segunda-feira, 20 de abril de 2020

Rumor de Anjos


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Rumor de Anjos é um livro que trata de teologia. Mas trata de muitas outras coisas. Acabámos de o reler. A redescoberta do sobrenatural e a sociedade moderna, foi tratada pelo sociólogo Peter Berger, da escola de Max Weber. Originalmente escrito em 1969, foi revisto e ampliado em 1990.
Os textos compilados no livro indicam que o autor escreve maioritariamente num contexto Ocidental, primordialmente protestante, norte-americano e europeu e escreve para interessados em religião. Entretanto, não deixa de introduzir, no capítulo intitulado Da secularidade às religiões mundiais, as peculiaridades do “Terceiro Mundo” no quesito religião:
“Se fosse perguntado sobre a experiência mais importante que conduz de um livro ao outro [Um rumor de anjos, 1969 e O imperativo herético, 1979], eu diria que foi o Terceiro Mundo. Na década de 1960 eu estava preocupado com o problema da secularidade e Um rumor de anjos foi uma tentativa de superar a secularidade a partir de dentro. O Terceiro Mundo ensinou-me quão etnocêntrica era essa tentativa: hoje a secularização é um fenômeno de âmbito mundial, é verdade, mas ela está muito mais arraigada na América do Norte e na Europa do que em qualquer outra parte. Uma perspectiva mais global inevitavelmente proporciona uma visão mais equilibrada do fenômeno. Ao invés, o Terceiro Mundo impressiona com a enorme força social da religião” (BERGER, 1997, p. 174).
No capítulo 10, Observações finais – Um Rumor dos Anjos, Berger diz-nos do que trata - da redescoberta do sobrenatural como possibilidade para o tornar teológico, e torna-o com a proposição de métodos possíveis para se lançar na busca da questão nos dias atuais. Mas, acentua que se deve manter uma saudável dose de indiferença em relação a possíveis prognósticos empíricos.
 “Tudo está cheio de deuses”, exclamou Tales de Mileto. O monoteísmo bíblico varreu os deuses na glorificação da terrível majestade do Único, mas a plenitude que dominou Tales continuou a viver por muito tempo nas figuras dos anjos[...] mensageiros (angeloi) deste Deus, sinalizando sua transcendência, bem como sua presença no mundo dos homens (ibid., p. 224).
Foi somente com o começo da secularização que a plenitude divina começou a recuar, até que atingiu o ponto em que a esfera empírica se tornou abarcadora de tudo e perfeitamente fechada sobre si mesma [...] Há alguns anos atrás (sic), a um padre trabalhando numa favela de uma cidade da Europa, fez-se a pergunta por que estava fazendo aquilo e respondeu: “Para que o rumor de Deus não desapareça completamente” (ibid., p. 225).
. “O curso histórico da pergunta sobre a transcendência não pode por si mesmo responder à pergunta” (ibid., p. 228).
“Se os sinais de transcendência se tornaram rumores em nossa época, então nos podemos lançar na exploração destes boatos - e talvez segui-los até sua fonte” (ibid., p. 226).

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