terça-feira, 31 de julho de 2018

Adenda para a História de Portugal


                                                                               
(Texto enviado para as Efemérides da Biblioteca Municipal da Câmara do Porto)
 
BARROSO da FONTE
   Ao C/ do Coordenador Adriano Silva:

Em 2009 houve uma precipitação histórica por parte das Câmaras de Viseu e de Guimarães. Ambas quiseram celebrar os 900 nessa data. Havia eleições. Ora, o ano que a tradição consagrou, enquanto não houver provas definitivas em contrário, é o de 1111.
Ao longo dos últimos oito anos, um grupo de cidadãos tem vindo a comemorar o 25 de Julho, no dia correto e tradicionalmente aceite, como o verdadeiro dia do nascimento do Rei Fundador.
Em 2018, com o novo Presidente da Câmara da Cidade Berço, a autarquia retomou aquela tradição, mal antecipada em 2009. Desta forma voltamos, todos, a celebrar, anualmente, o 25 de Julho de 1111, como ano provável do seu nascimento de D. Afonso Henriques.
Já em 1911, em Guimarães, se comemoravam os 800 anos, bastando ver os cartazes das Festas Gualterianas, as fotos e os relatos dos jornais e revistas.
Esta noite (24 de Julho de 2018), numa conferência alusiva aos 907 anos do nascimento do Rei Fundador, vamos trocar dúvidas e certezas, até agora inéditas. Falaremos sobretudo do «Aparato Histórico», essa Tese de doutoramento da autoria do Teólogo vimaranense José Pinto Pereira, que esteve 29 anos em Roma. Já na altura pairavam as mesmas dúvidas e incertezas. Ele deu-se ao cuidado de analisar, uma a uma, dez dessas grandes dúvidas que ainda hoje se contam. Em dez dessas questões ou indícios de santidade, o Teólogo José Pinto Pereira, encontrou verdades científicas que lhe permitiram concluir que o nosso primeiro Rei foi: «Pio, Beato e Santo».
Por razões só agora encontradas, se soube que foi D. João V que se irritou com o Papa Bento XIII, a ponto de cortar relações com a Santa Sé. Esse conflito diplomático, que ainda tinha gérmenes da Restauração de 1640, levou anos a cicatrizar. O rei «Freirático», apesar de «Fidelíssimo» e de «Magnânimo», e de remeter para o Vaticano a maior parte dos dinheiros, ouro e outros bens preciosos que vinham, principalmente, do Brasil e que tanta falta faziam ao país que governou durante cerca de 42 anos, empobreceu a sociedade Portuguesa. Ao cortar relações com a Santa Sé, anulou todo o crédito acumulado e espantou a oportunidade de beatificar a Causa da Santidade do nosso I Rei, que já pairava no ar desde a Batalha de Ourique e outras causas que aquele «Aparato Histórico» viria a confirmar. Nesse livro se desfazem muitas dúvidas acerca do local de nascimento e de outras que esta tese veio vivem anestesiados depois de alguns deles se terem comprometido com a teoria de Viseu. A Academia de História, em vez de reagir, positivamente, às encrencas que gerou,fechou os olhos e nem eleições se fazem há décadas. Ou então,fazem-se, segundo métodos secretos, como em várias outras associações de orientação «única».
O «aparato histórico», enquanto tese, foi considerada documento instrutório para o processo da «causa dos santos». Mas nesse mesmo ano, o Rei Português D. João V cortou relações com a Santa Sé, por causa do Papa Bento XIII não promover nem nomear o Cardeal Bichi para Núncio Apostólico em Lisboa. Uma cisão forte entre os Reis de Espanha, da Alemanha e da Suíça, apoiados por Bento XIII, opuseram-se à vontade do nosso Rei D. João V que, nos seus 42 anos de reinado, nunca deixou de contribuir, com os dinheiros vindo do Brasil, para a sustentação da Santa Sé. Aqueles monarcas eram apoiantes do Cardeal Polignac, que, ao contrário de Bichi, era mais religioso e mais obediente aos princípios da decência e da Religião Católica. Perante a recusa do Papa em nomear Vicente Bichi, D. João V extinguiu a Nunciatura e cortou relações com a Santa Sé. Elevado a Magnânimo e Fidelíssimo, o rei Freirático, com esse seu gesto, contribuiu para que o processo de canonização de D. Afonso Henriques fosse suspenso e o «Aparato Histórico», que aí fora editado em julho de 1728, fosse impedido de circular.
Só em 2011, com a publicação do livro: D. Afonso Henriques 1111-2011 - novecentos anos do seu nascimento foi possível descobrir esse Aparato Histórico que, em 2013, foi traduzido para Português, pelo Doutor Américo Augusto Ferreira. Essa reedição foi apresentada no dia 24 de Junho de 2014.
Para explicar todo este percurso, convidou-me a Fundação Lusíada a coordenar A Saga da Santidade de D. Afonso Henriques que teve a colaboração do seu Presidente, Doutor Abel de Lacerda Botelho, do Dr. Narciso Machado e do tradutor Doutor Américo Augusto Ferreira.

Guimarães, 25 de Julho de 2018, dia em que se completaram 907 anos do seu nascimento, à luz da tradição.

                   Barroso da Fonte

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