Por Barroso
da Fonte – A Voz de
trás-os-Montes
O secretário de Estado do
Planeamento, José Gomes Mendes, resolveu sair do gabinete do poder e percorrer,
em bicicleta “os mil quilómetros da sua vida”, entre Bragança, e Faro. Dia 25
de Julho fez a primeira etapa: Bragança-Chaves, somando 100 km pela EN 103.
O mesmo traçado, o mesmo
piso, as mesmas curvas, o mesmo “inferno viário” que tinha servido ao longo dos
48 anos do Estado Novo. No JN, dos dias seguintes, esses diários prenderam a
minha atenção.
Entre 1967 e 1975
trabalhei em Chaves, onde era o Correspondente do mesmo JN. Nele já eu pugnava
por uma EN 103 decente. Radiquei-me, a seguir, em Guimarães, onde continuei
como correspondente, até Novembro de 1982. Nunca, até hoje, abandonei esse tema
que constitui um portento para aos 48 anos de Salazarismo que acresceram mais
46 de democratismo cinzento, remeloso e tísico.
Esse furúnculo está lá,
bem visível, na EN que vai de Braga até Bragança,com passagem por Montalegre,
Chaves, Vinhais, Boticas e toda a fronteira norte.
O anterior Ministro das obras públicas,
durante quatro anos, tudo fez para sublimar esse mostrengo que Nuno Santos nem
quererá cheirar. Talvez a Camarada Isabel Moreira, pudesse servir de pendura
para uma pareceria de conveniência política. Se não for por essa via
Trás-os-Montes nunca mais deixará de ser a ultima colónia Portuguesa.
José Mendes, certamente solidário com as
origens do verdadeiro condado Portucalense, entendeu, destinar, parte das suas
férias, a pedalar pelas velhinhas estradas que a memória não apaga. Por mais
ingrata, dura e andrajosa que tenha sido, nos 48 anos do Estado Novo e mais 46
do “estado velho” que é este caroço difícil de roer.
O ex- vice-reitor da
Universidade do Minho, partiu de Bragança para Chaves, pelo troço da EN 103. A
2ª etapa partiu (da Madalena) Chaves, rumo a Faro, onde chegou depois de
percorrer 932 kms, em nove dias.
As televisões à cata de
audiências, alimentam um circo de polémica futebolística, que tem um mundo
ululante de seguidores” como escreveu Francisco Seixas da Costa “no país das
trincheiras”, no JN uns dias antes.
Penso que o grande mal dos nossos políticos
nacionais consiste no desconhecimento do país sobre o qual são obrigados a
fazer leis ou a tomar decisões quer pessoais, quer coletivas. Para evitar isso
cada político deveria frequentar um curso agrícola para interpretarem os segredos
do campo.
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