Há mais de meio século, se a memória nos não falha, Sir Karl
Raimund Popper, observava
que o mais belo texto alguma vez redigido seria aquele que se refere aos Dez Mandamentos. Nós
acrescentamos o “Sermão
da Montanha”. Mas o filosofo tinha em apreço a Apologia de Sócrates,
aquele singular texto que trata da defesa de Sócrates, escrita pelo seu
discípulo Platão.
Na verdade, na Grécia
Antiga queremos destacar um texto igualmente belo e que terá sido o alicerce da
democracia moderna – o Elogio Fúnebre de Péricles, transcrito por
Tucídides na Guerra do Peleponeso [convém
aqui fazer uma ressalva. Os próprios gregos se admiraram com os aspectos
democráticos dos Persas, e isso está relatado na Anabáse de Xenofonte]. Desta grandeza destacamos, na época moderna, “Recordações da Casa dos Mortos “, de
Dostoievski e o texto da Declaração
da Independência dos Estados Unidos da América. Que nos perdoem Homero, Confúcio ou Shakespeare por desta vez os não citarmos.
É, pois, através da
cultura que a Grécia Antiga se tornou, durante 50 anos, a inveja de todo o
mundo civilizado. Péricles, depois de devastada pelos Persas, reconstruiu
Atenas com obras de arte jamais concebidas, como o Partenon, contratando os
melhores arquitectos e artistas de então – Calícrates e Ictinos. É ainda nesse
tempo que se desenvolvem as tragédias de Ésquilo, Sófocles ou Eurípides.
Os próprios Romanos, se
devem o seu Império à sua engenharia e à sua máquina de guerra, a sua
civilização devem-na à cultura. Cícero, Virgilio, Horário, são três de entre tantos.
É claro que se poderia ir
muito mais além, fazendo referência a civilizações como a Suméria e a Urukagina.
Outro exemplo, com as
características das civilizações anteriormente citadas, é o caso de Hangzhou,
a capital chinesa da Dinastia Song, que se estendeu entre 969 e 1276 d. C.
E para finalizarmos estes
exemplos de cultura, citemos Florença, local onde nasceu o Renascimento, talvez
a época mais rica da Humanidade. Sem o dinheiro dos Médices (Mecenato), não
teriam existido Ângelo, Leonardo ou Rafael. Mas sem estes não teria havido
Renascimento. Sem estes e Pico de la Mirandola, e o seu Discurso sobre a Dignidade humana.
É isto, por trás de um
momento histórico de relevância, encontramos sempre um momento cultural. E o que dia 19 se passou na Casa de
Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, na Ceia de Natal,
foi um momento cultural em torno, neste caso, da escrita de um livro – Outros
Falares.
Aí fomos encontrar amigos
como o “casal” que sempre encontramos nestes eventos: A Drª Graça e Costa Pereira
(ambos de Mondim de Basto). Costa Pereira, estimado colaborador
de “Tempo Caminhado”, reportou o acontecimento à moda mondinense como só ele
sabe fazer. Transmontanos
ilustres como Barroso da Fonte,
não puderam comparecer, mas a devido tempo, esse notável Barrosão deixou
comentário neste blogue.
Os que nos transformaram
naquilo que hoje somos, sempre nos disseram que a um Amigo se nada nega. Como
poderíamos negar a nossa presença a Jorge Lage e a Hirondino Isaías? Ainda por
cima ladeados por Jorge Golias?
Lá estivemos, com as três
salas cheias como há vários anos se não viam, dissertando sobre cultura e,
sobretudo, sobre “Outros Falares” de Jorge Lage, que nos serviram, em passado
recente, para rebater argumento sobre Literatura Russa. Armando
Palavras
Sem comentários:
Enviar um comentário