JORGE LAGE |
Livro Novo: Hagiografia Paroquial do concelho de Mirandela – O
ilustre Cónego Silvério Pires, autor da «Hagiografia Paroquial – Concelho de
Mirandela», teve a amabilidade de me enviar um exemplar, que desde já me sinto
muito reconhecido deste seu novo livro. É um livro de grande fôlego, com 750
páginas em bom papel e capa belíssima. Ilustram esta obra cerca três centenas e
meia de imagens, ao longo de trinta capítulos de outras tantas freguesias,
arrolando as igrejas e capelas do nosso concelho nas componentes hagiográficas
e de património cultural. O Cónego Silvério Pires tornou-se uma personalidade
incontornável de Mirandela e do nosso distrito pela obra de uma vida que vai
produzindo. A própria nomeação de «Cónego» é um reconhecimento da Igreja
diocesana pelo seu muito trabalho apostólico, no seminário como reitor e
«Doutor em Direito Canónico», pela Universidade Pontifícia de Salamanca. Foi,
ainda, Vigário Episcopal do Clero, Religiosos e Consagrados da diocese de
Bragança-Miranda, ocupando outros altos cargos da hierarquia diocesana. É
«Vigário Judicial» no «Tribunal Interdiocesano», das dioceses de Vila Real,
Lamego e Bragança-Miranda.
Foi professor do secundário, coordenando as
monografias: o Pão, o Azeite, o Vinho, a Seda e o Linho. No «Centenário das
Aparições de N.ª S.ª de Fátima», publicou outra obra monumental, «A Virgem
Santa Maria na Fé da Igreja», livro muito bem documentado. Agora, oferece-nos
esta obra monográfica concelhia de grande fôlego. D. José Cordeiro, bispo da
diocese, diz ser este livro «um contributo inestimável para a memória» ou um
«ensaio cultural» de um «itinerário da hagiografia paroquial do concelho de
Mirandela» em que o autor apresenta «metodologia, simultaneamente diacrónica e
sincrónica (…) o mapa cultural e espiritual do concelho». Refere que Rentes de
Carvalho quando diz que «a aldeia entranhou-se em mim. As casas e as pessoas,
os animais, os cheiros, (…) era um todo harmonioso, aconchegado e imutável». O
Cónego Silvério, logo na introdução, propõe-se “Cultivar a Memória de um povo”,
investigando e calcorreando «as povoações do disperso concelho de Mirandela».
Dentro do património material e imaterial das nossas aldeias os seus oragos e
as igrejas e capelas assumem um lugar de relevo, não descuidando o autor outros
aspectos relevantes. Alguns dados poder-se-iam perder se não fosse este estudo
exaustivo que em boa hora veio a lúmen. Personalidades como os Távoras, os
Menéres, o Doutor Mirandela e Trigo de Negreiros, entre outras, deixam-nos
orgulhosos. As festas da Senhora do Amparo pela amplitude e significado, os
festejos dos Reis em Vale de Salgueiro ou na Torre Dona Chama os de Santo
Estêvão, todos carregados de riquíssima etnografia. Os dados patrimoniais,
materiais e imateriais são imensos, escritos em belas imagens e textos que
todos compreendemos facilmente e nos enriquecemos com mais conhecimentos ou
saberes. Esteve bem a Presidente da Câmara ao chamar a si e ao Município a
publicação de tão significativa obra cultural, e na contracapa refere, a
preocupação de «garantir legado e memória», sendo «um livro obrigatório a
todos» nós, mirandelensses. Porém, de quem assessora a cultura Municipal, não
havia necessidade de chancelar e marcar tanto o apoio camarário. A descrição
fica bem a todos, como me foi transmitido por alguns leitores atentos. O que é
em demais prejudica ou desvaloriza. Mas, a obra está aí a enriquecer o
património editorial municipal e os mirandelenses.
Livros do mês pelo terceiro ano, em Arganil – Muita gente por esse
Portugal adentro conhece alguns dos meus livros sobre o «fruto dos frutos»,
como Miguel Torga apelidava a Castanha e equiparava os castanheiros imponentes
às mitológicas «vestais». O concelho de Arganil foi mais longe e no mês das
castanhas promoveu-me a livros do mês, pelo terceiro ano consecutivo. No mês de
Novembro a equipa da Biblioteca Municipal percorre o Concelho e vai a lares e
outras instituições locais levando os meus livros sobre a castanha, promovendo
a leitura, consultando as receitas com castanhas, os jogos lúdicos, as
adivinhas, os provérbios, outros saberes ou seja, a cultura castanhícola tão
cara e grata às gentes das serranias e montanhas. Também, a actual equipa
reitoral da UTAD incluiu-me no protocolo desta academia transmontana. Estou
agradecido ao município arganilense e à UTAD. Mas!... Há sempre um «mas»… No
meu chão vale o dito bíblico: «ninguém é profeta na sua terra». O protocolo
municipal deve ter perdido o meu nome e deixou de enviar a informação
periódica, o que não me impede de dar sempre e em qualquer lugar a cara pela
nossa boa gente, nossa terra, nosso distrito e nossa região.
Mais livros: «Subsídios para a Bibliografia sobre Trás-os-Montes e Alto
Douro» e «Árvores Encantadas» – O nosso conterrâneo e muito prestigiado
livreiro, Nuno Canavez, tem produzido uma incontornável obra bibliográfica
sobre Trás-os-Montes e Alto Douro, saindo agora o volume VI. «Subsídios para
uma Bibliografia sobre Trás-os-Montes e Alto Douro», é mais uma edição da
Livraria Académica (Porto – 222005988) e impresso na Editora Cidade Berço, do
grande escritor e editor barrosão, Barroso da Fonte. Tem um índice toponímico e
outro temático, facilitando muito a consulta a investigadores, estudiosas e
leitores, sendo uma tiragem de apenas 200 exemplares, com mais de 150 páginas e
mais de 900 entradas de outras tantas obras. Parabéns ao Nuno Canavez e venha
lá o número mítico do volume sete. «Árvores Encantadas», de Manuela Morais
(Murça), viúva do escritor, Fernão Magalhães Gonçalves, que foi grande amigo de
Miguel Torga, editado pela «Tartaruga» (tartaruga.editora@gmail.com), a sua
editora. Serve-se de uma simbiose de linguagem metafórica e de saberes, em que
a autora se coloca por trás do heterónimo, Magnólia, para em conjunto com o seu
«Príncipe» usufruírem algumas das maravilhas arbóreas da Natureza. Sensibiliza
os leitores para olharem para as generosas e belas árvores mais sensibilizados.
Um livro que merece uma leitura atenta e nos humaniza e eleva como agentes
activos da biodiversidade. Parabéns à Manuela Morais por mais esta sua obra.
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