Boas
Festas
Boas-Festas
de Natal, com uma filhó das que a nossa mãe fazia, acabada de tirar da sertã e,
madrugada alta, a missa do galo na nossa igreja, com um beijinho repenicado na
perna fria do Menino, “cristãos alegria que nasceu Jesus”, havemos de cantar,
mais ou menos acordados, e dois tostõezinhos na bandeja pelo beijo dado, para
Ele comprar o que quiser, uma dúzia de rebuçados na Taberna da Natália, mais
raramente também se Lhe dava uma laranja, ainda muito mal madura!
O
cheiro a incenso que, no templo, perfumava a liturgia de momentos muito
solenes, ainda o aspiro hoje, na sua fragrância rara, e ouço os sinos na manhã
gelada, a puxar por nós, eram só dois, os sinos, “ dlim-dlão, dlim-dlão”,
manejados com entusiasmo pelo meu primo, o António do Tobias ou pelo Chico do
Ernesto, dois exímios tocadores que, bem conversados, ainda podiam repetir a
função.
Boas-Festas, bom
Natal!
Belém, 20 de
Dezembro de 2018
Joaquim
Lousa Nascimento
(Não foi possível publicar a fotografia que acompanhava o texto)
Boas Festas
Espírito de Natal 2018
O Natal é luz de bondade e
esperança que brilha nos corações, inteiros de dádiva, sempre a exortar a consciência
a cada momento de interpelação.
Natal é o milagre da vida, dois
seres consubstanciados: a família; natal são lembranças e pertenças sentidas, com
inquietude d’alma, uma roda de sentimentos que deleitam e enleiam.
Natal é menino que vem salvar, na
fé; O sol que brilha em cada alma, sem escolha ou exclusão.
Natal é crescimento interior em
sonhos de generosidade humana. Natal é amor de consciência pura; incorporalidade
intangível, onde se recebe dando.
Vivamos o espírito de Natal, enriqueçamo-nos
de SER.
Boas Festas
dslc
Dinis Costa
E se eu fosse o Pai Natal?
Existe e alenta a condição humana, que no seu entender
e sentir, o fez nascer, lhe deu nome, e, lhe dá vida!
Então, se eu fosse o Pai natal, neste mundo que é
composto pelo Bem e pelo mal: rosa e espinhos; -- não deixando por isso a rosa
de ser carícia para os sentidos despertos--; Mel e ferrão, -- da abelha que
guarda-, sempre temos o Pai Natal, que sou eu,-- vindo de longe como convém. Trago no saco
sonhos, para dar a cada alma, e, ainda, outras fortunas sem preço:
Para as crianças no lugar do bojudo saco, a abarrotar
de brinquedos, trago brincadeiras, sensações e experiências partilhadas, que lhes
ensinem, a amar a natureza e a conjugar a vida na primeira pessoa do plural;
Aos crescidos, ofereço as recordações felizes da infância;
a ceia de Natal em família e, seus sabores que perduram. Ah as rabanadas da
minha mãe! Hum a aletria da minha avó! Tudo sabia tão bem!
Aos idosos, presenteio-os, com ouvidos e corações, de
crianças, a quem legar suas memórias, recontadas, vezes sem conta, porque nem
uns se cansam de ouvir, sempre a corrigir, do muito ouvir: “-- Já enganaste
vó”; nem os outros de narrar porque é uma forma de amar.
Aos apaixonados, que são felizes no outro -- mandava
calar a ausência, para que não medrasse a saudade e, unia seus corações.
A todos trago consoante os seus desejos: aos pais os filhos
-- que a necessidade levou para longe; ao órfão família; ao só companhia; ao faminto
a saciedade; ao sem abrigo lar.
De material, imbuído do espírito de natal, trago apenas,
a cada um, uma só lembrança, oferta de todos. Prenda que se quer muito embrulhadinha
em papel brilhante para criar assombro, e, deixar medrar, no descobrir, um brilho
pasmado de alegria que saltita, em sonhos de imaginação, nos corações e nos
olhitos das crianças.
E, por último, colocaria na árvore de Natal, enfeites
de humildade para que todos deem conta, num reverberar circunspecto, que, quase
tudo se resolve no quase nada em que se nasceu.
Porém,
porque há sempre um mas, aos que roubam natais traria arresto de bens e,
calabouço perpétuo, para não usufruírem do bem-estar que dai advém!
Dslc
Dinis Costa
Aproxima-se o Natal
Oh!, quem me
dera, Senhor,
Ter outra vez
o Natal da minha mãe.
Quando ela me
falava com amor,
Dos mistérios
e encantos que ele tem.
Oh!, quem me
dera, Senhor,
Ter outra vez
o Natal que a memória tem.
Quando em
família cantávamos com fervor,
Canções ao
Menino e á Virgem, Sua mãe.
Oh!, quem me
dera, Senhor,
Que o Natal fosse
outra vez assim,
Como quando
eu era menino!
E junto à
lareira, lembro-me bem,
Aconchegados
que era um regalo,
Cantávamos
canções de Natal.
E à meia-noite
íamos à missa do Galo,
Onde beijávamos
o Deus Menino,
Como se Ele
fosse tão verdadeiro,
Como era aquele
que os anjos
Anunciavam aos
pastorinhos em Belém,
Como me contava
a minha mãe!
Oh!, que bom
seria, meu Deus,
Se neste
Natal que se aproxima,
Não houvesse irmãos
meus,
A dormirem no
cais, junto ao rio,
Abandonados e
sozinhos,
Com fome,
sede e frio!
E mais além,
Não se visse tanta
criança,
A chamar pelo
seu pai,
A clamar pela
sua mãe,
E não lhes aparecer
ninguém,
Para lhes dar
um beijo paternal.
Nessa noite
mística de Natal,
Símbolo do
nascimento de Jesus em Belém.
João de Deus Rodrigues
In Livro “O acordar das emoções” –
Tartaruga Editora.
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