Reciclem este Primeiro-Ministro!

JORGE LAGE

Dói ver um Primeiro Ministro espertalhaço tão ignorante em certas matérias.

Reciclem este Primeiro-Ministro!

Não é para menos! Claro que não tenho simpatia pelo Primeiro-Ministro. O risinho constante dele a querer dizer que nós somos uns parvos e ele o sabichão, irrita-me. Sabichão a fazer lembrar um outro que nunca tinha dúvidas.

Bem! Já ouvi há anos a um engenheiro florestal do Barroso, dizer que os proprietários dos terrenos tinham de cortar as árvores todas em volta das casas.

Saí-lhe à estacada, no então jornal Notícias de Chaves e o homem acomodou-se.

Ontem dia oito de Fevereiro, do ano da graça 2018, o ignorante do Primeiro-Ministro disse e enfatizou (a burrice é gratuita) que todos os proprietários tinham de cortar as árvores que estivesse a menos de 50 metros das suas casas e a menos de 100 metros das povoações.

Para o Primeiro Ministro dizer tamanha atoarda e não a corrigir, temo que o Ministro da Agricultura, o Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e Floresta e até o Chefe do ICNF não tenham os conhecimentos básicos para lhe corrigir o tiro de pólvora seca.

Perante este dislate, parece-me que há muita gente a precisar de reciclagem em matéria de incêndios florestais a começar no Primeiro-Ministro.

Eu explico a olho desarmado e sem demais consultas sustentadas que podiam passar por um bom naipe de doutos Professores da Universidade de Coimbra encabeçados pelo Professor Jorge Paiva.

O Primeiro Ministro devia dizer que era preciso abater as árvores resinosas que estivessem a menos de 50 metros das casas e outras construções. Mas, cuidado! Um pinheiro isolado e cuidado ou um eucalipto perto de uma casa não são uma ameaça, nem de longe nem de perto.

Devia dizer, ainda, que todos os arbustos e ervas deviam ser limpos. Penso que as cabras e em menor escala as ovelhas são óptimos agentes de limpeza dos terrenos. Podem consultar o meu pequeno texto, «"Sapadoras florestai", em Mirandela, previnem os incêndios florestais só pela comida» - jornal Notícias de Mirandela de 31AGO2017.

Era bom que o Primeiro-Ministro e outros governantes aprendessem que, por exemplo as árvores ripícolas, como o amieiro, o freixo, o cházeiro e outras não propagam o fogo, pelo contrário, são uma barreira à propagação do fogo. Não propagam, também, o fogo os sobreiros, as azinheiras e os carvalhos, entre outras, desde que estejam bem podadas e, sobretudo, os terrenos em que habitam estejam limpos de vegetação problemática.

Queria que a loucura ou ignorância de alguns governantes e grupos que os apoiam, incluindo os ligados aos poderosos lóbis,florestal e dos incêndios, fosse corrigida e refreada.

Queria ainda que o maior eucalipto do país (maior no seu PAP), classificado de «árvore de interesse público» e uma atracção turística, situado na Gandarela - Celorico de Basto seja poupado ao abate, porque Portugal fica mais pobre e não fica mais seguro em matéria de incêndios.

Queria que outras árvores centenárias que estão espalhadas pelos povoados ou muito perto deles sejam poupadas, como a famosíssima «Castanheira de Lagarelhos», em Vinhais.

Queria que os homens fossem sensatos e soubessem mais sobre as nossas árvores. Por exemplo uma árvore em frente a uma casa, poupa ao dono no Verão 20% da energia em ar condicionado, relativamente a outra em terreno descoberto.

Queria que todos aprendessem que as árvores desde que sabiamente tratadas e ordenadas não são uma ameaça ao homem. São isso sim, um contributo ou factor de qualidade de vida e bem estar. Os nossos antepassados divinizaram-nas tenhamos por elas o respeito que nos eleva e dignifica.

Por isso, renovo a sugestão de uma reciclagem aos governantes e grupos de influência.