Elsa Moreira, Armando Palavras, Hirondino Isaías e Flávio Vara |
Drª Elsa (responsavel pela pasta da cultura da agremiação) no uso da palavra |
A Casa de
Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa com direcção renovada e uma dinâmica
estonteante, sobretudo derivada da acção do seu Presidente, Dr. Hirondino
Isaías, que tem dado o corpo ao manifesto
(juntamente com alguns dos seus colaboradores como o Coronel Jorge Golias,
entre outros) divulgou ontem, em mais
Tivemos o privilégio e a
honra (que nos foi concedida pelo poeta transmontano), em fazer parte dessa
sessão, com modesto texto de contextualização da sua poesia rigorosa e erudita.
Texto que ainda esta semana esperamos publicar neste espaço.
Flávio já está
no Outono da idade (física) a caminhar para o Inverno. Mas mantém a vivacidade
da juventude.
Um poeta desta
natureza e desta qualidade, há muito que num país culto estaria a ser discutido
nas primeiras páginas dos jornais, em trabalhos universitários, e a ser
publicado pelas mais importantes editoras.
Flávio é audaz com
os escroques da Nação, perspicaz nas análises e, sobretudo, um mestre da língua
e da ironia (e foi comer caviar – depois da roubalheira):
ia eu pelo
caminho
que é meu
costume fazer
de casa para o
trabalho,
e eis que vejo
aparecer,
irrompendo de
um atalho,
a deputada
Mortágua,
que se aproxima
de mim,
cheia de
solicitude:
- Ora viva,
caro amigo,
como vai essa
saúde?
- Vai indo como
Deus quer
e estou mesmo
seguro
que irá melhor
no futuro,
graças a Vª, Excelência,
que com ideias
tão nobres
deputa com
veemência
em defesa dos
mais pobres.
E a que fico eu
a dever
a honra desta
visita?
- É só razões
de guita;
eu ando a sacar
dinheiro
a quem tenha
mealheiro.
- Mas não veio
ter comigo
com semelhantes
tenções?!
Não me vai
limpar o bolso
de alguns
exíguos tostões
que mal dão
para o almoço …
- Eu não quero
ouvir sermões,
o que eu quero
é o caroço,
passa para cá a
carteira.
(E ao mesmo
tempo tirava
a pistola da
algibeira!)
Eu, se quis
salvar a vida,
fiquei sem
outra saída,
tive que lha
entregar.
Deixou-me ali
depenado
e foi comer
caviar.
(Flávio Vara, A Nata do Povo, pp 76-77)
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