Ontem recebemos em PDF o
original da nova revista nortenha que na segunda semana de Agosto estará nas
bancas, ao preço de oito euros. É seu director o Doutor Barroso da Fonte. Este portento
da cultura nacional e um dos Imperadores da Transmontana, é uma lenda viva para os
Transmontanos da nossa geração. Por razões que agora não importa descrever.
Atento às aldrabices que vão correndo pela conversa fiada do costume, nos
corredores podres do poder, presenteia agora o país com esta soberba publicação
com cerca de 132 páginas a cores que homenageia, em todos os parâmetros, a
figura do nosso primeiro Rei: Afonso Henriques.
Tivemos o privilégio de
nela colaborar com escrito sobre o românico rural. E foi-nos concedida a graça
de podermos apreciar recensão sobre ensaio que publicamos recentemente sobre a
Bandeira Processional das Almas de Lagoaça, patrocinado pela ExoTerra,
acompanhada da imagem de capa.
Não podemos dizer muito,
por agora, da publicação, para não prejudicarmos a sua venda a público, mas
temos o prazer de sermos os primeiros a dar notícia da coisa. Aqui deixamos,
para saborearem, o estatuto editorial e a primeira parte do editorial (composto
por três partes) do seu director.
Estatuto Editorial
É uma publicação
semestral, impressa em papel, independente e essencialmente cultural. Como
publicação periódica, formativa e informativa, assume o compromisso de
assegurar os princípios deontológicos, a ética jornalística e o dever
democrático, servindo a Cultura Portuguesa. Destina-se a privilegiar o
aprofundamento da verdade histórica, contra o mercantilismo, a superficialidade
e a desonestidade intelectual. Pretende difundir, dilatar e promover a pureza
linguística, enquanto veículo civilizacional da Lusofonia, raiz privilegiada de
outras Línguas universais ao serviço da Humanidade.
A Portugalidade, no
labirinto da sua Diáspora planetária, preservará o ícone da sua importância
novecentista, zelará o simbolismo ético, patriótico e mítico do seu Fundador e
congregará todos os falantes que venham a usar a Língua Portuguesa, como
instrumento de progresso, de formação cívica e de paz mundial. Como órgão de
formação, de diálogo, de informação e de cultura, abster-se-á de fomentar o sensacionalismo,
por troca com o rigor, a verdade, a liberdade e a justiça. Para que possa
corresponder a estes objetivos que são solenes e universais, esta revista terá
âmbito nacional, europeu e lusófono. E pretende contribuir para se celebrarem
condignamente, em 2028, os 900 anos do nascimento de Portugal.
BARROSO da FONTE |
EDITORIAL
I. O arquiteto Luís
Carrilho escreveu na imprensa nacional, em 10 de Junho último: «está intrínseco
em mim o orgulho em ser português. Devemos considerar-nos cidadãos do mundo,
acima de qualquer ideologia e nacionalismo. Basta ver como um vírus que surgiu
na China afetou o mundo inteiro. Este facto faz-nos lembrar que somos todos
iguais e que temos lutas comuns. Mas há algo em ser português que é especial».
O Presidente da República
e o Primeiro Ministro também realçaram esta dupla convergência mundial nas
muitas e diversificadas intervenções que fizeram, ora de máscara no rosto, ora
sem ela.
Do mesmo modo, o cardeal
D. José Tolentino de Mendonça apelou a esse orgulho lusitano, em nome das
Comunidades Portuguesas; e até o político Henrique Neto repetiu aquilo que já
tinha defendido no Parlamento: «Portugal Primeiro e Pensar Portugal».
De resto, na sua crónica
de 12 de Julho, clicou em duas variáveis no tema do «orgulho em ser português:
o padre António Vieira, depois de uma vida cheia de ambições e de amor a
Portugal, morreu no Brasil, triste e desiludido, com a má governação do reino».
No mesmo mês, esse arauto
do saber, da justiça social e do amor à Pátria, foi alvo da fúria destruidora
de gente sem escrúpulos que age por ignorância. Uma terceira desilusão para
Henrique Neto: «é a corrupção que, em nome do amor e dos bons serviços a
Portugal; nunca os sinais de mais essa pandemia foram tão amplamente divulgados»,
tão permissíveis, tão generalizados e tão dissonantes em quem neles se envolve,
em nome do serviço público.
O Primeiro Ministro, dia
10 de Junho, confirmou que «em tempos difíceis importa celebrar o orgulho de
ser Português». Alfredo Pimenta (1882-1950), académico de número 9, da Academia
Portuguesa de História, confessou, em 1918: «Eu pertenço a uma geração de
sacrifícios, a uma geração de vítimas, que nasceu ouvindo as maiores acusações
sem provas, e bebeu essas campanhas negativas e difamatórias como bebemos a
água que nos dão ou recebemos o ar que respiramos. Os novos têm de se agrupar e
fazer deste país uma nação com um poder político que seja legítimo e autêntico,
cuja força, disciplinada, se estenda do exército à indústria e do operariado às
academias, na orientação que eu levo e que levam os meus amigos».
Albino Forjaz Sampaio
(1884-1949) foi Secretário de Propaganda Nacional. Promoveu a obra que, pelo
seu conteúdo, é um facto; mas o que moveu o autor, confessa ele, «foi sim o
coração e o espírito do autor que nunca deixou de sonhar cada vez mais alto,
com a ideia da sua Pátria: o patriotismo é um sentimento construtivo».
Deixo aqui citados alguns
autores portugueses que se destacaram pelo amor à sua pátria, à sua geração e à
história do seu País. Estes e outros souberam transmitir à minha geração, desde
1911 até 2011, as razões pelas quais Portugal se bateu desde a Batalha de S. Mamede,
em 24 de Junho de 1128, e os 900 anos que vão completar-se em 2028.
Cada geração tem, num
estado de Direito, o dever de transmitir aos mais novos, aquilo que aprendeu e
ajuizou com os mais velhos. Ensinaram, por exemplo, que a hierarquia social se
rege por princípios, por usos e costumes e por leis naturais e leis positivas.
Aquelas são fruto da natureza.
Estas são decididas pelo poder político de cada país, reconhecido pela comunidade
internacional. Portugal é um país europeu que nasceu das divergências políticas
dentro do reino de Leão. Herdou uma língua e um condado que foram crescendo,
graças às ambições dos seus residentes.
Essas ambições
definiram-se num primeiro combate, legítimo, como era então uso. Um casal de condes
galegos não aceitou, por bem, a herança do rei de Leão, Afonso VI, que tinha
duas filhas. A mais velha, Urraca, era legítima. A mais nova, Teresa, era filha
só pelo pai, e recebeu como herança apenas a gerência do Condado Portucalense.
As partilhas régias agravaram-se com a morte de Afonso VI (em 1109). Pouco
tempo depois morre o conde portucalense, pai do jovem Afonso Henriques, quando
este tinha dois ou três anos de idade.
D. Teresa, que antes da
morte do marido (Conde D. Henrique) partilhava com ele as suas ambições de mais
poder e autonomia, após a viuvez envolveu-se de amores com dois condes galegos,
que começaram a interferir nos destinos do Condado, o que não agradou ao filho,
nem aos barões portucalenses. Daí resultou entrarem inevitavelmente em conflito,
que culminou na batalha de S. Mamede. E a vitória do filho foi o primeiro passo
para a independência do condado, naquela que foi «a primeira tarde Portuguesa».
O segundo passo teve a
ver com o novo estatuto desse Reino nascente. Em guerras sucessivas, Afonso
Henriques e os seus seguidores bateram-se e consolidavam as fronteiras da nova
nação. Entretanto a diplomacia fazia o seu trabalho. Houve outras etapas importantes,
sendo de destacar a Batalha de Ourique (1139), contra os cinco reis mouros; e
os acordos de Zamora (1143). Em Ourique Afonso Henriques considerou-se rei pela
primeira vez. Mas o seu primo, o Imperador da Hispânia Afonso VII, só desde 1143
reconheceu esse tratamento. Finalmente, em 1179, o Papa Alexandre III reconheceu
o pleno direito ao título de Rei a D. Afonso Henriques (...) .
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