Por Barroso da Fonte – A Voz de Trás-os-Montes
Caro Mário Telmo:
Há 8 dias estive com o Zé
Baptista e o Abel Moutinho, e fiquei triste por saber que os recreios do nosso
Seminário vão ficar às moscas, sem que haja alguém que faça a história dessa
Primeira Universidade Transmontana.
A Câmara de Vila Real
deveria declarar o Seminário de Santa Clara como edifício de interesse público.
Se alguém se lembrasse dessa ideia talvez a Câmara fosse sensível.
Logo a seguir ao 25 de
Abril de 1974, escrevi eu à Câmara de Montalegre a propor que declarasse «de
interesse público o edifício», onde funcionou o 1º Seminário que houve na
Diocese de Vila Real: Gralhas. Era natural dessa aldeia o Pe. Amador, cujo pai
veio de lá para nosso Cozinheiro. Por lá passaram como docentes: o vice-reitor,
e Professor de Português; assim como o Mons. Libânio Borges e o Pe. Vital
Gonçalves Pereira Capelo nascido em Salto, em 29/8/1911 e falecido na Régua, em
15 de julho de 2009.
Ingressou nesse seminário
de Gralhas em 2.11.1922. Foi ordenado, em Braga e, mais tarde, professor no
Seminário de Vila Real, entre 1933 e 1937. Foi tio da conhecidíssima
magistrada, Maria José Morgado. Uma biografia muito curiosa que, até por esse
facto e outros congéneres, o nosso Seminário deveria ser declarado de interesse
público.
O exemplo de Gralhas
resultou em cheio. A casa que serviu de Seminário virou Unidade de Turismo de
Habitação, sendo publicitada como “Casa do Seminário”. Prezo-me de ter sido minha
essa sugestão. E penso que o diretor e proprietário da Revista Barrosana,
Domingos Chaves, natural dessa histórica freguesia, ainda não relatou nessa
excelente revista online, essa «estória» que evoluiu para História Monográfica
de Gralhas.
Caro Mário Telmo,
esqueci-me de que estava a escrever um email e não uma crónica.
O meu apego a
Trás-os-Montes e a minha gratidão ao Seminário de Vila Real são mais fortes do
que eu. Vê se falas à Direção da nossa Associação de Antigos Alunos para que
faça essa proposta. Não é para invalidar o terreno. Antes o valoriza e marca os
milhares de alunos e familiares que por aí passaram.
Mário Telmo, eu estou
velho, surdo e fora de prazo. Ando há 67 anos a vender «banha de cobra» nos
jornais. Penso que tenho aumentado alguns amigos. Se tivesse o mesmo gosto pelo
latim e pelo grego, talvez hoje tivesse mais aceitação. Mas como burro velho
não toma andadura, vou continuar mais umas semanas, a espalhar ideias, como
esta.
Um abraço
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