sexta-feira, 31 de julho de 2020

Primeira universidade transmontana


Por Barroso da FonteA Voz de Trás-os-Montes

Caro Mário Telmo:

Há 8 dias estive com o Zé Baptista e o Abel Moutinho, e fiquei triste por saber que os recreios do nosso Seminário vão ficar às moscas, sem que haja alguém que faça a história dessa Primeira Universidade Transmontana.

A Câmara de Vila Real deveria declarar o Seminário de Santa Clara como edifício de interesse público. Se alguém se lembrasse dessa ideia talvez a Câmara fosse sensível.

Logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, escrevi eu à Câmara de Montalegre a propor que declarasse «de interesse público o edifício», onde funcionou o 1º Seminário que houve na Diocese de Vila Real: Gralhas. Era natural dessa aldeia o Pe. Amador, cujo pai veio de lá para nosso Cozinheiro. Por lá passaram como docentes: o vice-reitor, e Professor de Português; assim como o Mons. Libânio Borges e o Pe. Vital Gonçalves Pereira Capelo nascido em Salto, em 29/8/1911 e falecido na Régua, em 15 de julho de 2009.

Ingressou nesse seminário de Gralhas em 2.11.1922. Foi ordenado, em Braga e, mais tarde, professor no Seminário de Vila Real, entre 1933 e 1937. Foi tio da conhecidíssima magistrada, Maria José Morgado. Uma biografia muito curiosa que, até por esse facto e outros congéneres, o nosso Seminário deveria ser declarado de interesse público.

O exemplo de Gralhas resultou em cheio. A casa que serviu de Seminário virou Unidade de Turismo de Habitação, sendo publicitada como “Casa do Seminário”. Prezo-me de ter sido minha essa sugestão. E penso que o diretor e proprietário da Revista Barrosana, Domingos Chaves, natural dessa histórica freguesia, ainda não relatou nessa excelente revista online, essa «estória» que evoluiu para História Monográfica de Gralhas.

Caro Mário Telmo, esqueci-me de que estava a escrever um email e não uma crónica.

O meu apego a Trás-os-Montes e a minha gratidão ao Seminário de Vila Real são mais fortes do que eu. Vê se falas à Direção da nossa Associação de Antigos Alunos para que faça essa proposta. Não é para invalidar o terreno. Antes o valoriza e marca os milhares de alunos e familiares que por aí passaram.

Mário Telmo, eu estou velho, surdo e fora de prazo. Ando há 67 anos a vender «banha de cobra» nos jornais. Penso que tenho aumentado alguns amigos. Se tivesse o mesmo gosto pelo latim e pelo grego, talvez hoje tivesse mais aceitação. Mas como burro velho não toma andadura, vou continuar mais umas semanas, a espalhar ideias, como esta.

Um abraço

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