Os
habitantes de Londres precisam desesperadamente do jeitinho e do brio dos
trabalhadores portugueses. Perdoam-lhes tudo menos voltar de vez para Portugal.
Os
portugueses em Londres podem ser poucos mas são unidos. Todos os portugueses
pertencem automaticamente à Máfia Lusa, uma organização fraterna que protege os
seus.
Graças a um
António arranjei um quarto óptimo num bom hotel por um preço quase português.
Ele não só me explicou como se fazia – paga-se adiantadamente com antecedência,
para fixar as tarifas mais baixas – como me deu dicas valiosas para entrar em
contacto com outros membros da Máfia Lusa.
No Fortnum’s
tivemos a sorte de conhecer um dos grandes padrinhos da Máfia Lusa: chama-se
Miguel, está cá há 12 anos e ainda não descobri uma única coisa que ele não
saiba. Sabe tudo sobre gastronomia inglesa, vinhos e a boa vida. É uma daquelas
pessoas generosas que partilha o que aprendeu ao longo dos anos. Graças a ele a
nossa estada cá tem sido uma festa permanente.
Para
organizar um dia de São Valentim em condições tive de recorrer ao Octopus – o
Famoso polvo da Máfia Lusa que tem contactos em todo o tecido social britânico.
Graças à
Sónia, cabecilha duma célula armada de barbeiros e cabeleireiros, pudemos pôr
em prática um sofisticado plano de celebrações românticas que dependeu duma
vasta rede de cordelinhos, favores, descontos de amigo, recomendações
irrecusáveis e outras portuguesíssimas especialidades.
A Máfia Lusa
pode operar descaradamente em Londres porque os habitantes precisam
desesperadamente do jeitinho e do brio dos trabalhadores portugueses.
Perdoam-lhes tudo menos voltar de vez para Portugal. Para a Máfia Lusa nem o
Brexit existe.
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