J. BARREIROS MARTINS - Diário do Minho
A Pedagogia é uma Arte, de Artífice, mais que uma Ciência.
No mês passado, dois dias antes das comemorações do 45.º aniversário de
Universidade do Minho, foi realizado o doutoramento Honoris Causa de Álvaro
Laborinho Lúcio. Na proposta feita ao Reitor pelo Presidente do Instituto de
Educação, este indicou os seus imensos contributos para o país no domínio do
Direito, em particular a sua situação de Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo
Tribunal de Justiça e o seu apoio à UMinho como presidente eleito do Conselho
Geral de 2013 a 2017. E acrescentou que, Laborinho Lúcio; embora jurista de
raiz, revelava excelentes dotes de PEDAGOGO.
O “Laudatio” foi feito por um catedrático de Sociologia do
IE, anotou que Laborinho Lúcio ia ser Douto Honoris Causaem Pedagogia. Ao seu
Discurso de Agradecimento Laborinho Lúcio pôs o título de “A Educação e a
Escola – Memórias à Beira do Futuro”. O conteúdo está cheio de referências às
formas de Ensinar e Aprender da sua infância, quando a então “Matemática” se
chamava “Aritmética” e se aprendia a ler, escrever e contar da 1.ª à 4.ª
classe.
E agora, acrescento eu, então se aprendiam e utilizavam
todas as propriedades da soma, da multiplicação e da divisão. Naturalmente, que
isso implicava os alunos terem de decorar a tabuada até 100×100. A tabuada
permitia ao aluno “Instrução Primária” usar o algoritmo da Divisão e até um
algoritmo para a raiz quadrada. Hoje, os responsáveis do Ministério da Educação
declaram na TV que, em nome de uma “Matemática Moderna” os alunos do 4.º ano
(4.ª Classe) nada disso precisam saber.
Daí que o meu neto L, já do 7.º ano de escolaridade, tendo
ido ao hipermercado com a Mãe, que comprou 2,35Kg de maçãs a 1,1 euros cada Kg.
+ 1 garrafa de 7 decilitros e meio de azeite a 3,5 euros cada Litro + dúzia e
meia de ovos a 0.04 euros cada, não tenha conseguido calcular, e daí saber, se
a Mãe, tendo entregue uma nota de 10 euros na Caixa, teria recebido troco ou
não. problemas do dia a dia que no “horroroso” antigamente os alunos da 3.ª
classe tinham de muito bem saber.
A 7 de Março de 2016, assisti uma intervenção na sessão
relativa a Educação organizada pela arquidiocese de Braga onde também esteve o
Ministro da Educação, Marçal Grilo. Laborinho Lúcio apontou alguns dos erros
pedagógicos; erros nos conteúdos programáticos de disciplinas fundamentais tais
como a Matemática (do 1.º ao 12.º anos), a Física e a História, mormente a
História de Portugal.
Erros pedagógicos nos textos das provas de exames e nos
textos das provas de aferição elaboradas e impostas pelos “Êduquês” lisboetas,
que sendo, por ventura, doutores em “Ciências de Educação”, nunca exerceram a
profissão de professores.
Foi para mim memorável essa sessão e o orador foi
ovacionado com palmas por diversas vezes. Laborinho Lúcio revelou-se, para mim,
ser um magistral pedagogo, dotes reconhecidos agora com o doutoramento “Honoris
Causa” que lhe foi concedido.
O outro doutorado foi Frei Bento Domingues, pessoa que eu
não conhecia, mas lia (e leio) os artigos que escreve aos domingos no jornal
“Público”, onde mostra grande sensatez não só em relação a acontecimentos
religiosos da semana, mas também em relação a acontecimentos políticos. Fiquei
hoje saber que Frei Bento Domingues se iniciou aos 19 anos (e continua)
Dominicano, da Ordem dos Pregadores que tem sede em Fátima.
Pertence também ao Centro de Estudos, “Sedes Sapientiae”.
Frei Domingues não tem, e nunca quis ter, qualquer grau académico superior.
Porém, foi pregador convidado não só em Portugal, mas em mais de meia dúzia de
países.
Escreve muitos artigos que eu li, mas aos quais nunca
consegui ver o encadeamento. No seu Discurso de Agradecimento, que intitulou
“Teologia em Processo de Inculturação”, mostrou, além dos seus dotes de
excelente pedagogo, os profundos conhecimentos que tem de todas as formas de
Teologia do passado e do presente, às quais fez uma crítica cerrada, pois a
maior delas tratam só de uma parte, bem pequena, dos problemas reais dos
humanos e as outras nem a isso se referem.
Assim, consegui ver o encadeamento dos seus artigos e vejo
que esse pregador, Mestre também em Pedagogia, persegue, com paixão, uma
Teologia do REAL, enquanto as teologias, mesmos as mais famosas, foram, e são
teologias, do “Virtual”.
Já não cabe aqui referir-me aos Mestres que tive nos 6 anos
da minha licenciatura, alguns, verdadeiras aberrações pedagógicas, que só me
serviram para eu, como docente, poder fugir delas.
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