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Como vai ser o mundo depois da pandemia? Bill Gates
responde
RUI da ROCHA FERREIRA https://visao.sapo. pt/exameinformatica /noticias-ei/mercados /2020-04-24-como -vai-ser-o-mundo- depois-da-pandemia -bill-gates-responde/ |
O homem que em 2015 disse que o mundo não
estaria preparado para evitar uma nova pandemia acredita que vamos assistir a
três grandes revoluções na área da medicina como consequência da crise
provocada pela Covid-19. E explica por que razão o regresso à vida normal vai
demorar mais do que aquilo que muitos antecipam
Bill Gates, um dos maiores filantropos do mundo na
área da saúde e cofundador da Microsoft, está convencido que estamos prestes a
assistir a um dos maiores feitos já alcançados pelo Homem: se as previsões
estiverem certas, então na segunda metade de 2021 várias vacinas de imunização
contra a Covid-19 já estarão a ser produzidas em escala e será a resposta de
imunização mais rápida alguma vez dada contra uma nova doença.
Além das tradicionais vacinas que usam uma amostra
morta ou enfraquecida do vírus para ajudar o nosso corpo a aprender a combater
este agente, Bill Gates acredita que vamos assistir ao crescimento das chamadas
vacinas mRNA, que usam código genético para dar às células do corpo humano
‘instruções’ sobre como criar uma resposta contra um vírus. “Provavelmente
podem ser produzidas mais rápido do que as vacinas tradicionais”, antecipa o
multimilionário norte-americano num artigo de opinião assinado na publicação The Economist.
Este avanço na produção de vacinas será uma das três
grandes revoluções às quais vamos assistir nos próximos anos como uma
consequência direta da luta contra a Covid-19. Outro avanço que segundo Bill
Gates vai acontecer a curto prazo é a capacidade de as pessoas fazerem testes
de despistagem de novos vírus em casa, “da mesma forma que fazemos um teste de
gravidez”. “Em vez de urinar para um dispositivo, vai passá-lo nas narinas. Os
investigadores podem ter um teste destes apenas alguns meses depois de
identificada uma nova doença”, adianta Bill Gates. Nos EUA, por exemplo, já foi
aprovado o primeiro kit que permite fazer um teste à Covid-19 em casa.
O terceiro grande avanço vai acontecer na área dos
medicamentos antivirais. “Não temos sido tão eficazes a desenvolver
medicamentos para combater vírus como os que combatem bactérias. Mas isto vai
mudar. Os investigadores vão desenvolver bases, grandes e diversificadas, de
antivirais que vão ser capazes de analisar e rapidamente encontrar tratamentos
eficazes para novos vírus”, adianta ainda Bill Gates.
Estas três grandes alterações vão deixar o mundo mais
preparado para enfrentar a próxima grande pandemia e os avanços dados também
vão contribuir no combate a doenças que já são conhecidas, adianta ainda o
filantropo.
Otimista? Nim
Apesar de acreditar que na América do Norte, na Europa
e no leste asiático o pico da pandemia da Covid-19 será atingido provavelmente
no final do mês de abril, o mesmo não vai acontecer nos chamados países em
desenvolvimento. “À medida que a pandemia abranda nos países desenvolvidos, vai
acelerar nos que estão em desenvolvimento. A sua experiência, contudo, vai ser
pior. Nos países mais pobres, nos quais menos trabalhos podem ser feitos de
forma remota, as medidas de distanciamento social não vão funcionar tão bem. O
vírus vai espalhar-se rapidamente e os sistemas de saúde não vão ser capazes de
cuidar dos infetados”, explica Bill Gates.
O norte-americano defende que os países mais ricos
devem ajudar os mais pobres, mas é taxativo ao dizer que ninguém estará
totalmente a ‘salvo’ até que seja encontrada uma vacina. “Tanto locais ricos
como pobres só vão ficar seguros assim que tivermos uma solução médica eficaz
para este vírus”.
Além disso, Bill Gates pensa que o regresso à
normalidade vai demorar muito mais do que o antecipado. Até que haja uma
vacina, mesmo após o fim das medidas de confinamento, muitas pessoas vão
assumir uma postura mais conservadora nas rotinas do dia-a-dia. “Os aeroportos
não vão ter grandes multidões. Os desportos vão ser praticados em estádios
praticamente vazios. E a economia mundial vai manter-se em depressão porque a
procura vai manter-se em baixa e as pessoas vão gastar de forma mais
conservadora”.
Apesar dos alertas, o cofundador da Microsoft
mostra-se otimista quanto ao desfecho final desta ‘história’: “Acredito que a
humanidade vai vencer esta pandemia, mas apenas quando a maior parte da
população estiver vacinada”.
Pode
ainda consultar: https://expresso.pt/coronavirus/2020-04-28-Covid-19.-Depois-de-prever-a-pandemia-Bill-Gates-arrisca-agendar-o-regresso-a-normalidade
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