Em 2007 a Roma
Editora lançou cá para fora “A Bem Soada Gente”, de Flávio Vara, natural de Rio
Frio – Vimioso. Este transmontano de
rija têmpera é um escritor primoroso. Mordaz, perspicaz e erudito, Flávio Vara
zurze em gente sonante da nossa praça, sem apelo nem agravo. Fê-lo em 2007 à
gente que compunha o bando que patrulhava o país. Satírico, Flávio é ousado na
denúncia dos disparates que todos os dias acompanham o banquete da aldeia lusa. Aí têm Literatura a sério, neste pequeno livro que retrata uma realidade passada (e presente), do qual, entre tantas (ou todas) seleccionámos esta pérola:
Ei-la a dona
Mariazinha,
Ar de pãozinho sem
sal;
Para moça de
cozinha
Só lhe falta o
avental.
Começou por nos
brindar
Com uma das suas
flores,
Ao excluir da
República
A Madeira e os
Açores.
Depois a
substituição
Das aulas por umas
graças
Foi genial
invenção
Que nem lembrava
ao caraças.
Mas inda pior do
que essa,
Mais gratuita e
irresponsável,
Que mostra que
está possessa
Ou que é
inimputável,
Foi aquele sem
asserto,
Decerto
demonológico,
Que banir os
crucifixos
É um acto
pedagógico
Totalmente
“capturada”
De uma sádica
vesânia,
Insensível,
obstinada,
Dá largas à sua
insânia.
Ela fez dos
professores
Inimigo principal
Pra descarregar
sobre eles
Sua osga figadal.
E não contente com
isso,
Sem réstia de
pudicícia,
Quer que os papás
dos fedelhos
Colaborem na
sevícia.
Mas qual foi a
intenção
De porem como
ministra
Uma tal aberração
Entre o sonsa e o
sinistra?
Ó povo, toma
cuidado
Para que não te
distraias,
Que o demo anda
disfarçado
E até se veste de
saias!
(pp. 31-32)
De nada serviram os avisos de Flávio Vara e de outros
tantos. A aldeia lusa, mesmo avisada, repete o erro constantemente que,
naturalmente, a leva com frequência à BANCARROTA!
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