas as
habitações e haveres dos curdos que têm de fugir para os matos, para não serem
mortos. Essa fronteira fica muito longe da Capital do Iraque. Por isso o
Governo do Iraque não pode socorrer essas populações.
Na fronteira
da Turquia com a Síria, Erdogan invade com
tropas o território da Síria com a desculpa de que há lá elementos do PKK que passam a fronteira e atacam
Turquia, o que é uma descarada mentira. Há lá de facto elementos
do PKK, mas para apoiarem os “Rebeldes” opositores ao regímen de
Damasco.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos,
mais de 1.500 combatentes curdos já foram mortos desde o início da ofensiva
turca. Mais de 150 mil pessoas deixaram o noroeste sírio, tentando escapar dos combates
entre os rebeldes sírios apoiados pela Turquia e os combatentes curdos. O ramo
do PKK» YPG ocupa Afrin desde 2012, quando forças do governo sírio se retiraram
da área.
"Os curdos
estão frente a frente com a carnificina, em múltiplas geografias",
declarou em 2018 Pervin Buldan, copresidente do Partido Democrático dos Povos
(HPD), a cerca de 10 mil manifestantes reunidos na cidade alemã de Hannover. O
pró-curdo HDP é o terceiro maior grupo do Parlamento turco.
Note-se que os
curdos que vivem (e sempre viveram) dentro da Turquia vivem na miséria, pois o
Erdogan produz uma verdadeira segregação racial para com os curdos. Só os
turcos “genuínos” têm direito a Assistência Médica e Hospitalar, etc., etc..
Os curdos são
mais de 16 milhões, vivem no
Iraque e em partes da Síria e do Irão. Aproximadamente 55% dos curdos no mundo vivem na Turquia, 20% no Irão, 20% no Iraque e um pouco
menos de 5% na Síria.
Entenda-se quem
apoia quem na guerra na Síria:
A Rússia e o Irão são aliados de
Assad. Os EUA treinaram os “Rebeldes Sírios” oponentes de Assad. A Tuquia “percula”
pelo meio, mas o objectivo de Erdogan
é matar o maior
nº. de curdos associados ao PKK, onde quer que estiverem.
Chipre obteve a independência do
Reino Unido em 1960 e uma nova Constituição procurou manter um equilíbrio entre
as principais comunidades da ilha. Através de um Tratado, o Reino Unido
conseguiu que Grécia e Turquia assumissem o estatuto de "potências
garantes" da independência e o direito de intervir caso Chipre procurasse
juntar-se `Grécia. Nesse período, muitos cipriotas gregos ambicionavam uma
ligação à Grécia.
No final de 1963 eclodem violências entre as comunidades cipriota grega
e turca, e em 1964 é criada uma força de manutenção da paz da ONU para Chipre
(UNFICYP).
Entre 1963 e 1964 cerca de 2.000
pessoas são dadas como desaparecidas na sequência dos confrontos
intercomunitários.
Em 20 de Julho de 1974, tropas turcas desembarcam no norte da ilha, com
a Turquia a invocar o seu direito à protecção da minoria cipriota turca (menos
de 20% da população).
Note-se que intenção de Erdogan era a de
que mais uns largos milhares de turcos se instalassem ocupando casas e haveres
dos gregos que, com essa invasão, tiveram de fugir para a parte Sul da ilha com
“mãos vazias”. Naturalmente que os cipriotas gregos pediram urgente apoio da
Grécia para impedir que as tropas turcas ocupassem toda a ilha. Desse modo
tropas gregas fizeram face à tropas turcas e uma “cortina de ferro” foi estabelecida,
e ainda hoje existe, a separar a comunidade grega e a comunidade turca.
Segundo
as autoridades cipriotas gregas, a invasão turca da ilha e o conflito que se
seguiu provocou 3.000 mortos e 1.400 desaparecidos.
Em 15 de Novembro de 1983, o líder da comunidade cipriota turca Rauf
Denktash (1924-2012) proclama a "República Turca de Chipre do Norte"
(RTNC), onde permanecem estacionadas cerca de 35.000 tropas turcas. Apenas
Ancara reconheceu esta entidade.
Em abril de 2003, foi aberto em
Nicósia um primeiro ponto de passagem entre as duas partes da ilha, seguido de
outros acessos. Um ano depois são restabelecidas as trocas de mercadorias.
Em abril de 2004 a ONU submeteu a
referendo um plano de reunificação, aprovado por larga maioria dos cipriotas
turcos (65%) mas rejeitado por mais de 75% dos cipriotas gregos, por
considerarem que fornecia mais condições políticas e jurídicas à outra
comunidade.
Na sequência destes resultados, Chipre
ficou uma República de Chipre dividida que aderiu oficialmente à União Europeia
(UE) em 1 de Maio de 1974, e com o estatuto comunitário a aplicar-se
exclusivamente à parte sul, internacionalmente reconhecida.
Tudo isto para
dizer que, (como é de pasmar, as autoridades de todos os países da Europa e dos
EUA se terem mantido caladas (e continuam) em relação a todas as barbaridades
cometidas por Erdogan. Pelo contrário, a Senhora Merkel ainda Presidente da
Alemanha, foi à Turquia oferecer apoio monetário (não se sabe quanto) para
Erdogan ordenar aos seus policiais que retivessem as vagas de candidatos a
“Refugiado” na Europa, os quais sempre aportam à Turquia.
Claro que Erdogan
“comeu o isco”, mas nada pôde fazer porque a grande maioria dos seus policiais
são “engajadores” que, a trôco de centenas ou milhares de dólares, metem essa
gente, que envolve mulheres e crianças, em frágeis barcos de borracha para
atingirem alguma ilha grega ou italiana. E todas as semanas se continua a ver o
número de mortos afogados que daí resulta.
Em artigos relativos ao Terrorismo, que continua, agora
intenso no Norte de Moçambique e noutras partes de África, referi que o grave
problema das vagas de “Refugiados” que conseguem atingirilhas gregas ou as
italianas Sicília e Lampedusa, só se resolverá
“fixando” os jovens negros naturais, nos seus próprios países, nomeadamente na
Agricultura e criação de aves e animais de pequena dimensão, o que implica os
responsáveis dos países europeus, nomearem um conjunto de engenheiros agrónomos
para, com colegas semelhantes de cada país africano estudarem “in loco” os
terrenos próprios para Agricultura e planearem um Programa, aceite pelo Governo
Local, que com todo o detalhe contenha formas concretas de “fixar” famílias
nessas áreas.
Nesse sentido, algumas missões, católicas
principalmente, têm realizado trabalho importante, mas pouco significativo no
que diz respeito a evitar que vagas de “Refugiados” tentem chegar à Europa.
Note-se que também é preciso um trabalho repetido mostrando nos países que mais
pessoas estão a “exportar” para a Europa, que na Europa não há um “Eldorado” em
nenhum dos seus países, mostrando com fotos abundantes nas TVs desses países as
tragédias de jovens, mulheres e crianças, que, metidas em frágeis barcos de
borracha para atingirem alguma ilha grega ou italiana, morrem afogadas.
Note-se que
existem navios costeiros que vão da costa de Angola para norte entrando nos
portos de vários países (Senegal, Mauritânia; Marrocos, Tunísia Líbia e Síria) até
atingirem a costa da Turquia. Ao longo da sua rota esses navios costeiros vão
“colhendo” passageiros que depois, com base na costa da Turquia, são apanhados
pelos “engajadores” turcos.
Braga, Setembro_2020
J. Barreiros Martins Prof.
Cat. Emérito Jubilado da Universidade do Minho
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