Por BARROSO da FONTE
O Grémio Literário
de Vila Real, acaba de editar este volume numa tiragem de 300 exemplares com
128 páginas. É a edição 41 da Coleção Tellus, coordenada pelo seu
diretor A.M. Pires Cabral. Em «uma antologia com sentido» esclarece que se
trata de «uma coletânea de textos de uns quantos escritores de
Trás-os-Montes e Alto Douro que manifestam na sua obra uma vigorosa fidelidade
à ruralidade e, amorosamente, a têm tratado. Não é um ramalhete de textos
inéditos mas de textos anteriormente publicados em livro».
http://gremio.cm-vilareal.pt/index.php/ publicacoes |
O
Grémio Literário é a primeira estrutura do género que foi inspirada pelo
multifacetado autor A.M. Pires Cabral que poderá servir de modelo a organismos
situados na capital.
Este
príncipe da Cultura Transmontana, natural de Macedo de Cavaleiros, mas radicado
em Vila Real, repartiu os seus dotes criativos pelos dois distritos, na
tentativa de unificar Trás-os-Montes e Alto Douro. Nascendo em Bragança
(distrito) e lecionando em Vila Real (distrito), consolidou o estatuto de
Patriarca dos criativos, ao propor à Câmara de Vila Real que desse corpo ao
Grémio Literário. Esse projecto encontrou vencimento. E, entre a cidade velha e
a UTAD, foi construído um imóvel que desdobrado em duas valências, passou a ter
a Biblioteca Pública da Cidade e o Grémio Literário. Aquela acolhe o grosso das
obras raras e aquelas que ali chegam, autografadas, oferecidas, depositadas.
O
Grémio é a menina dos olhos de ouro deste complexo cultural - para não lhe
chamar o Centro Cultural de Belém – que serve o antigo Condado Portucalense.
Este Grémio «provinciano, é muito mais democrático, gerido pelo orçamento
Municipal de Vila Real, não promove chulos, não acolhe lésbicas, nem dá
créditos a falidos que declaram só ter uma garagem, quando se sabe que andam
uma vida inteira a viver à custa dos milhões que o povo paga com língua de
palmo.
O
Grémio Literário foi inaugurado no 1º sábado de Novembro de 2006. Foram catorze
anos de experiência democrática que revelam um respeito ideológico exemplar, funcionando
a contento daqueles que aí trabalham e daqueles que dessa estrutura beneficiam,
com atividades bem pensadas, ao longo do ano, sempre com geral agrado dos
criativos Transmontanos.
AM
Pires Cabral, em 7 de Novembro de 2006,disse à Lusa que «o Grémio Literário
funcionará como um observatório da Literatura Transmontano-duriense». E tem
sido.
Regularmente
estas duas valências culturais dão sinais de vida. Muitos e saudosos autores
têm sido ressuscitados, de entre os vãos das gavetas. Pires Cabral rodeou-se de
outro agente da mesma estirpe, especialista em recuperar pergaminhos,
património que foi precioso em tempos idos e que, vertido em letra de forma,
constitui espólio a enriquecer os espaços nobres da casa.
Elísio
Neves merece aqui uma palavra, ao lado desta dupla que demonstrou nestes
catorze anos que a «província» rivaliza com os melhores sítios e «pousos» da
capital. Nada ensinam que os provincianos não saibam. Tivessem estes as
oportunidades dos urbanos.
As
126 páginas destes flagrantes da Ruralidade na Literatura de Trás-os-Montes e
Alto-Douro, é um conjunto de contrastes entre a cidade e as serras à luz, sendo
que Paris (a «cidade das Luzes») era, no parecer de Eça de Queirós, o
contraponto ao clarão de Tormes, no concelho de Baião.
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