JORGE LAGE |
Comer bem, em Mirandela –
Às vezes passo por Mirandela de raspão e pouco tempo tenho para comer. Outras
vezes, prefiro levar uma bucha ligeira e uma fruta e a refeição faz-se em cinco
ou seis minutos e vou à vida. Também me sucede bater com o nariz na porta ou a
porta de entrada já estar atravancada com os que aguardam a vez para comerem.
Quando deparo com alguma adversidade é frequente meter meia-dúzia de bolachas à
boca e acabo por ficar melhor do que com uma «gordurosa refeição de farta
burros». Na primeira metade de Dezembro último, passei por Mirandela sem tempo
para demoras e deitei contas à vida, acreditando que o Manel, no Restaurante
Cem Maneiras, me ia servir bem, como de costume. Podem-me dizer que todos
atendem bem, mas nem todos o fazem com o mesmo calor humano. Uns «embebedam-se»
com a casa cheia; outros julgam-nos dos que serve tudo; outros apresentam uma
galdromada que nem pagando-me comia a bodega que me põe (aconteceu-me para os
lados do Mourel), mesmo não podendo comer o que veio para a mesa quebraram-se
da refeição; e outros acomodam-nos a monte como se pertencesse a uma camarada
de segadores de antanho (nas Amoreiras). Pois bem, o Manel não se limita a
apresentar os pratos e por condicionalismos da minha mulher, veio à nossa mesa
e em segundos acordamos o que íamos comer. O meu prato de javali estava um
espanto. A maçã assada era divinal. A decoração pedagógica que tem na parede,
só por si, merece uma visita. Nunca me arrependo das boas escolhas.
Sem comentários:
Enviar um comentário