(Texto enviado para as Efemérides da Biblioteca Municipal da Câmara do
Porto)
BARROSO da FONTE |
Ao C/ do Coordenador
Adriano Silva:
Em 2009 houve uma
precipitação histórica por parte das Câmaras de Viseu e de Guimarães. Ambas
quiseram celebrar os 900 nessa data. Havia eleições. Ora, o ano que a tradição
consagrou, enquanto não houver provas definitivas em contrário, é o de 1111.
Ao longo dos últimos oito
anos, um grupo de cidadãos tem vindo a comemorar o 25 de Julho, no dia correto
e tradicionalmente aceite, como o verdadeiro dia do nascimento do Rei Fundador.
Em 2018, com o novo Presidente
da Câmara da Cidade Berço, a autarquia retomou aquela tradição, mal antecipada
em 2009. Desta forma voltamos, todos, a celebrar, anualmente, o 25 de Julho de
1111, como ano provável do seu nascimento de D. Afonso Henriques.
Já em 1911, em Guimarães, se
comemoravam os 800 anos, bastando ver os cartazes das Festas Gualterianas, as
fotos e os relatos dos jornais e revistas.
Esta noite (24 de Julho de
2018), numa conferência alusiva aos 907 anos do nascimento do Rei Fundador,
vamos trocar dúvidas e certezas, até agora inéditas. Falaremos sobretudo do
«Aparato Histórico», essa Tese de doutoramento da autoria do Teólogo
vimaranense José Pinto Pereira, que esteve 29 anos em Roma. Já na altura
pairavam as mesmas dúvidas e incertezas. Ele deu-se ao cuidado de analisar, uma
a uma, dez dessas grandes dúvidas que ainda hoje se contam. Em dez dessas
questões ou indícios de santidade, o Teólogo José Pinto Pereira, encontrou
verdades científicas que lhe permitiram concluir que o nosso primeiro Rei foi:
«Pio, Beato e Santo».
Por razões só agora
encontradas, se soube que foi D. João V que se irritou com o Papa Bento XIII, a
ponto de cortar relações com a Santa Sé. Esse conflito diplomático, que ainda
tinha gérmenes da Restauração de 1640, levou anos a cicatrizar. O rei «Freirático»,
apesar de «Fidelíssimo» e de «Magnânimo», e de remeter para o Vaticano a maior
parte dos dinheiros, ouro e outros bens preciosos que vinham, principalmente,
do Brasil e que tanta falta faziam ao país que governou durante cerca de 42
anos, empobreceu a sociedade Portuguesa. Ao cortar relações com a Santa Sé,
anulou todo o crédito acumulado e espantou a oportunidade de beatificar a Causa
da Santidade do nosso I Rei, que já pairava no ar desde a Batalha de Ourique e
outras causas que aquele «Aparato Histórico» viria a confirmar. Nesse livro se
desfazem muitas dúvidas acerca do local de nascimento e de outras que esta tese
veio vivem anestesiados depois de alguns deles se terem comprometido com a
teoria de Viseu. A Academia de História, em vez de reagir, positivamente, às
encrencas que gerou,fechou os olhos e nem eleições se fazem há décadas. Ou
então,fazem-se, segundo métodos secretos, como em várias outras associações de
orientação «única».
O «aparato histórico»,
enquanto tese, foi considerada documento instrutório para o processo da «causa
dos santos». Mas nesse mesmo ano, o Rei Português D. João V cortou relações com
a Santa Sé, por causa do Papa Bento XIII não promover nem nomear o Cardeal
Bichi para Núncio Apostólico em Lisboa. Uma cisão forte entre os Reis de
Espanha, da Alemanha e da Suíça, apoiados por Bento XIII, opuseram-se à vontade
do nosso Rei D. João V que, nos seus 42 anos de reinado, nunca deixou de
contribuir, com os dinheiros vindo do Brasil, para a sustentação da Santa Sé.
Aqueles monarcas eram apoiantes do Cardeal Polignac, que, ao contrário de
Bichi, era mais religioso e mais obediente aos princípios da decência e da
Religião Católica. Perante a recusa do Papa em nomear Vicente Bichi, D. João V
extinguiu a Nunciatura e cortou relações com a Santa Sé. Elevado a Magnânimo
e Fidelíssimo, o rei Freirático, com esse seu gesto,
contribuiu para que o processo de canonização de D. Afonso Henriques fosse
suspenso e o «Aparato Histórico», que aí fora editado em julho de 1728, fosse
impedido de circular.
Só em 2011, com a publicação
do livro: D. Afonso Henriques 1111-2011 - novecentos anos do seu nascimento
foi possível descobrir esse Aparato Histórico que, em 2013, foi
traduzido para Português, pelo Doutor Américo Augusto Ferreira. Essa reedição
foi apresentada no dia 24 de Junho de 2014.
Para explicar todo este
percurso, convidou-me a Fundação Lusíada a coordenar A Saga da Santidade de
D. Afonso Henriques que teve a colaboração do seu Presidente, Doutor Abel
de Lacerda Botelho, do Dr. Narciso Machado e do tradutor Doutor Américo Augusto
Ferreira.
Guimarães, 25 de Julho de 2018, dia em que se completaram 907 anos do
seu nascimento, à luz da tradição.
Barroso da
Fonte
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