Os instalados no sistema, revolucionários de ontem,
aburguesados de hoje, têm, ao longo da semana, mantido distância em relação ao
protesto que amanhã se adivinha, protagonizado pelos coletes amarelos. Alguns
até os têm ridicularizado pelo tipo de linguagem simplista. Que esperavam de
gente que vive do trabalho como os camionistas? Gente que não tem tempo para
ler, mas sente. Sente que esses aburguesados falam de “barriga cheia”. Esses
deputados do Portugalinho corrupto
não vivem com 500 euros mensais, por isso podem ler e utilizar uma linguagem
sofisticada. Pelo contrário, a gente dos coletes reivindica um ordenado
mínimo de 700 euros!
Outros, porém, não ligam a anónimos ou a movimentos
inorgânicos! Saberão como ocorreram as revoluções oitocentistas? Ou mesmo a
Soviética e a Chinesa já no século XX? Exactamente com gente anónima e
movimentos inorgânicos, na maioria dos casos. E com gente pouco letrada. A Mãe de Gorki é um bom exemplo para
elucidar esses aburguesados:
“Não escrevais coisas complicadas,
para que até as vacas compreendam! – pediu Ribine”.
“Sob
os raios chamejantes do astro rei, naquela manhã de juventude, era daquele
rumor que o campo estava cheio. Homens brotavam, um exército negro, vingador,
que germinava lentamente nos sulcos da terra, crescendo para as colheitas do
século futuro, cuja germinação não tardaria em fazer rebentar a terra”.
Um político socialista dizia há uma semana em programa
de televisão que o que se estava a passar em França não chegaria aqui, porque
os portugueses eram inteligentes, e mais isto e mais aquilo: blá, blá, blá …
Aí os temos: Os coletes amarelos!
Mapa dos locais onde decorrerão as manifestações dos coletes amarelos amanhã (Sexta-feira) dia 21 de Dezembro.
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