Em tempos denunciei ter havido movimentos estranhos para
tentar liquidar a Escola Profissional Agrícola de Carvalhais - Mirandela. Mais
recentemente, durante uma curta estadia em Figueira Castelo Rodrigo, um
influente e activo advogado local, da área do poder, questionava-se para um
amigo meu, sobre a empresa de barcos que opera com os fluxos turistas que sobem
o Douro, fazendo pequenos circuitos turísticos em alguns concelhos, deixaria em
terras rodriguenses. Porque esta terá pedido para o Município de Figueira de
Castelo Rodrigo alargar o cais de desembarque em Barca d’Alva porque assim
traria mais gente àquela região do Douro Superior. Mas, o advogado defendia que
o Município não devia gastar um cêntimo para beneficiar uma empresa que nada
deixa naquele concelho. Ele exemplificava, dizendo que tudo estava planeado
para que as refeições dos turistas fossem nos próprios barcos, que os turistas
desembarcavam e entravam nos autocarros por conta da empresa, efectuando os
circuitos turísticos e regressavam de novo aos barcos, sem sequer gastarem
dinheiro num café. No cais não haveria venda de artesanato e produtos locais e
tudo seria consumido nos barcos. Perante esta denúncia eu gostaria de saber,
com dados objectivos, qual será o impacto económico em cada concelho do Alto
Douro que os turistas dos barcos do Douro deixam e se será mesmo nulo ou quase
nulo, como se afirma? Vem esta minha reflexão a propósito de ter visto alguma
movimentação para Mirandela ser “beneficiada” com estes programas turísticos.
Então, o Município antes de se deixar seduzir por palavras bonitas deve pôr pés
ao caminho e fazer uma projecção de benefícios para Mirandela (turismo e
comércio local), com base nos ganhos de outros concelhos ribeirinhos. Aliás, eu
tenho visto na rede viária muitas placas a dizer «Parque Natural do Vale do
Tua» mas não sei bem o que é e quais serão as mais-valias paras as comunidades
rurais que englobam e para os municípios? Gostava que alguém explicasse melhor
os benefícios que estão a ser gizados. Consta que os quilómetros de via-férrea
que vão ser reabilitados irão servir aldeias quase desertas ou talvez
reanimá-las, o que será, se assim for, muito bom. A nossa gente vai estar muito
atenta. A linha vai ser privatizada ou cedida de mão beijada a quem? Com que
custos para Mirandela e quais serão as vantagens para o nosso concelho? Ou vai
continuar nas mãos municipais? Porque é que ainda ninguém quis reabilitar a
antiga estação (de Mirandela) dos caminhos-de-ferro (pelo menos desconheço) e
até seria interessante? Também me custa a perceber porque se queria liquidar a
Escola Profissional Agrícola de Carvalhais – Mirandela, sendo única no nosso
distrito… Às vezes dou comigo a pensar que Douro acima poderão subir nuvens
cinzentas. Oxalá que sejam vozes ou presságios infundados.
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