segunda-feira, 11 de março de 2019

“Pedagogos: Os Excelentes. Os Bons. E os Maus”



9 mar 2019
J. BARREIROS MARTINS - Diário do Minho

A Pedagogia é uma Arte, de Artífice, mais que uma Ciência. No mês passado, dois dias antes das comemorações do 45.º aniversário de Universidade do Minho, foi realizado o doutoramento Honoris Causa de Álvaro Laborinho Lúcio. Na proposta feita ao Reitor pelo Presidente do Instituto de Educação, este indicou os seus imensos contributos para o país no domínio do Direito, em particular a sua situação de Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça e o seu apoio à UMinho como presidente eleito do Conselho Geral de 2013 a 2017. E acrescentou que, Laborinho Lúcio; embora jurista de raiz, revelava excelentes dotes de PEDAGOGO.
O “Laudatio” foi feito por um catedrático de Sociologia do IE, anotou que Laborinho Lúcio ia ser Douto Honoris Causaem Pedagogia. Ao seu Discurso de Agradecimento Laborinho Lúcio pôs o título de “A Educação e a Escola – Memórias à Beira do Futuro”. O conteúdo está cheio de referências às formas de Ensinar e Aprender da sua infância, quando a então “Matemática” se chamava “Aritmética” e se aprendia a ler, escrever e contar da 1.ª à 4.ª classe.
E agora, acrescento eu, então se aprendiam e utilizavam todas as propriedades da soma, da multiplicação e da divisão. Naturalmente, que isso implicava os alunos terem de decorar a tabuada até 100×100. A tabuada permitia ao aluno “Instrução Primária” usar o algoritmo da Divisão e até um algoritmo para a raiz quadrada. Hoje, os responsáveis do Ministério da Educação declaram na TV que, em nome de uma “Matemática Moderna” os alunos do 4.º ano (4.ª Classe) nada disso precisam saber.
Daí que o meu neto L, já do 7.º ano de escolaridade, tendo ido ao hipermercado com a Mãe, que comprou 2,35Kg de maçãs a 1,1 euros cada Kg. + 1 garrafa de 7 decilitros e meio de azeite a 3,5 euros cada Litro + dúzia e meia de ovos a 0.04 euros cada, não tenha conseguido calcular, e daí saber, se a Mãe, tendo entregue uma nota de 10 euros na Caixa, teria recebido troco ou não. problemas do dia a dia que no “horroroso” antigamente os alunos da 3.ª classe tinham de muito bem saber.
A 7 de Março de 2016, assisti uma intervenção na sessão relativa a Educação organizada pela arquidiocese de Braga onde também esteve o Ministro da Educação, Marçal Grilo. Laborinho Lúcio apontou alguns dos erros pedagógicos; erros nos conteúdos programáticos de disciplinas fundamentais tais como a Matemática (do 1.º ao 12.º anos), a Física e a História, mormente a História de Portugal.
Erros pedagógicos nos textos das provas de exames e nos textos das provas de aferição elaboradas e impostas pelos “Êduquês” lisboetas, que sendo, por ventura, doutores em “Ciências de Educação”, nunca exerceram a profissão de professores.
Foi para mim memorável essa sessão e o orador foi ovacionado com palmas por diversas vezes. Laborinho Lúcio revelou-se, para mim, ser um magistral pedagogo, dotes reconhecidos agora com o doutoramento “Honoris Causa” que lhe foi concedido.
O outro doutorado foi Frei Bento Domingues, pessoa que eu não conhecia, mas lia (e leio) os artigos que escreve aos domingos no jornal “Público”, onde mostra grande sensatez não só em relação a acontecimentos religiosos da semana, mas também em relação a acontecimentos políticos. Fiquei hoje saber que Frei Bento Domingues se iniciou aos 19 anos (e continua) Dominicano, da Ordem dos Pregadores que tem sede em Fátima.
Pertence também ao Centro de Estudos, “Sedes Sapientiae”. Frei Domingues não tem, e nunca quis ter, qualquer grau académico superior. Porém, foi pregador convidado não só em Portugal, mas em mais de meia dúzia de países.
Escreve muitos artigos que eu li, mas aos quais nunca consegui ver o encadeamento. No seu Discurso de Agradecimento, que intitulou “Teologia em Processo de Inculturação”, mostrou, além dos seus dotes de excelente pedagogo, os profundos conhecimentos que tem de todas as formas de Teologia do passado e do presente, às quais fez uma crítica cerrada, pois a maior delas tratam só de uma parte, bem pequena, dos problemas reais dos humanos e as outras nem a isso se referem.
Assim, consegui ver o encadeamento dos seus artigos e vejo que esse pregador, Mestre também em Pedagogia, persegue, com paixão, uma Teologia do REAL, enquanto as teologias, mesmos as mais famosas, foram, e são teologias, do “Virtual”.
Já não cabe aqui referir-me aos Mestres que tive nos 6 anos da minha licenciatura, alguns, verdadeiras aberrações pedagógicas, que só me serviram para eu, como docente, poder fugir delas.

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