O
jornal Sol acaba de lançar o organograma da empresa familiar portuguesa mais
famosa! Tão famosa é que já extravasou o noticiário nacional, para ser notícia
internacional. O patriarca da mesma é António Costa, advogado de formação e
boy socialista de tempos imemoriais. No seu curriculum acrescenta-se ter sido número
dois de José Sócrates que em 2011 levou o país à BANCARROTA!
Já se contam 50 ligações e cerca de 20 famílias!
O
‘Governo-Família’ já tem uma versão de Zandinga na pessoa do primeiro-ministro
que adivinha o futuro dos seus governantes.
Vítor
Rainho - SOL
A
história da família portuguesa mais famosa tem dado azo a muitas comparações
com as famílias particulares, numa clara tentativa de branquear o atual Governo
e suas ramificações. É normal que assim seja, já que aqueles que são atacados
procuram contra-atacar para defender a honra da família. A política faz-se
dessas coisas e não faltam voluntários que dão o corpo às balas por aqueles que
estão no poder. Sempre assim foi e sempre assim será.
Ao
ver os diferentes argumentos fui espreitar a história de um português que
conseguiu criar um império quando deixou Portugal no princípio do século
passado, tendo chegado ao Brasil em 1929, com 16 anos. Valentim dos Santos
Diniz começou com uma pequena mercearia em São Paulo, depois abriu uma padaria
com um sócio, mas como não queria dividir as decisões com ninguém vendeu a sua
parte e inaugurou uma panificadora. A 7 de setembro de 1948 abriu a primeira
loja com o nome de Pão de Açúcar, doces e salgados finos. Para encurtar a
história, diga-se que, em 1985, o homem que deixou para trás Pomares de
Jarmelo, na Beira Alta, tinha mais de 54 mil empregados nas suas 626 lojas,
incluindo os que estavam nos escritórios. Cansado de tanto trabalho, Valentim
quis deixar o comando das operações aos seus filhos, nomeadamente nas mãos do
mais velho, que o acompanhava há já algum tempo. Acontece que essa decisão não
foi bem aceite pelos outros filhos e a toda poderosa marca Pão de Açúcar quase
entra em colapso, obrigando o velho patriarca a voltar aos comandos da empresa
familiar.
Depois
de um brutal emagrecimento do grupo, e de as disputas familiares acalmarem,
decidiram recorrer a um diretor executivo de fora da família, pois só dessa
forma profissional podiam ter sucesso. É histórico que as empresas familiares
funcionam muito bem até ao momento da sucessão e, muitas das vezes, a
incapacidade de o mentor do negócio de não delegar nos filhos a passagem de
testemunho pode tornar-se fatal para a empresa.
Se
assim é nas empresas, o que dizer do Governo? A questão do profissionalismo que
demonstraram anteriormente não está em causa, mas encarar um Executivo e demais
serviços do Estado como uma espécie de porto seguro dos seus familiares só não
é escandaloso para quem não quer ver. Além de revelar uma pequenez de visão do
país, denota que António Costa não reconhece talento a ninguém fora do seu
circulo mais próximo. Digamos que estamos ao nível dos países africanos que
saíram da guerra e em que o chefe máximo vai entregando setores fundamentais do
Governo aos seus generais e familiares destes.
Costa
entende que fazer do Conselho de Ministros uma espécie de reunião familiar da
Tupperware, em que todos vendem e compram as ideias uns dos outros, é saudável
e positivo para o país é lá com ele.
Lá
fora já se goza com esta república monárquica e as sondagens cá dentro começam
a demonstrar que as pessoas estão um pouco cansadas deste forrobodó familiar. O
primeiro-ministro, claramente desorientado, até já faz de Zandinga quando prevê
o futuro dos seus atuais governantes, insinuando que nunca seguirão os caminhos
dos muchachos de Cavaco Silva. Esperemos que sim, que não se metam em bancos
que nos custaram milhões de euros e que não passem do Governo para empresas que
tutelaram. E podem aproveitar uma reunião mais alargada do ‘Governo-Família’
para combinarem o que farão quando se divorciarem do Executivo.
Dinis de Abreu- jornal Sol
Há
empresas em Portugal que têm como regra a não admissão de empregados com um
grau de parentesco próximo de outros já nos quadros. Se isto acontece no setor
privado, por maioria de razão deveria ser uma regra na administração pública,
no setor empresarial do Estado ou no Governo.
Há
vocábulos que emergem inesperadamente no espaço público, empurrados por uma
determinada realidade substancial, e que ficam depois a pairar na narrativa
mediática enquanto não se esgotam pela usura ou não são ultrapassados por
outros. Os mais recentes são ‘nepotismo’ e ‘endogamia’. E até já saltaram a
fronteira, como se leu no jornal espanhol El País…
Diz-se,
com ironia, que temos a singularidade de um «Governo em família», ou que os
escolhidos saíram da lista de convidados para festejar o aniversário de António
Costa.
Ao
Governo junta-se o PS na celebração desse ‘espírito de família’. A tal ponto
que até Rui Rio, habitualmente cinzento, se saiu com humor ao dizer que «o
Conselho de Ministros parece uma ceia de Natal».
Os
exemplos ‘em família’ são conhecidos e vão desde Vieira da Silva e a filha
Mariana, a Eduardo Cabrita e à mulher Ana Paula Vitorino, até a Francisca Van
Dunem, ou aos recém-chegados Duarte Cordeiro e Pedro Nuno Santos.
O
próprio presidente do PS e líder parlamentar, o açoriano Carlos César, não se
envergonha de ter toda a família próxima investida em funções públicas e ele
mesmo nunca conheceu outra atividade.
É
um profissional da política que, em coerência, apareceu pressuroso a achar
«natural que, em determinadas famílias, onde essa vocação se multiplica, as
pessoas tenham empenhamento cívico similar». Di-lo sem o menor sobressalto
cívico. Vale tudo.
A
falta de pudor alastrou, aproveitando o adormecimento das oposições, e
tornou-se mais atrevida por sentir a opinião pública anestesiada.
Há
empresas em Portugal que têm como regra a não admissão de empregados com um
grau de parentesco próximo de outros já nos quadros.
Fazem-no
por uma questão de transparência e com o declarado intuito de eliminar
favorecimentos ou conflitos de interesses,
Se
isto acontece no setor privado, por maioria de razão deveria ser uma regra na
administração pública, no setor empresarial do Estado ou no Governo.
O
certo, porém, é que os boys e as girls têm inundado o aparelho do Estado.
António Costa gosta de estar rodeado por um séquito de fieis, obedientes e
acríticos. Francisco Assis pagou a ‘rebeldia’ com o nome riscado nas listas
para o Parlamento Europeu. Ainda tentou ‘emendar a mão’, mas fê-lo demasiado
tarde…
É
improvável encontrar em governos democráticos um elenco tão enfeitado de amigos
e compadres.
A
«pandemia de relações familiares que pauta a composição do Governo» é «uma
flagrante e temerária violação do princípio republicano» - afirmou Paulo
Rangel, lamentando que o Presidente da República não tivesse advertido o
primeiro-ministro em exercício contra essas «promiscuidades familiares».
Rangel
defendeu mesmo que, «se se aplicasse o Código de Procedimento Administrativo
nas reuniões do Governo, levaria a impedimentos sistemáticos de votações no
Conselho de Ministros».
Algo
que não parece incomodar muito quem deveria - quando se verifica a
multiplicação de casos onde a condição de amigo, familiar ou titular de cartão
do partido são os melhores atributos para desempenhar funções públicas.
Escrever
isto hoje é, contudo, ‘chover no molhado’. No PS sobra gente exímia em se auto
vitimizar, protestando estados de virtude e de inocência.
A
cartilha tem ‘direitos de autor’ - e António Costa segue-a à letra,
juntando-lhe um carrossel de inaugurações e de reinaugurações, ao estilo de
Sócrates, com aproveitamento da máquina do Estado ao serviço da propaganda
eleitoral.
A
‘cereja em cima do bolo’ foi a descarada manobra de redução dos passes sociais,
sem cuidar antes de corrigir as frequentes anomalias que afetam os utentes dos
transportes públicos.
Em vez de se investir na melhoria da rede, na
manutenção e na qualidade do material circulante - a cair de podre, como está
provado nos comboios da CP -, incentiva-se a procura, mesmo sabendo de antemão
que a oferta não dispõe de condições mínimas para corresponder a um aumento de
circulação.
Pretende-se
o efeito imediato e fácil. Apesar de governar em minoria, Costa faz o que lhe
apetece, com a cumplicidade do PCP e do Bloco. O resultado não se recomenda.
Sócrates
quis controlar a banca, a Justiça e os media - e quase o conseguiu. Costa é
mais sofisticado. Espera ser ungido, finalmente, nas próximas legislativas, e
alcançar os mesmos desígnios com menos custos de imagem. Aprendeu.
Com
o sistema financeiro dependente, os media à trela, a Justiça novamente
‘domesticada’ - e os casos mais embaraçosos postos a recato, à espera de
prescrição ou de um expediente processual qualquer -, Costa poderá dormir
sossegado ou pôr o avental e ir cozinhar outra vez com a família para o
programa da manhã da SIC…
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