terça-feira, 8 de setembro de 2020

Reflexões JBM _Setembro "Tópicos da História da Turquia. E Crimes ACTUAIS"



 J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Universidade do Minho

Os “donos” da Turquia sempre entenderam que deviam ser “donos dos dois continentes Ásia e Europa. Quanto a “civilizações” existe o estreito de Bósforo que liga o Mar Negro e o Mar da Mármara a separar a Europa, Civilização Ocidental da Ásia, da Civilização Oriental. Na chamada “Parte Velha” de Istambul impera a Civilização Oriental. e a Religião Muçulmana. Do outro lado do Bósforo está a parte Europeia da cidade que já não é  “imperatriz” na Turquia. A Basílica de Santa Sofia dita Hagia Sophia (ou Divina Sabedoria) fica do lado asiático de Istambul.
Como disse Bruno Vieira Amaral» Expresso Revista» 18-7-2020 pg E|10, Hagia Sophia, como igreja, mesquita ou museu, foi sempre instrumento e símbolo do poder vigente. E assim continua. Vem isto a propósito da da decisão de Recep Tayyip Erdogan em transformar Hagia Sophia de novo numa mesquita abrindo-a aos fiéis e mantendo-a acessível aos visitantes, fora do período das orações, o que é, mais do que um retrocesso, um arriscado acto de funambulismo político e religioso. O Presidente turco escudou a decisão na conquista de Constantinopla pelo Império Otomano em 1453—os demagogos servem-se sempre da História a seu bel-prazer A condenação unânime –de Putin à UNESCO, da Igreja Ortodoxa à Igreja Católica—não deve desencorajar Erdogan. Pelo contrário, quanto mais isolado ficar, maior será a força da sua retórica-nacionalista, como diz Bruno Vieira Amaral.
Eu acrescento: Erdogan é hoje um verdadeiro criminoso internacional pelos crimes que já praticou dentro e fora do seu País. Há umas duas dezenas de anos, numas eleições livres Fethullah Gulen, um Muçulmano verdadeiramente moderado e grande investigador da Religião Muçulmana e das Outras, ganhou-as.
Erdogan arranjou um  grupo armado ,  declarou falsamente ter havido
um “Golpe de Estado “ militar que deu a vitória nessas eleições a Fethullah Gulen, Tentou matá-lo, mas ele fugiu a tempo para os EUA. Com essa mesma falsa razão, depois de tomar o Poder, Erdogan, conseguiu aprisionar e matar soldados e oficiais do Exército Turco que lhe poderiam ser desfavoráveis no uso do Poder. Noticia-se que mais de 7,5 mil foram presos após “tentativa de golpe “ E, passo a passo, continuando a usar o “esquema” até meteu na prisão muitos juízes que, num julgamento justo o poderiam condenar a prisão.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse então:”não há nenhum atraso no uso da pena de morte após a tentativa de golpe. ... de notícias Reuters um ex-oficial militar com conhecimento dos eventos.
 Erdogan mandou (e manda) prender jornalistas estrangeiros com a desculpa que eram espiões ao serviço do PKK, (Partido dos Trabalhadores Curdos), pois os curdos ocupam 1/3 do território da Turquia do lado poente da fronteira da Turquia com o Iraque
Várias vezes Erdogan tem mandado aviões de guerra turcos bombardear não só
 as populações curdas do lado curdo da fronteira, mas também as populações curdas do lado do Iraque  com o argumento de que essas populações dão abrigo a elementos do PKK.  . Com isso morrem de cada vez centenas de curdos inocentes.
 E Erdogan, para completar a destruição, invade com tropas o território do Iraque, as quais incendeiam todas as habitações e haveres dos curdos que têm de fugir para os matos, para não serem mortos. Essa fronteira fica muito longe da Capital do Iraque. Por isso o Governo do Iraque não pode socorrer essas populações. 
Na fronteira da Turquia com a Síria, Erdogan invade com tropas o território da Síria com a desculpa de que há lá elementos do PKK que passam a fronteira e atacam Turquia, o que é uma descarada mentira. Há lá de facto elementos do PKK, mas para apoiarem os “Rebeldes” opositores ao regímen de Damasco.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, mais de 1.500 combatentes curdos já foram mortos desde o início da ofensiva turca. Mais de 150 mil pessoas deixaram o noroeste sírio, tentando escapar dos combates entre os rebeldes sírios apoiados pela Turquia e os combatentes curdos. O ramo do PKK» YPG ocupa Afrin desde 2012, quando forças do governo sírio se retiraram da área.
"Os curdos estão frente a frente com a carnificina, em múltiplas geografias", declarou em 2018 Pervin Buldan, copresidente do Partido Democrático dos Povos (HPD), a cerca de 10 mil manifestantes reunidos na cidade alemã de Hannover. O pró-curdo HDP é o terceiro maior grupo do Parlamento turco.
Note-se que os curdos que vivem (e sempre viveram) dentro da Turquia vivem na miséria, pois o Erdogan produz uma verdadeira segregação racial para com os curdos. Só os turcos “genuínos” têm direito a Assistência Médica e Hospitalar, etc., etc..
Os curdos são mais de 16 milhões, vivem no Iraque e em partes da Síria e do Irão. Aproximadamente 55% dos curdos no mundo vivem na Turquia, 20% no Irão, 20% no Iraque e um pouco menos de 5% na Síria.
Entenda-se quem apoia quem na guerra na Síria:  
A Rússia e o Irão são aliados de Assad. Os EUA treinaram os “Rebeldes Sírios” oponentes de Assad. A Tuquia “percula” pelo meio, mas o objectivo de Erdogan
é matar o maior nº. de curdos associados ao PKK, onde quer que estiverem.

Chipre obteve a independência do Reino Unido em 1960 e uma nova Constituição procurou manter um equilíbrio entre as principais comunidades da ilha. Através de um Tratado, o Reino Unido conseguiu que Grécia e Turquia assumissem o estatuto de "potências garantes" da independência e o direito de intervir caso Chipre procurasse juntar-se `Grécia. Nesse período, muitos cipriotas gregos ambicionavam uma ligação à Grécia.
No final de 1963 eclodem violências entre as comunidades cipriota grega e turca, e em 1964 é criada uma força de manutenção da paz da ONU para Chipre (UNFICYP).
Entre 1963 e 1964 cerca de 2.000 pessoas são dadas como desaparecidas na sequência dos confrontos intercomunitários.
Em 20 de Julho de 1974, tropas turcas desembarcam no norte da ilha, com a Turquia a invocar o seu direito à protecção da minoria cipriota turca (menos de 20% da população).
Note-se que intenção de Erdogan era a de que mais uns largos milhares de turcos se instalassem ocupando casas e haveres dos gregos que, com essa invasão, tiveram de fugir para a parte Sul da ilha com “mãos vazias”. Naturalmente que os cipriotas gregos pediram urgente apoio da Grécia para impedir que as tropas turcas ocupassem toda a ilha. Desse modo tropas gregas fizeram face à tropas turcas e uma “cortina de ferro” foi estabelecida, e ainda hoje existe, a separar a comunidade grega e a comunidade turca.
Segundo as autoridades cipriotas gregas, a invasão turca da ilha e o conflito que se seguiu provocou 3.000 mortos e 1.400 desaparecidos.
Em 15 de Novembro de 1983, o líder da comunidade cipriota turca Rauf Denktash (1924-2012) proclama a "República Turca de Chipre do Norte" (RTNC), onde permanecem estacionadas cerca de 35.000 tropas turcas. Apenas Ancara reconheceu esta entidade.
Em abril de 2003, foi aberto em Nicósia um primeiro ponto de passagem entre as duas partes da ilha, seguido de outros acessos. Um ano depois são restabelecidas as trocas de mercadorias.
Em abril de 2004 a ONU submeteu a referendo um plano de reunificação, aprovado por larga maioria dos cipriotas turcos (65%) mas rejeitado por mais de 75% dos cipriotas gregos, por considerarem que fornecia mais condições políticas e jurídicas à outra comunidade.
Na sequência destes resultados, Chipre ficou uma República de Chipre dividida que aderiu oficialmente à União Europeia (UE) em 1 de Maio de 1974, e com o estatuto comunitário a aplicar-se exclusivamente à parte sul, internacionalmente reconhecida.
Tudo isto para dizer que, (como é de pasmar, as autoridades de todos os países da Europa e dos EUA se terem mantido caladas (e continuam) em relação a todas as barbaridades cometidas por Erdogan. Pelo contrário, a Senhora Merkel ainda Presidente da Alemanha, foi à Turquia oferecer apoio monetário (não se sabe quanto) para Erdogan ordenar aos seus policiais que retivessem as vagas de candidatos a “Refugiado” na Europa, os quais sempre aportam à Turquia.
 Claro que Erdogan “comeu o isco”, mas nada pôde fazer porque a grande maioria dos seus policiais são “engajadores” que, a trôco de centenas ou milhares de dólares, metem essa gente, que envolve mulheres e crianças, em frágeis barcos de borracha para atingirem alguma ilha grega ou italiana. E todas as semanas se continua a ver o número de mortos afogados que daí resulta.
Em artigos relativos ao Terrorismo, que continua, agora intenso no Norte de Moçambique e noutras partes de África, referi que o grave problema das vagas de “Refugiados” que conseguem atingirilhas gregas ou as italianas Sicília e Lampedusa, só se resolverá “fixando” os jovens negros naturais, nos seus próprios países, nomeadamente na Agricultura e criação de aves e animais de pequena dimensão, o que implica os responsáveis dos países europeus, nomearem um conjunto de engenheiros agrónomos para, com colegas semelhantes de cada país africano estudarem “in loco” os terrenos próprios para Agricultura e planearem um Programa, aceite pelo Governo Local, que com todo o detalhe contenha formas concretas de “fixar” famílias nessas áreas. 
Nesse sentido, algumas missões, católicas principalmente, têm realizado trabalho importante, mas pouco significativo no que diz respeito a evitar que vagas de “Refugiados” tentem chegar à Europa. Note-se que também é preciso um trabalho repetido mostrando nos países que mais pessoas estão a “exportar” para a Europa, que na Europa não há um “Eldorado” em nenhum dos seus países, mostrando com fotos abundantes nas TVs desses países as tragédias de jovens, mulheres e crianças, que, metidas em frágeis barcos de borracha para atingirem alguma ilha grega ou italiana, morrem afogadas.
Note-se que existem navios costeiros que vão da costa de Angola para norte entrando nos portos de vários países (Senegal, Mauritânia; Marrocos, Tunísia Líbia e Síria) até atingirem a costa da Turquia. Ao longo da sua rota esses navios costeiros vão “colhendo” passageiros que depois, com base na costa da Turquia, são apanhados pelos “engajadores” turcos.  

Braga, Setembro_2020  
J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Universidade do Minho


Sem comentários:

Enviar um comentário

Poemeto de Natal às minhas Amigas e Amigos

Esta é a minha mensagem de Natal   Na rota dos 900 anos de Portugal (24 de Junho de 2028) dedico este poemeto ao fundador da Lusofonia D. Af...