domingo, 24 de dezembro de 2017

Uma Ceia de NATAL coberta com manta de cultura transmontana


Há mais de meio século, se a memória nos não falha,  Sir Karl Raimund Popper, observava que o mais belo texto alguma vez redigido seria aquele que se refere aos Dez Mandamentos. Nós acrescentamos o Sermão da Montanha”. Mas o filosofo tinha em apreço a Apologia de Sócrates, aquele singular texto que trata da defesa de Sócrates, escrita pelo seu discípulo Platão.
Na verdade, na Grécia Antiga queremos destacar um texto igualmente belo e que terá sido o alicerce da democracia moderna – o Elogio Fúnebre de Péricles, transcrito por Tucídides na Guerra do Peleponeso [convém aqui fazer uma ressalva. Os próprios gregos se admiraram com os aspectos democráticos dos Persas, e isso está relatado na Anabáse de Xenofonte]. Desta grandeza destacamos, na época moderna, Recordações da Casa dos Mortos “, de Dostoievski e o texto da Declaração da Independência dos Estados Unidos da América. Que nos perdoem Homero, Confúcio ou Shakespeare por desta vez os não citarmos.
É, pois, através da cultura que a Grécia Antiga se tornou, durante 50 anos, a inveja de todo o mundo civilizado. Péricles, depois de devastada pelos Persas, reconstruiu Atenas com obras de arte jamais concebidas, como o Partenon, contratando os melhores arquitectos e artistas de então – Calícrates e Ictinos. É ainda nesse tempo que se desenvolvem as tragédias de Ésquilo, Sófocles ou Eurípides.
Os próprios Romanos, se devem o seu Império à sua engenharia e à sua máquina de guerra, a sua civilização devem-na à cultura. Cícero, Virgilio, Horário, são três de entre tantos.
É claro que se poderia ir muito mais além, fazendo referência a civilizações como a Suméria e a  Urukagina.
Outro exemplo, com as características das civilizações anteriormente citadas, é o caso de Hangzhou, a capital chinesa da Dinastia Song, que se estendeu entre 969 e 1276 d. C.
E para finalizarmos estes exemplos de cultura, citemos Florença, local onde nasceu o Renascimento, talvez a época mais rica da Humanidade. Sem o dinheiro dos Médices (Mecenato), não teriam existido Ângelo, Leonardo ou Rafael. Mas sem estes não teria havido Renascimento. Sem estes e Pico de la Mirandola, e o seu Discurso sobre a Dignidade humana.
É isto, por trás de um momento histórico de relevância, encontramos sempre um momento cultural. E o que dia 19 se passou na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, na Ceia de Natal, foi um momento cultural em torno, neste caso, da escrita de um livro – Outros Falares.
Aí fomos encontrar amigos como o “casal” que sempre encontramos nestes eventos: A Drª Graça e Costa Pereira (ambos de Mondim de Basto). Costa Pereira, estimado colaborador de “Tempo Caminhado”, reportou o acontecimento à moda mondinense como só ele sabe fazer. Transmontanos ilustres como Barroso da Fonte, não puderam comparecer, mas a devido tempo, esse notável Barrosão deixou comentário neste blogue.
JORGE LAGE
Os que nos transformaram naquilo que hoje somos, sempre nos disseram que a um Amigo se nada nega. Como poderíamos negar a nossa presença a Jorge Lage e a Hirondino Isaías? Ainda por cima ladeados por Jorge Golias?
Lá estivemos, com as três salas cheias como há vários anos se não viam, dissertando sobre cultura e, sobretudo, sobre “Outros Falares” de Jorge Lage, que nos serviram, em passado recente, para rebater argumento sobre Literatura Russa.       Armando Palavras

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