segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Restauro do Castelo de Montalegre rodeado de polémicas




Por BARROSO da FONTE


Na véspera do Natal telefonou-me um jornalista do Público a perguntar-me se eu conhecia a polémica que corre na Vila, por causa das obras do Castelo. Fiquei apreensivo quando me disse que essa polémica seria por causa do betão do século XXI, que está a ser aplicado nalgumas partes a restaurar, contrastando com a argamassa medievalista. Eu tinha lido no Planalto Barrosão que a oposição contestava essa medida, nascida e apoiada pelos técnicos da Cultura/Norte. Calei-me porque não sou técnico. Mas trabalhei na Barragem de Pisões, como fiscal da Hica, sempre atento às percentagens, à temperatura e a todos os rigores que uma obra dessas implica. Fiquei a pensar que passei o meu primeiro emprego a dar cobertura a erros graves quer no paredão principal, quer nos dois túneis que trazem a água do Cávado, a partir de Sezelhe e também  naquele que descarrega a água para a albufeira da Venda Nova e a volta a trazer, pelo sistema de Bombagem, desde o Paredão de Pisões, até à Boca de Saída, abaixo da vila da Ponte. Aí aprendi, nesses dois anos, com dois «Mestres» que foram os irmãos Julião e Bárbara que chefiaram todas as frentes de betão, relacionados com a 1ª Central de Bombagem da Europa. Esta foi realizada no tempo do «fascismo». Já no tempo da Restaurada República e das amplas liberdades, fui Diretor do Castelo da Fundação da Nacionalidade, em Guimarães, durante quase seis anos. Entretanto foi esse Castelo eleito pelo concurso público da RTP, como «1ª Maravilha» nacional.
Cheguei a propor e foram autorizadas, pelo então IPAR, essas obras, extensivas à Capela de S. Miguel, onde foi Baptizado D. Afonso Henriques. Em 1910 haviam sido decretados, quer essa Capela,que o Castelo, como Monumentos nacionais. Uma das beneficiações que ali introduzi foi a luz elétrica. Em lado algum se taparam frinchas e pequenos orifícios com cimento ou betão modernos. Uma outra obra que à minha chegada, impedia a visita à Torre de Menagem, era uma ponte de madeira, a parte mais apetecida pelos muitos turistas que diariamente por ali voltaram a passar, desde1992 e com olhos de ver.
Mas, no meio da balbúrdia em que mergulhámos e em que não se fazem vistorias, ou se vende «gato por lebre», para embolsar a fatia maior, há que desconfiar de tudo.
Os tribunais estão entupidos com os processos mais sensíveis. Mas há muitos mais que, pela certa, vão morrer na praia.
Quando na última edição do Notícias de Barroso recordei um facto histórico relacionado com o Castelo e que, presumo, nunca terá sido tratado na imprensa, estava longe de pensar que essa polémica estivesse na ordem do dia.Não me quero envolver nela porque, a partir de 23 de Janeiro, data em que completo 65 anos de jornalismo, penso abrandar este bom «vicio». O aviso que tive dia 16 e de que resultou uma ameaça séria de AVC, mudou-me o rumo e alguns projetos. Não quero, pois, envolver-me em mais polémicas. A ver vamos. Mas quem deu parecer favorável para que Guimarães tenha hoje o primoroso «Centro Histórico Português», já classificado como Património Cultural da Humanidade, não pode aceitar, de ânimo leve que, bruscamente, em nome de teorias esdrúxulas, possam invadir o rigor que o património medievalista recomenda.
O quinzenário Planalto Barrosão, órgão oficioso do PS que gere a Câmara, acusa a oposição de ser «o coro carpideiro» contra a saga do Castelo. A comissão socialista nesse comunicado esclarece que foi promovida uma reunião na sede da autarquia e que apenas apareceram 9 pessoas, nomeadamente o Presidente local do PSD. Nessa reunião de esclarecimento participaram técnicos projetistas e do IGESPAR. Lê-se no mesmo comunicado que a Câmara de Montalegre assumiu pagar um milhão e quatrocentos mil euros, verba que deveria ser assumida pelo Estado.
«Mas como não o faz e essa verba era a única forma de acabar com o abandono do monumento, que o PSD/Montalegre via degradar-se, sem incómodos e até condescendência, à Câmara coube pagar, tal como o presidente Orlando Alves se havia comprometido: pôs o seu nome e o da Câmara no protocolo que obriga a pagar a verba que ao Estado cabia assumir».
 Ora os barrosões que leram esta notícia, ficam a pensar que vai ser o presidente da Câmara e a autarquia a que preside que vão pagar (do seu bolso) esse milhão e quatrocentos mil euros.
Esta não é a melhor notícia de Natal para os Barrosões. Mas ela chega-nos chapada no Planalto Barrosão de 15 de Dezembro. 
                      

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