quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Desportivo de Chaves é a mesma vítima de há 45 anos


Por BARROSO da FONTE

O futebol Português de hoje repete os vícios de há 45 anos.
O GD de Chaves é a mesma vítima da época de 1972/1973. O último jogo em Alvalade, foi uma roubalheira de bradar aos céus. Se fosse em Chaves, o árbitro não teria mostrado o cartão vermelho que mostrou a William. Quando muito mostraria um amarelo. E, mais grave do que isso, o penálti que deu a vitória ao Sporting, só o Sr. Tiago Martins, o viu. Que ele esteve feito com a máfia desse jogo, para entrar na festa do Tiago Fernandes, adivinha-se. Mas que ele nem quis ver o Vídeo Árbitro, toda a gente percebeu. E que 97% dos inquiridos no programa da SIC, da 3ª feira seguinte, testemunharam esse «roubo de igreja», foi confirmado nesse programa televisivo. Tiago Martins nunca mais deveria arbitrar jogos desta responsabilidade, antes deveria ser julgado pelos tribunais cíveis.
Esse alfacinha, certamente não conhece o «boi do povo» - figura proeminente das Terras de Barroso, à qual Miguel Torga, proclamou o símbolo do poder másculo e fertilizador providencial da inconfundível vitela Barrosã. Se isto acontecesse em Trás-os-Montes, Tiago Martins, teria que dormir com o  boi do povo que se distingue do touro comum, por ser cabresto ou quilhudo (por ser de cobrição). Essa tradição recrutou-se nos costumes de quem busca namoro em terra alheia.
Certamente, depois deste «roubo» que fez aos Transmontanos, a vítima desceu ao último lugar. Ficou no fundo da tabela, talvez para o resto da temporada. Dava-lhe um conselho: deixe a arbitragem e procure enaltecer a sua vaidade, em trabalho vulgar. Aprenda a ser homem mas em lugares do rés- do-chão. O Sr. nem se deu ao cuidado de ver o VAR. Talvez para confirmar que  era «o dono» daquela grandeza toda. Não lhe ficava mal, porque mostrava ser humilde. Já tinha cometido um erro grave ao expulsar um atleta à equipa mais débil. Se fosse ao contrário não faria tal asneira, porque um simples cartão amarelo, já seria forçado. Mas não lhe garantiria o resultado de que o Sporting precisava. O Sr. Tiago Martins mostrou que em campos de muito público, aprecia imenso os aplausos. Gosta de palmadinhas nas costas como o boi do Povo da minha Terra. Mas até nisso o Sr  Martins não se corrige, nem  com os erros grosseiros.
O empate, para quem vive em Lisboa e gosta de cultivar os «amigos» da semana, saberia a pouco.
Nessa altura do jogo, ou aparecia um golo aos trambolhões, ou o Sporting empatava. E a sua passagem por Alvalade não «salvaria», nem os lisboetas, nem os sportinguista, nem sequer os apoiantes de Bruno de Carvalho que deixaram as cadeiras vazias. Por isso se pôs a jeito de fazer o jeito  ao Sporting. Depois deste «assalto» à equipa do Chaves que aqui defendo, ao acusar o árbitro que teve uma prestação miserável, quero que saiba que ninguém me incumbiu desta reprimenda. Só me represento a mim próprio e numa idade em que muitos já fizeram as trouxas  para a viagem final. Um conselho lhe quero deixar: a maior parte dos Lisboetas não conhece o país real. E são, habitualmente, esses engravatados que tentam espezinhar os «parolos» da Província, sempre que estes por aí aparecem a fazer-lhes sombra. Muitos desses que brincam com os «provincianos» costumam exercer essa raiva com o «poder« efémero que têm, em ocasiões como esta. As arbitragens desportivas são exímias nesse tipo punições. Mas a paciência tem limites. E um dia destes pode acontecer que um «transmontano escravizado» pelas injustiças da política, do poder económico ou de qualquer outra atividade laboral, perca as estribeiras e cause perturbações públicas. Rogo, como sempre roguei aos meus pacientes leitores que combatam esta eventualidade. Perderíamos todos a razão. E nós os Transmontanos, anteriores à geração da guerra do Ultramar, temos sido ignorados, maltratados, ofendidos, pelo facto de saberem que somos ordeiros, hospitaleiros e leais, incapazes de fazer greves, barricadas ou tumultos públicos.
A liberdade democrática, contudo, já permitiu exageros de grupos impensáveis, excessos nunca vistos e originalidades que envergonham os próprios naturais. Não esqueçam que foi por aqui que nasceu Portugal, em 868 com Vímara Peres e em 1096 com D. Teresa e o Conde D. Henriques.
Também foi por aqui (na época de 1972/73) que se deu o maior distúrbio público por causa da corrupção no futebol. Era presidente do Congresso (em 1973) o Dr. Leite Faria que teve de resolver os escândalos da Praça da Alegria, para integrar o Chaves, o Aves e Lourosa. Foi nessa época que i número de Clubes subiu de 12 para 16.
Fui processado pela FPF como dirigente do Chaves, pelo processo nº 219/Disc de 10/9/1973  e  amnistiado em 15/5/1974 no mesmo processo.
Em 2013 publiquei um volume com 150 páginas, onde reproduzo, à base dos recortes da imprensa da época esse «Caso que abalou o futebol Português». Liderei esse processo». E  nesse livro provo e comprovo as misérias da modalidade, após uma época que deu para conhecer as manhas, todos os truques e os malabarismos que melhoraram mas que teimam em favorecer os poderosos, à custa da exploração dos clubes periféricos.
Barroso da Fonte


Nota ao texto

Curiosamente, em 1972/73, o norte do País viveu quase três meses (a época do Defeso)  em estado de sítio porque o Desportivo de Chaves ganhou o campeonato nacional da 3ª Divisão. Mas Marcelo Caetano organizou um congresso da ANP em Aveiro. E para compensação aos Aveirenses, fez com que o clube de Lourosa (que estava na 3ª divisão) ganhasse na Secretaria dois jogos que tinha perdido no campo, com o Valpaços e sob a alegação de que os Valpacenses tinham jogado com 2 atletas mal inscritos. Graças a esses pontos o Chaves perdia o campeonato e passava para 2ª lugar. O Desportivo das Aves que ficara em 2º lugar descia para 3º. O Lourosa que ficara em 3º passava para 1º.
Os 2 clubes lesados saíram à Rua e a Polícia de Choque veio do Porto para controlar os distúrbios. Teve pela Frente os Militares de Chaves e até prenderam um Juiz que na manhã seguinte julgou os polícias. Só a 15 dias do início do campeonato o conflito Desportivo  foi resolvido por via do Alargamento. Por ter sido João Barroso da Fonte o vice-Presidente do Chaves e ser jornalista,  a FPF processou-o. E meses depois foi amnistiado.
Em 2013 João Barroso da Fonte reuniu tudo em livro, com os recortes dos jornais diários fac-similados.
O árbitro deste Jogo Sporting- Chaves passou uma rasteira ao Clube Transmontano. 
Assim, o Doutor Barroso da Fonte, entendeu lavrar este protesto que me enviou, com 3 anexos para usar como bem entender.

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