Na véspera do Natal telefonou-me um jornalista do Público a
perguntar-me se eu conhecia a polémica que corre na Vila, por causa das obras
do Castelo. Fiquei apreensivo quando me disse que essa polémica seria por causa
do betão do século XXI, que está a ser aplicado nalgumas partes a restaurar,
contrastando com a argamassa medievalista. Eu tinha lido no Planalto
Barrosão que a oposição contestava essa medida, nascida e apoiada pelos
técnicos da Cultura/Norte. Calei-me porque não sou técnico. Mas trabalhei na
Barragem de Pisões, como fiscal da Hica, sempre atento às percentagens, à
temperatura e a todos os rigores que uma obra dessas implica. Fiquei a pensar
que passei o meu primeiro emprego a dar cobertura a erros graves quer no
paredão principal, quer nos dois túneis que trazem a água do Cávado, a partir
de Sezelhe e também naquele que
descarrega a água para a albufeira da Venda Nova e a volta a trazer, pelo
sistema de Bombagem, desde o Paredão de Pisões, até à Boca de Saída, abaixo da
vila da Ponte. Aí aprendi, nesses dois anos, com dois «Mestres» que foram os
irmãos Julião e Bárbara que chefiaram todas as frentes de betão, relacionados
com a 1ª Central de Bombagem da Europa. Esta foi realizada no tempo do
«fascismo». Já no tempo da Restaurada República e das amplas liberdades, fui
Diretor do Castelo da Fundação da Nacionalidade, em Guimarães, durante quase
seis anos. Entretanto foi esse Castelo eleito pelo concurso público da RTP, como
«1ª Maravilha» nacional.
Cheguei a propor e foram autorizadas, pelo então IPAR, essas
obras, extensivas à Capela de S. Miguel, onde foi Baptizado D. Afonso
Henriques. Em 1910 haviam sido decretados, quer essa Capela,que o Castelo, como
Monumentos nacionais. Uma das beneficiações que ali introduzi foi a luz
elétrica. Em lado algum se taparam frinchas e pequenos orifícios com cimento ou
betão modernos. Uma outra obra que à minha chegada, impedia a visita à Torre de
Menagem, era uma ponte de madeira, a parte mais apetecida pelos muitos turistas
que diariamente por ali voltaram a passar, desde1992 e com olhos de ver.
Mas, no meio da balbúrdia em que mergulhámos e em que não se fazem
vistorias, ou se vende «gato por lebre», para embolsar a fatia maior, há que
desconfiar de tudo.
Os tribunais estão entupidos com os processos mais sensíveis. Mas
há muitos mais que, pela certa, vão morrer na praia.
Quando
na última edição do Notícias de Barroso recordei um facto histórico relacionado
com o Castelo e que, presumo, nunca terá sido tratado na imprensa, estava longe
de pensar que essa polémica estivesse na ordem do dia.Não me quero envolver nela porque, a partir de 23 de Janeiro, data em que
completo 65 anos de jornalismo, penso abrandar este bom «vicio». O aviso que
tive dia 16 e de que resultou uma ameaça séria de AVC, mudou-me o rumo e alguns
projetos. Não quero, pois, envolver-me em mais polémicas. A ver vamos. Mas quem
deu parecer favorável para que Guimarães tenha hoje o primoroso «Centro
Histórico Português», já classificado como Património Cultural da Humanidade,
não pode aceitar, de ânimo leve que, bruscamente, em nome de teorias
esdrúxulas, possam invadir o rigor que o património medievalista recomenda.
O quinzenário Planalto Barrosão, órgão oficioso do PS que
gere a Câmara, acusa a oposição de ser «o coro carpideiro» contra a saga do
Castelo. A comissão socialista nesse comunicado esclarece que foi promovida uma
reunião na sede da autarquia e que apenas apareceram 9 pessoas, nomeadamente o
Presidente local do PSD. Nessa reunião de esclarecimento participaram técnicos
projetistas e do IGESPAR. Lê-se no mesmo comunicado que a Câmara de Montalegre
assumiu pagar um milhão e quatrocentos mil euros, verba que deveria ser
assumida pelo Estado.
«Mas como não o faz e essa verba era a única forma de acabar com o
abandono do monumento, que o PSD/Montalegre via degradar-se, sem incómodos e
até condescendência, à Câmara coube pagar, tal como o presidente Orlando Alves
se havia comprometido: pôs o seu nome e o da Câmara no protocolo que obriga a
pagar a verba que ao Estado cabia assumir».
Ora os
barrosões que leram esta notícia, ficam a pensar que vai ser o presidente da
Câmara e a autarquia a que preside que vão pagar (do seu bolso) esse milhão e
quatrocentos mil euros.
Esta não é a melhor notícia de Natal para os Barrosões. Mas ela
chega-nos chapada no Planalto Barrosão de 15 de Dezembro.
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