terça-feira, 16 de abril de 2019

A verdade sobre as ligações familiares rosinhas que António Costa lhe esconde


João Lemos Esteves - Jornal i

As duas últimas experiências governativas do PS resultaram em tragédia para o povo português. Seria, pois, expetável que os socialistas tivessem algum sentido de contenção no assalto ao aparelho do Estado.
1. A saga familiar prossegue: na passada semana tivemos a oportunidade de assistir a novos episódios desta série (algures entre a sitcom de qualidade duvidosa e a telenovela trágica). Aliás, poderia ser a nova estreia do Fox Comedy: PS, Uma Família Muito Modernaça. Tem todos os ingredientes para prender a atenção dos telespetadores e se converter num êxito retumbante de audiências: tem a exploração da cultura da cunha; tem o funcionamento implacável de uma rede de cumplicidades e amizades; tem o exagero próprio da comédia, que consiste em negar a realidade evidente, brincando com os portugueses (as vítimas e os atores secundários da trama socialista); e o amor, personificado pela mensagem lírico-poética, em jeito de balada à paixão gerada pela luta na secção entre o Pedro Nuno e a Catarina. É Uma Família (Socialista) Muito Modernaça do séc. xxi, um hit da comédia-tragédia nacional que nunca cessa de nos surpreender.


2. Imagine, agora, que este caso do “Familygate” socialista se passaria com um Governo do PPD/PSD – a comunicação social não largaria o assunto, iria atrás dos ministros em causa, perseguiriam os familiares dos ministros em causa, dedicariam horas e horas de debate, sempre a caricaturar a direita como o “terrível centro dos interesses diabólicos e egoístas da sociedade”. Entendamo-nos: criar uma teia de ligações familiares na estrutura do Estado é censurável, independentemente dos seus protagonistas e beneficiários. O problema é que o Partido Socialista tem uma história recente que imporia maior prudência, sensatez e decência: não podemos olvidar que os socialistas apoiaram um primeiro-ministro que é acusado de corrupção no exercício das suas funções políticas. Nem podemos ignorar que o Partido Socialista é o partido que abandonou o Governo, em 2001, após atolar Portugal num genuíno pântano (no qual ainda estamos soterrados). Isto é: as duas últimas experiências governativas do PS resultaram em tragédia para o povo português. Seria, pois, expetável que os socialistas tivessem algum sentido de contenção no assalto ao aparelho do Estado, que evidenciassem algum (ainda que mínimo) sentimento de arrependimento, que se esforçassem por, desta vez, mostrar que também partilham alguma noção de ética no exercício de cargos públicos.
3. Qual quê! Os socialistas, em vez de humildade democrática, exibiram, nos últimos quatro anos, uma arrogância e uma prepotência que desafiam todos os limites da decência democrática; em vez de bom senso e de lucidez para aprender com os erros de governações pretéritas, o PS de Costa conseguiu a proeza de fazer tão mal ou pior que António Guterres e José Sócrates. António Costa mostrou, mais uma vez, que se julga o “dono disto tudo”. Na verdade, esta conclusão não deve surpreender-nos: os membros do atual Governo são os mesmos que serviram José Sócrates e Guterres ou que os apoiaram vibrantemente. Ora, se os protagonistas são os mesmos, se evidenciam a mesma postura, se mantêm as mesmas convicções e a mesma ausência de ética e a mesma omnipotência do desejo de poder total e a todo o custo, como acreditar que o consulado geringonçado de António Costa terminará de forma diversa? Não vai terminar. A História demonstrará o quanto – outra vez! – o PS prejudicou o povo português, com a mercantilização de lugares públicos que promoveu a favor da extrema- -esquerda e dos interesses especiais que serve. Escusa de vir o inenarrável Pedro Marques (não sabe quem é? Não se preocupe… é normal; Marques é o cabeça-de--lista do PS às europeias ou, porventura para si será mais fácil, o protagonista daquela dança inesquecível no Carnaval de Torres Vedras) reclamar o legado de Mário Soares – este é mais um exercício de puro cinismo político. A verdade é que António Costa renunciou ao legado histórico de Mário Soares ao aliar-se à extrema-esquerda do PCP e do BE para surripiar o poder que havia perdido nas urnas. Hoje, já ninguém contesta uma conclusão deveras óbvia: o PS de Costa é a negação do PS de Mário Soares.
4. E o que é o PS de Costa? Não é mais do que uma coligação entre radicais de esquerda e interesses especiais ligados às empresas do regime. O PS abandonou o seu eleitorado tradicional – a classe média – para abraçar os interesses da elite que está hipotecando (definitivamente?) o futuro da nossa pátria e do nosso povo. Já agora: é muito curioso constatar que a relação entre o PS e o PCP melhorou significativamente à medida que a presença chinesa no nosso país se intensificou. Ora, sabendo nós que os interlocutores privilegiados da China em Portugal são o PCP e o PS, seria muito interessante estudar a correlação entre estes dois factos…Donde, a questão das ligações perigosas familiares na imensa estrutura do Estado não é mero acaso. Nem é, como – ingenuamente – afirmam os comentadores políticos que pululam nas televisões nacionais, um mero erro político ou descuido de António Costa. Nada disso; Costa tolerou e incentivou a nomeação de um círculo restrito de pessoas da sua confiança para tudo o que são cargos no Estado. Porquê? Fácil: para tornar o seu poder, a sua influência e capacidade de controlo da administração pública imune aos ciclos eleitorais. Para, enfim, assegurar que o costismo sobrevive, independentemente do veredito eleitoral do povo português.
5. Isto porque, estando dentro do aparelho do Estado, António Costa poderá ter acesso privilegiado a informação reservada, fazer guerrilha política permanente aos seus adversários políticos, desgastar um futuro Governo que não seja do PS e alimentar um conjunto de aliados políticos que estão dependentes dos trabalhos que o Estado lhes arranja. Tudo pelo Costa, nada contra o Costa – já vimos este filme aquando da instrumentalização de funcionários do fisco para desgastar mediaticamente Passos Coelho, a poucos meses das eleições legislativas. E daqui uma inferência inevitável: António Costa está tentando replicar no Governo de Portugal o mesmo modelo de poder que montou na Câmara Municipal de Lisboa. Exatamente o mesmo! A verdade é que os socialistas se plantaram em Lisboa – e de lá não tencionam sair…
6. Tudo isto dito e ponderado, é preciso muita desfaçatez, é preciso ter uma absoluta ausência de vergonha para acusar o PPD/PSD de querer tomar de assalto o poder… quando António Costa montou lá, no coração do poder, uma árvore genealógica rosinha-avermelhado. Ou a culpa das nomeações também foi de Passos?
Escreve à terça-feira

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